segunda-feira, 28 de outubro de 2019
8 meses atrás...
As ruas de Canavale
estavam vazias, exceto pelo andar apressado dos carros. Não se viam pedestres
pelas calçadas e até mesmo as lojas fecharam mais cedo naquele dia, a maioria
delas não havia tido sequer um cliente o dia todo. Havia sido assim nos últimos
meses, com a ameaça de uma doença misteriosa que vinha assolando a região,
poucas pessoas se atreviam a deixar a segurança de suas casas para enfrentar as
ruas cada vez mais frias com a chegada do inverno.
O único lugar que
ainda possuía certo movimento na cidade era o porto, que ainda mantinha um razoável
transporte de mercadorias para essa e outras regiões. O preço das passagens já
haviam caído várias vezes numa tentativa de ainda manter o fluxo de pessoas
pela região. Poucos vinham para Sinnoh naqueles tempos, mas muitos decidiam
sair.
Era próximo daquele
porto que uma jovem de pele e cabelos negros andava. Sua pele estava pálida e
ressecada, bem como os lábios que chegavam a formar feridas. Ela vestia apenas
um agasalho desbotado e gasto e grandes botas que claramente eram maiores que
seus pés para proteger-se do frio. O queixo da menina batia e sua respiração
condensava-se em sua frente à medida que ela caminhava e observava os navios do
porto. Precisava chegar à Snowpoint, soubera que lá eles estavam empregando
pessoas e necessitava mais do que tudo de dinheiro naquele momento.
Caminhou
algum tempo pelo porto feito de concreto até perceber que provavelmente nenhum
dos donos daquelas grandes embarcações estariam ali e sim, no mercado local,
onde eram feitas a maioria das negociações daquela parte da cidade. Mudou sua
rota passando entre os armazéns cinzentos com seus tetos cobertos de neve. Seus
passos eram vacilantes e trôpegos, era difícil caminhar com aquelas botas, por
mais meias que colocasse. Se não bastasse, sentia seus pés enrijecidos pelo
frio.
O
mercado não estava muito longe dali e antes de virar a esquina para vê-lo, o
barulho intenso de pessoas gritando anunciando seus produtos chegou ao seu
ouvido. Construído com o objetivo de abarcar o maior número de mercadores
possível, não possuía paredes, apenas tetos marrons construído com algum metal
econômico. Não era um local bonito, a maioria dos produtos estava espalhada
sobre bancadas construídas sobre caixotes velho com pouca ou nenhuma higiene ou
segurança. A maioria dos produtos vendidos ali eram frutos do mar e temperos,
muito diferente do que fora a meses atrás, quando a região era conhecida por
ter o maior ou um dos maiores comércios da região.
Sentiu-se
receosa em se aproximar, a maioria dos vendedores não possuía uma aparência
simpática. Ela, com seu trajar evideciando que não tinha dinheiro, provocaria
ainda menos simpatia. Deu passos pequenos e vacilantes enquanto observava as
pessoas ali, procurando em meio aos rostos desconhecidos algum sinal amigável
de que um pedido de ajuda fosse bem recebido.
Uma senhora um pouco acima do peso, de pele branca e cabelos cheios foi
a escolhida como seu alvo de aproximação.
–
Com licença, senhora – Sua voz saiu áspera para os próprios ouvidos, fazia já
algum tempo que não conversava com ninguém.
A mulher virou o rosto para ela e fez uma cara
nada simpática, encarando-a com o mesmo olhar que se daria a um cachorro fedido
que chegava muito perto.
– Não tenho nada para dar a você. Vá embora
daqui – pronunciou a mulher em tom rude.
– Desculpe senhora, eu não vim lhe pedir nada.
Apenas gostaria de saber se você poderia informar onde ficam os barqueiros que
estão aqui no porto.
A mulher desviou o olhar da negra e apontou
para a rua que seguia direto pelo mercado, depois voltou o olhar para a banca
em sua frente sem dizer sequer uma palavra. A menina agradeceu educadamente,
não recebendo sequer um olhar em resposta enquanto seguia em frente.
Enquanto andava, refletia sobre o que os tempos
difíceis fazia com as pessoas. A gripe negra era uma doença cruel, passava como
guilhotina nos laços construídos. Separava casais, famílias, amigos e tudo de
bom que a pessoa fora ou fizera simplesmente se reduzia a pedaço de carne
apodrecido no chão. Ela despertava o pior dentro da gente e a única coisa que
restava no ser humano era a luta desesperada pela sobrevivência.
Procurava com o olhar o que havia sido apontado
pela vendedora, até avisar no final da rua uma taverna de aspecto lúgubre onde
alguns homens bebiam e conversavam animadamente. A maioria deles vestiam roupas
brancas típicas de marinheiros, e, embora estas estivessem um pouco encardidas
pelo uso contínuo, ela acreditava que eles ainda exercessem suas funções.
Ela sentiu medo em se aproximar, estar no meio
de tantos homens a deixaria vulnerável. No entanto, não via alternativas em sua
frente. A fome guardada e reprimida em seu estômago já se transformara em uma
pedra gelada e dolorida. Decidiu aproximar-se sorrateiramente à beira das casas
para avaliar o que via com o olhar. Coisa que talvez tivesse dado certo se as
botas grandes não tivessem se prendido em um vão no meio da rua, fazendo-a
tropeçar e ir ao chão.
Sentiu as pernas trêmulas ao levantar-se, no
entanto, diferente do que estava esperando, a atenção dos homens não se voltara
para ela. Algo parecia estar acontecendo do lado de fora do bar. A concentração
de pessoas que antes estivera sentada e seus lugares agora se amontoavam do
lado de fora vendo algo que acontecia sob as calçadas de pedra rústica.
Por um canto, à beira da parede pintada de cor
amarelo limão, ela viu uma cena exótica. Um senhor alto e magro de meia idade,
vestido com roupas rubras que seriam elegantes se estivessem no século passado.
Com um bastão negro que também devia servir-lhe de bengala comandava uma trupe
de pokémons desajeitados que saltavam de um lado para o outro fazendo
acrobacias. No chão, um Farfetch’d simulava ser uma espécie de domador,
castigando aqueles que errassem com golpes do talo que carregava em uma das
asas. Ela conhecia aqueles criaturas saltitantes, eram Azurills, já havia visto
alguns nascerem no Day Care de sua família.
O que era para ser um espetáculo coordenado a
princípio, aos poucos se tornava um show barato de comédia. Sem conseguir
manter o ritmo, aos poucos um ou outro Azurill caia no chão e era atingido pelo
pássaro. Porém, quanto mais eram atingidos, mas desengonçados os Pokémon
ficavam e erravam cada vez mais. O fato dos pokémons estarem com seus rostos
pintados como um palhaço deixavam a cena mais bizarra, se é que era possível.
Ela
se afastou daquele círculo de pessoas. A cena estava lhe causando enjoos, não
suportava ver aquele tipo de maldade ser cometida contra pokémons. Pensou em
dar mais uma olhada dentro do bar agora que este se encontrava mais tranquilo,
no entanto, antes de entrar sentiu uma mão áspera segurando-lhe no ombro e
puxando-a para trás.
Aquele
que puxara não era uma figura nada bonita, ao contrário, a lhe causou arrepios
de asco e uma vontade incontrolável de puxar seu braço e correr para longe
dali. Possuía uma grande barba crespa já quase toda branca e um sorriso de
dentes amarelados. A cabeça estava coberta por um lenço azul imundo, mesmo
estado que o resto de suas roupas. Exalava um cheiro de bebida misturado a suor
acumulado por dias.
–
Me solte – Ela ordenou enquanto puxava o braço magro, mas o aperto do homem não
cedeu, pelo contrario, ficando mais forte a ponto de quase machucá-la.
–
Está perdida, garotinha? Precisa de ajuda para chegar em casa? – perguntou com
voz rouca.
–
Me solte ou eu vou gritar... – Juliana
tentou soar o mais ríspida que conseguiu, porém o desespero ainda era audível
entre as notas de sua voz.
–
E quem irá te ajudar? Se você está em um lugar como esse, é porque não tem mais
ninguém – deu uma risada seca – Venha comigo. Levarei-te até minha casa e
cuidarei de você.
Os
olhos dela encheram-se de lágrimas devido ao medo, sabia que estava sozinha e
indefesa. Sabia que ninguém apareceria para ajudá-la. Estar naquela situação,
com fome, frio e presa por alguém bem mais forte que ela a fazia se sentir mais
vulnerável ainda. Seu interior revirava-se numa mistura de terror, vergonha e
desespero.
–
Louise! Você está aqui. – Uma voz fez-se ouvir atrás dela, fazendo o bêbado
erguer o olhar – O que está fazendo com minha sobrinha, Edson?
–
R-Roberto, essa é sua sobrinha? -
Perguntou o homem, em sua voz era audível o medo por trás da surpresa.
–
Sim, ela é. É melhor você sair daqui e ir procurar o que fazer.
O
homem apenas confirmou com a cabeça rapidamente e saiu dali, soltando o braço
da negra que àquela altura já estava dolorido. Ela virou-se para ver quem a
ajudara, não o tinha feito até então para que sua expressão não denunciasse que
não o conhecia.
Em
sua frente havia um homem muito alto, seu rosto exibia o cansaço acumulado por
anos. Os olhos castanhos e frios encaravam-na, mas ao mesmo tempo passavam por
ela, como se estivessem perdidos em uma época distante. Os cabelos negros e a
barba farta cobriam-lhe quase todo o rosto.
–
O-Obrigada... – murmurou ela em tom de agradecimento. Apesar de tê-la ajudado,
seu instinto de sobrevivência recusava-se com todas as forças a confiar em um
desconhecido.
–
Não deveria estar aqui - Disse ele, como
se não tivesse escutado uma palavra do que ela dissera.
–
Eu não tenho para onde ir...
–
Isso não importa. Canavele não é mais um lugar onde as pessoas deveriam vir.
Não importa o quanto tentem restaurá-la, tudo o que resta aqui são fantasmas e
o lamuriar eterno daqueles que perderam tudo que um dia tiveram. Essa cidade é
um cemitério de almas esquecidas.
Após
pronunciar as palavras simplesmente continuou seu caminho, a cabeça e os ombros
baixos pareciam carregar um enorme fardo invisível. Aquela altura, o treinador
exótico já recolhia seus pokémons e catava os trocados que foram-lhe dados pela
apresentação. Ela teve medo que a atenção dos outros ali se voltassem para ela,
por isso correu atrás do tal homem chamado de Roberto.
–
Senhor... Desculpe-me incomodá-lo outra vez, mas preciso chegar a Snowpoint –
Ela falava ofegante enquanto tentava alcançar o ritmo dele – Você conhece algum
barco que vá naquela direção?
–
Nada que você poderá pagar...
–
Por favor, senhor...
Ele
finalmente parou de andar e virou-se para ela. Analisando-a com o olhar, talvez
fosse a primeira vez que vira os olhos dele realmente focados nela.
–
Qual o seu nome?
–
É Juliana...
–
Onde estão seus pais? – Ela encarou o chão. Vendo que não iria obter uma resposta,
Roberto prosseguiu – Duas vezes na semana um barco de cargas sai daqui e vai
para Snowpoint comercializar com os mercadores da cidade. Às vezes, por um alto custo, eles também levam
pessoas, mas não recomendo você ir com eles. Tipos como aquele que mexeram com
você trabalham aos montes lá.
Juliana
apenas assentiu com a cabeça, ouvindo atentamente o que lhe era dito.
–
Daqui cinco dias farei uma viagem rápida a Jubilife. Lá você poderá pedir às
autoridades locais que lhe arrumem um transporte para Eterna. É para onde vão
as crianças órfãs – a ultima palavra teve certo peso sobre a garota, cujas mãos
se fecharam inconscientemente.
–
Entendi.
–
Se quiser minha ajuda, esteja no porto ao amanhecer do quinto dia. Se
atrasar-se, a deixarei para trás – Com essa última frase, o Roberto recomeçou a
andar.
–
Obrigada! – A negra agradeceu, mas não teve certeza se ele ouviu.
***
A
noite estava ainda mais fria naquele dia, se é que ainda era possível. Por
sorte, naquela noite não havia nevado, fazendo com que ela conseguisse se
manter escondida nas sombras de um velho galpão a beira do cais. Comprimia o
corpo magro contra a parede enquanto esfregava as próprias mãos numa tentativa
de esquentá-las.
Ficara
a tarde toda à espreita pelo porto, tentando descobrir qual era o barco
mencionado por Roberto. Se tivesse sorte, talvez ele saísse hoje ou no dia
seguinte. Ela não poderia ficar mais cinco dias na cidade, o pouco dinheiro que
ainda restava para se alimentar estava acabando. Por fim, ela tivera sucesso,
vira alguns marinheiros transportando caixas para dentro de um grande navio com
containers. Algumas pessoas também
haviam entrado, uma delas havia sido o homem excêntrico que fizeram a
apresentação bizarra que vira mais cedo.
Um
vento forte a atingiu mais uma vez e ela encolheu seu corpo. A essa altura,
sentia que os dentes começavam a se chocar uns contra os outros. O que mais
desejava naquele momento era uma lareira ou uma cama onde pudesse se aquecer,
até mesmo o abrigo de uma porte serviria para fugir do vento. No entanto, ela
não poderia sair dali, talvez outra chance não aparecesse tão cedo, talvez até
morresse de fome ou frio antes. Precisava ficar ali e esperar pacientemente o
momento em que os homens se distrairiam e ela pudesse se aproveitar disso.
Agora
a noite, pareciam restar poucos trabalhadores, apenas dois homens traziam
caixas enquanto um terceiro dentro do barco ajudava a acomodar as mercadorias.
Os dois homens saíram mais uma vez e ela se questionou quando o terceiro
finalmente iria sair quando o barulho de algo pesado caindo no chão fez-se
ouvir.
–
Seu idiota! Se danificar essa mercadoria o chefe vai comer seu fígado! – gritou
o homem de cima do barco.
–
Idiota é o seu pai! Já viu como essas merdas são pesadas? Ao invés de ficar aí
se achando o mandachuva deveria descer aqui e nos ajudar! – respondeu algum dos
homens. Sua voz parecia vir de algum ponto mais distante.
–
Você é um inútil mesmo - resmungou o
primeiro e desceu pela rampa que eles estiveram usando, indo em direção aos
outros dois.
Ela
viu sua oportunidade diante de seus olhos e no segundo seguinte correu com o
máximo de cautela possível para o barco, com os olhos e ouvidos atentos à
movimentação ao redor. Seu coração palpitava de medo, mas manteve-se firme ao
ponto de passar pela plataforma e pular para dentro do navio poucos segundos
antes dos marinheiros surgirem com uma grande caixa cujo conteúdo não podia ser
visto.
Ela
correu pelos containers até encontrar um vão entre eles e entrar ali, o corpo
emagrecido facilitara a tarefa. Mais tarde, quando todos estivessem adormecidos
acharia um lugar melhor para se esconder. Em seu interior, sabia que era errado
fazer aquele tipo de coisa, porém não lhe restavam mais escolhas. Viver em
Eterna não era possível, não mais, não com o que ela precisava fazer. Menos de
meia hora depois o navio saiu do porto, o que seria algo estranho se não fosse
o local onde estivesse. A Polícia Regional havia comandado o esvaziamento da cidade
e do porto, fazer transporte de pessoas como o que o navio estava fazendo
provavelmente deveria ser proibido ou, no mínimo, visto com maus olhos.
As
horas passaram-se lentamente. O contato com aquela estrutura de metal deixava
seu corpo ainda mais frio, se é que isso era possível. Ela precisava sair dali,
não adiantava nada ter consegui transporte para o outro lado da região se
tivesse uma hipotermia na primeira noite. Levantou e, com cuidado, observou o
ambiente ao seu redor. O céu estava nublado, dificultando sua visão. Não havia
ninguém patrulhando por entre os containers por isso ela decidiu se arriscar a
caminhar por entre as estruturas para achar um local onde pudesse se abrigar do
frio.
Lembrava-se
de que, no momento em que entrara as pressas, ter visto nos fundos do barco uma
possível escada que daria para o andar inferior. Não era o local mais seguro e
aquecido, mas ao menos serviria de proteção contra as intempéries climáticas. O
interior estava escuro, sendo iluminado somente por uma estreita faixa de luz
produzida pelo vão da escada. Um cheiro de óleo misturado ao que parecia ser
ração para pokémons.
Pelo
alcance de sua visão, conseguia ver muitas caixas de madeiras sobrepostas umas
sobre as outras. Um leve som de engrenagens e metal em atrito indicava que o
motor daquele veículo imenso não estava longe dali. Num dos lados próximo á uma
parede distante ela visualizou um amontoado de sacos do qual se aproximou. Era
dali que vinha o cheiro de ração, a maioria das pessoas poderia considerá-lo desgradável,
mas trazia a jovem uma ligeira lembrança de tempos mais felizes onde sua única
preocupação era ajudar os pais a cuidar de pokémons deixados ali por
treinadores. Ela sufocou toda a enxurrada me memórias rapidamente, pensamentos
como aquele doíam e ela já sentira dor por um período prolongado demais.
Um
leve ruído chegou então aos seus ouvidos, chamando-lhe a atenção. Vinham da
direção para o qual ela ia. Parecia uma mistura de ganido com o soluçar de um
choro. Pensou em se afastar, poderia ser um pokémon agressivo, e contra algo
assim não teria forças para se defender sequer de um ataque. Seu campo de visão
era pouco, mas ela conseguiu ver uma pequena criatura, idêntica àquelas que
vira se apresentar mais cedo com o artista de roupas exóticas. O Pokémon
inicialmente não pareceu ter notado a presença da negra ali, porém um leve
balançar de orelhas anunciou que ouvira seus passos e ele virou os olhos
lacrimejantes em sua direção.
O
pequeno Azurill ainda tinha seu rosto quase completamente coberto daquela
maquiagem estranha com o qual se apresentara, apresentando algumas partes
borradas que mostravam q ele tentara removê-las de alguma forma ou ela
simplesmente lavada por suas próprias lágrimas. Ele olhava para Juliana com
medo, os olhos negros estavam arregalados e o corpo arredondado tremia.
–
Oi pequenininho – Ela abaixou-se para tentar ganhar a confiança da criatura –
Você está bem? Está perdido? Venha aqui.
Em
resposta, o roedor fez uma cara ainda mais assustada e se afastou mais. Ela
teve medo de que ele começasse uma crise de choro e atraísse a atenção dos
marinheiros para aquela área.
–
Não se preocupe, eu não sou uma ameaça, tá vendo? – Estendeu os braços e as
mãos magrelas – Provavelmente sou mais fraca do que você – Ele a encarou com
uma expressão duvidosa, mas aproximou-se com pequenos passos. A negra pode ver
que ele mancava.
Um
ruído de passos fez ambos se assustarem eles vinham da parte de cima do convés
e aparentemente se dirigiam à escada por onde ela entrara. A garota se desesperou,
ali não era um bom local para ela esconder-se. O pokémon ao seu lado também se
assustou, esquecendo todo receio de momentos antes e escondendo-se por trás das
pernas dela.
Tateando
pela parede ao seu lado e com o outro braço estendido a frente, ela caminhou
cuidadosamente para não derrubar nada. Podia ouvir os passos se aproximando,
chegando até o vão da escada onde uma luz que deveria pertencer a uma lanterna
aumentava seu foco cada vez mais. Dois homens desciam as escadas e conversavam
entre si, ela não pode entender do que falavam, mas a presença deles
significava que ela devia sumir dali o mais rápido possível.
Como
se sentindo seu medo e sua presença, o foco da lanterna foi diretamente em sua
direção. Talvez por um acaso de sorte ou simplesmente obra de Arceus, ela
encontrou uma porta semiaberta por onde entrou. Aquilo parecia ser uma sala de
depósito onde eram guardados equipamentos de manutenção e alguns materiais de
limpeza. O cheiro de água sanitária era forte e fazia seu nariz arder. Desesperada
para achar um lugar para esconder-se, ela se enfiou por debaixo de uma mesa de
madeira, puxando um caixote para sua frente. Rezava para que, por todas as
bênçãos de Palkia, eles não decidissem olhar por ali.
O
pokémon azulado a seguira e a encarava perdido e com medo, sem saber onde se
enfiar. Ela não entendia porque ele simplesmente não fugia e corria de volta
para os braços de seu treinador, mas ao agarrá-lo e puxar em sua direção,
sentiu o corpo frágil tremer e soltar um pequeno gemido que pareceu ser de dor.
Trazendo-o para próximo de si, ela sussurrou o mais baixo que pôde no ouvido do
Pokémon para que o mesmo ficasse o mais quieto possível. Não sabia se ele iria
fazê-lo, na verdade, temia que acabasse denunciando a localização dos dois,
porém no momento não tinha escolha.
–
Tenho certeza que escutei algo por aqui, cara – disse uma voz masculina alta –
E acho que era um Pokémon, vi uma sombra se mexer depois que passei a lanterna.
–
Você deve estar ficando maluco, John. A gripe negra deve ter afetado seu
cérebro antes do seu pulmão – Outra voz o respondeu. A garota teve a impressão
de que a mesma lhe era familiar.
–
Cale a boca seu velho desgraçado e caquético. Se há alguém com um parafuso a
menos esse alguém é você! – a primeira voz respondeu ríspida – Se for um
pokémon, principalmente um daqueles Bidoofs nojentos, temos que achá-lo pra não
deixá-lo comer nossa comida.
O
segundo homem deu uma risada alta e grosseira. As vozes estavam muito altas e
praticamente do lado da pequena sala em que se escondiam. Ela podia ver o
brilho das lanternas, se a porta estivesse totalmente aberta, provavelmente
teria visto a silhueta dos corpos dos dois homens que discutiam entre si.
–
Como se algum pokémon fosse se interessar por essa coisa velha e fedida que
vocês chamam de ração. Nem mesmo um Raticate desnutrido comeria essa porcaria.
–
Bem, acho que esses coitados da região não tem muita escolha, tem? – deu uma
risada maldosa enquanto – Merda! Esqueci a droga do cigarro no quarto. Me
arruma um aí, eu preciso de paciência pra procurar essa porcaria de castor.
–
Você vai arrumar o seu porque eu não vou te dar nada, mesmo porque não estão
aqui. E outra, não vou perder meu tempo procurando algo que você acha que viu.
–
Qual é, cara? Você sempre tem um cigarrinho ou outro. Arruma aí, pô! – insistiu a primeira voz.
–
Já disse que não tenho, inferno! E suma daqui antes que eu decida te dar uns
chutes - retrucou o segundo.
Ouviu
os passos se afastando e deu um pequeno suspiro aliviada, aparentemente estava
segura. Apertava com tanta coisa o pequeno Azurill em seus braços que era
surpreendente que o pokémon não houvesse lhe respondido com um ataque. Por
alguns segundos, tudo se aquietou e ela pensou que finalmente poderia sair de
onde estava escondida.
No
entanto, o destino era imprevisível e o mundo não protegia as crianças. O
caminhar lento de apenas uma pessoa agora podia ser ouvido, porém dessa vez
eram firmes e iam diretamente naquela direção. Ela ouviu a voz do segundo homem
novamente e daquela vez, conseguiu se lembrar onde a havia ouvido pela primeira
vez.
–
Eu te vi entrar aqui, garotinha – disse ele – Que tal sair pra gente conversar
um pouquinho? Acho que você gostou mesmo de me conhecer.
Ela
sentiu um arrepio de medo se passar pelo seu corpo acompanhada de náuseas que a
fizeram levar a mão a boca. O braço ainda exibia as equimoses produzidas por
aquele sujeito que agora estava do lado de fora esperando por ela. Saiu debaixo
da mesa rapidamente, precisava subir no lugar mais alto do armário e ficar o
mais longe do alcance daquele homem. Colocou o Azurill no ombro e se pôs a
subir, o instinto de proteger a pequena criatura era mais forte do que a
consciência de que seria mais fácil para ele escapar sozinho.
–
Bem, já que você não vai sair, vou ter que ir até aí te buscar – Ele se
aproximava, o foco da lanterna crescia.
A
negra ainda não chegara ao topo quando ele entrou na sala. O cheiro de tabaco
misturado a álcool impregnou o ar revirando ainda mais seu estômago. Era
realmente a mesma figura. O fato de agora estar vestido com vestes devidas de
marinheiro não o tornava menos assustador, pelo contrário, era como uma figura
saída daqueles livros que contavam histórias sobre navios fantasmas. Ele a
procurou com o olhar e deu um sorriso de deboche ao perceber o que ela tentava
fazer.
–
Não dificulte nossas vidas, menina. Você vai acabar se machucando subindo aí.
–
Me deixe em paz! – gritou ela já colocando a mão da última prateleira. Iria
lançar as coisas que ali estavam no chão e se enfiar por aquele vão. Ainda não
sabia se deveria gritar, o medo de atrair mais figuras como aquela era maior.
–
Te deixar em paz? Você que veio atrás de mim aqui e agora quer se fazer de
difícil. Roberto miserável, tentou nos atrapalhar, mas você já mostrou o que
quer – sua risada ecoava alta. Ela se esforçou, só faltava fazer força mais uma
vez e conseguiria estar longe daquela criatura horrível.
Em
um movimento abrupto ele segurou uma das pernas da garota que lhe servia de
apoio. Ela gritou e puxou o membro em resposta, mas o aperto do homem era firme
e ele a puxava com força em sua direção. Seguiu-se uma batalha de forças na
qual algo muito mais precioso do que a vida estava em jogo. Azurill ainda se
agarrava nela, estava aterrorizado e chorava a plenos pulmões. Quanto tempo
demoraria para que outro viessem ali?
O
resultado da peleja não fora dependente do esperado. Ela estava fraca,
emagrecida pela fome e tristeza. Os pequenos dedos suados não resistiram à
pressão e ela sentiu seu corpo cair, desabando sobre uma mesa de madeira que
cedeu ao impacto. A estante de metal que antes segurava também cedeu para
frente, porém, prendida por uma corrente na parede do barco para não cair nos
maus tempos, apenas deixou cair uma série de objetos, fazendo-a levar as mãos
ao rosto para não ser atingida.
Ela
sentia todo seu corpo doer. O lado direito de seu corpo ardia muito na altura
das costelas, não duvidava que com a queda houvesse fraturado alguma. Sua
cabeça girava e sentia um líquido quente escorrer por sua nuca. Ela levou a mão
ao local, constatando um ferimento que com certeza precisaria levar pontos.
Suas lágrimas estavam presas na garganta, a dor era que deixava seus sentidos
confusos.
Aquele
ser nojento e sem escrúpulos aproximou-se dela. O toque asqueroso da mão áspera
fez seu corpo estremecer.
–
Eu avisei que era melhor vir por bem, garota. Vou te levar para fora daqui onde
poderemos ficar sozinhos e mais a vontade – Se moveu a para colocar os braços
por baixo dela e carregá-la.
O
rosto da garota queimou. As lágrimas que estavam presas a segundos atrás
escorreram em resposta à toda humilhação, toda maldade que um ser humano era
capaz de fazer ao outro sem necessidade. Ela, que já sofrera tanto nos últimos
tempos, teria que submeter a isso, mais uma situação degradante que acabaria
com o resto de sua dignidade. A mão que se sujara com seu próprio sangue pendeu
ao lado do corpo. Um objeto frio e comprido que parecia ser de metal chegou ao
seu tato e o agarrou.
Pouco
pensou no que fez a seguir, talvez o instinto de sobrevivência lhe tivesse
feito reunir todas as forças que lhe restassem para lutar por sua própria vida.
O frio cano de metal, que depois ela descobriu se tratar de um pé de cabra foi
de encontro ao crânio do velho fazendo um barulho estridente. Seu corpo foi ao
chão juntamente com aquele que a carregava.
Ele
gemia com a mão sobre a cabeça de onde um líquido escuro e quente escorria. O
calor do momento ainda preenchia o corpo da menina. Raiva, tristeza, medo,
indignação, dor, solidão, desprezo, todos misturados numa correnteza
descontrolada fazendo-a ajoelhar-se e acertar de novo a cabeça de seu agressor.
E outra vez. E outra. Acertou mais algumas vezes até ver o rosto se converter
em uma massa sangrenta disforme estirada contra o chão. O vômito atingiu-lhe a
garganta e ela não o conteve, vomitando toda parca refeição que fizera naquele
dia.
Suas
pernas tremiam quando ela se levantou. Pensava muito pouco no que fazia, apenas
tinha a consciência de que deveria estar o mais longe possível dali. Não sabia
se o homem sobrevivera, não tinha coragem de se aproximar para conferir. Fosse
qual fosse a resposta para aquela dúvida, nenhuma a pouparia do destino
terrível que lhe caberia caso a encontrassem ali.
Com
as pernas trêmulas, ela voltou ao andar superior, encontrando um barco
surpreendentemente silencioso e vazio. Por bondade de Arceus ou de qualquer um
dos deuses que regiam o sono, o barulho feito no andar inferior não despertara
os passageiros do sono profundo para o qual se imergiram dentro de suas
cabines.
Juliana
correu até um dos botes salva-vidas e com os dedos enrijecidos tentou soltar um
dos botes. Precisou limpar as mãos sujas de sangue em sua roupa para conseguir
fazê-lo. Quando por fim, obtendo
sucesso, entrou no bote para descer a si mesma junto. Numa última olhada pelo
barco, viu que o pequeno Azurill pintado estava parado onde ela estivera a
poucos segundos antes, olhando a com uma cara triste.
– Você quer vir? Mas não posso te tirar de seu
treinador – os olhos do roedor brilharam de lagrimas novamente – Ok, venha.
Precisamos sair logo daqui – Ela fez um sinal para ele que saltou para dentro
do bote. Seus passos eram tão leves que mal puderam ser ouvidos.
Ela
desenrolou a lona que cobria o bote e procurou nos fundos do mesmo, geralmente
sempre vinham com compartimentos com itens para sobrevivência dos náufragos por
algum tipo. Achando uma lata de água, abriu da maneira que pode e tomou grandes
goles. A seguir, pegou os remos e começou a remar da melhor maneira que pôde,
não tinha muito senso de direção. Iria para onde acreditava ser a direção certa
até o cansaço a dominar. O Azurill olhava para frente da proa, hora ou outra
vira-se para ver o que ela fazia, para logo em seguida voltar seu olhar na
direção do oceano
– Você é um medroso mesmo, não é? Mas é tão
pequeno. Pelo seu tamanho tem cara de que foi tirado de sua mãe muito cedo, não
é?
O Pokémon a olhava sem esboçar reação, apenas
caminhou em direção a ela subiu em suas pernas, se aconchegando em seu colo.
Ela pegou o que restava da água, juntamente com uma gaze do Kit de Emergências
e passou a limpar o rosto diminuto. As lágrimas desciam novamente por seu rosto
conforme a ficha caia da situação pela qual era havia passado e pelo que
poderia ter feito a uma pessoa. No entanto, manteve seu fico naquilo que fazia.
–
Eles nem se quer se dignaram a tirar essa coisa do seu rosto – Comentou com voz
soluçante e trêmula. Ao passar um pano por seu corpo, ela notou as falhas e
diversas regiões de textura e consistência alterada. O pokémon se encolheu ao
sentir o toque em algumas, ela finalmente entendeu que se tratavam de
cicatrizes. Quando acabou, pegou o roedor entre seus braços e o abraçou com
carinho – Está tudo bem. O mundo é cruel para aqueles como nós, que não tem
mais ninguém, mas nós vamos ficar bem. A partir de agora seu nome será Nigel.
As
nuvens negras e pesadas cederam então ao toque do vento e a lua finalmente
surgiu no céu pela primeira vez naquela noite, iluminando jovem e pokémon.
Ambos pequenos demais para a idade, ambos órfãos de família e do mundo, que
também não se importava com eles. O barco balançava suavemente com o movimentar
das ondas e ainda fazia muito frio.
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Bem, temos aqui um capítulo não convencional onde somos apresentados a uma Sinnoh que sofre com uma epidemia e tem uma quebra de infraestrutura geral, com uma população tentando fugir do terrível mal que assola a região.
ResponderExcluirNesse cenário somos apresentados a uma jovenzinha cujo destino parece gostar de brincadeiras de mal gosto, quer seja estar fraca, franzina e faminta ou quer seja em ser um alvo fácil de abuso na visão de parte da escória remanescente, não sofrendo danos ainda mais irreversíveis por conta da intervenção de Roberto uma vez e de uma sorte misturada a desespero e adrenalina na segunda.
Mas a garota se mostra alguém com empatia no modo como ela olha para aqueles pokémons azulados que se apresentavam na rua, e mais tarde mostrando um lado ainda mais gentil com o pequeno Azurill que ela encontra no barco no qual ela se infiltra, que adquire o nome Nigel ao final do capítulo quando ela foge de uma embarcação na qual ela mesma havia se infiltrado num bote salva-vidas.
Todos sabemos que esse é o passado de Juliana, uma de nossas protagonistas na Neo Hoenn.
Mais um belo capítulo se adiciona a coleção da Neo Aliança, com fortes conexões a outro enredo...
Muito bom trabalho, Carol, mais um ótimo capítulo vindo de ti.
Desculpa o comentário meio meh, valeu aí e até depois!
Oi Napo! Fico feliz que tenha gostado do capítulo. Desta vez quis mostrar tudo de uma maneira diferente do que estamos acostumados. Esse capítulo foi importante pois foi o primeiro a mostrar mais sobre a nossa Juju e seu passado, pode esperar que haverão outros mais nesse mesmo estilo. Afinal, nenhum personagem é apenas aquilo que vimos inicialmente. Todos são pessoas e todos tem histórias por trás de suas vidas.
ExcluirMuito obrigada pelo comentário, Napo.
Te vejo no próximo capítulo!
Adorei ver Sinnoh sobre seu ponto de vista, ficou muito massa ver as referencias da minha história com o Roberto, adorei esse detalhe!
ResponderExcluirJu escondendo um monte de segredos partindo para cada lugar perigoso... ela precisa ter mais cuidado ochi, quase que sabe la arceus aquele velho bebado faria, ainda bem que ela se livrou deste praga e conseguiu um bote para sua merecida liberdade!
Foi uma ótima leitura para encerrar meu dia e espero que o próximo também seja, até lá Carol!
Fico feliz que você tenha gostado Anan. Foi interessante abordar um personagem que não seja meu. Se vc, como autor dele gostou da maneira como ele foi tratado, então creio que o fiz da maneira correta.
ExcluirJu é uma personagem com um passado muito interessante e pesado. Ela ainda não se sente confortável para abordá-lo com seus amigos, mais creio que um dia o fará. A própria personagem estava em uma situação de risco onde estava, então ela não raciocinou muito sobre correr mais ou menos risco. Por sorte dela, tudo acabou dando certo. E pensar que se ela tivesse ido para Eterna teria reencontrado o Alex.
Muito obrigada pelo comentário, Anan! Fico feliz que tenha gostado do capítulo
Abraços e até a próxima!
As conexões estão se formando e se intensificando… É incrível, é incrível ver o quanto o mundo da Neo Aliança está ficando rico, mas mais incrível ainda é ver a sua descrição e sua escrita mostrando a visão de Sinnoh e todo o mal que aconteceu com a Gripe Negra, é muito bom e sempre me despertou atenção ver a maneira que cada escritor vê determinado assunto, diferentes maneiras de contar uma história.
ResponderExcluirFoi um capítulo maravilhoso, como costume, mas acredito que me apaixonei um pouco mais com este, talvez pela história da Juh, já sabíamos que ela vinha de Sinnoh, mas a maneira como qual se aprofundou no assunto mostrou realmente o quanto ela sofreu em seu passado antes de conhecer May e Brendan.
Como eu disse, incrível, um ótimo trabalho da sua parte e estou esperando ansiosamente pelo próximo capítulo.
Espero que essas conexões cresçam ainda mais conforme formos avançando na escrita de nossas histórias. Há centenas de conexões que poderemos fazer o que tornará tudo mais incrível.
ExcluirFico muito feliz que você tenha gostado, Yv. Ainda pretendo me aprofundar ainda mais em todos os personagens para que, no final, você tenha um carinho por cada um em especial. A Ju é um personagem muito complexa e difícil de se escrever, então saber que foi bem retratada nesse capítulo me deixa contente.
Muito obrigada pelos elogios e comentários, Yv. Logo sairá o próximo!
Olá
ResponderExcluirPois bem, neste tenso capítulo vemos um pouco mais do passado de nossa terceira protagonista.
Tempos ruins tendem a mostrar o pior da humanidade e foi isso que vimos aqui. Como uma criança e também mulher, Juh corria muitos perigos nesse ambiente e essa foi a tensão que senti ao ler, como se tivesse um perigo eminente pairando no ar.
Sobre a parte sinistra do circo Pokémon, eu senti pena do cara que apresentava (acredite se quiser), pela situação dele, e ganhando apenas uns trocados. Mas assim, depois que a Juh viu as cicatrizes no Azurill eu deixei de achar o apresentador tão coitadinho.
Juh, apesar de toda a situação que ela passou, se mostra uma pessoa alegre e sorridente. Esse capítulo com certeza me fez gostar mais dela, que era a que eu menos me interessava por.
Ah, conexões. É muito bom ver as histórias dando essas pequenas colididas, mas não se entrelaçando muito. Gosto dessa gradualidade.
Bom, espero ver mais dessa história, pois está muito bom, Carol.
Espero ansioso o próximo capítulo!
Até mais!!!
Sim, em tempos difíceis aqueles que mais sofrem são os vulneráveis e a sociedade não enxerga, ou finge não enxergá-los, deixando-os a merce da própria sorte. Por muita sorte ou influência de Arceus, a Ju conseguiu escapar dessa.
ExcluirAquele dono não tinha a vida fácil, mas nada justifica fazer maldades com pokémons, ainda mais criaturas tão dóceis quando os Azurills.
Espero que até o final da fic a Ju consiga captar todo o seu carinho, como personagem misteriosa ela ainda não revelou muito sobre seu passado, mas com o tempo vocês passarão a entendê-la e gostar ainda mais dela (eu espero).
Muito obrigada pelo elogio, Alefin. Te vejo no próximo cap! Farei de tudo para terminá-lo o mais rápido possível
Capítulo diferente, com um tom diferente, uma pegada bem menos colorida do que estaríamos acostumados a ver em uma história de Pokémon. Achei muito interessante a história da Ju, observando ela ao decorrer dos episódios a gente pôde ver que ela tinha um passado mais pesado do que os outros dois. Os traumas do passado dela poderiam tê-la tornado uma pessoa bem diferente, talvez mais amarga, mais revoltada com a sociedade. Talvez ainda vejamos essa faceta dela durante o desenvolvimento da personagem, já que estamos bem no início, mas o que temos até aqui é satisfatório.
ResponderExcluirÓtimo capítulo.
Sim , era meu objetivo demonstrar que nem tudo são flores no mundo pokémon e que todas as pessoas tem um passado por trás que as fizeram tornar o que são hoje. Por sorte, a bondade da Ju foi maior do que tudo o que ela viveu e ela se tornou uma boa pessoa. Se tudo o que ela viveu deixou marcas nela, vocês vão ver mais adiante.
ExcluirObrigada pelo comentário, Lucas! Até a próxima!
MEU SANTO SENHOR DA BICICLETA ENFERRUJADA, QUE CAPÍTULO FOI ESSE?
ResponderExcluirEu estou boquiaberto, bo-qui-a-ber-to!
É um capítulo diferente dos demais, com um tom mais sombrio que o comum, vemos uma Sinnoh desolada que sofre coma gripe negra e também vemos uma conexão com Neo Sinnoh (amo???) e vemos um Ju numa situação complicada, passando fome, usando trapos em pleno inverno e tendo que passar por maus bocados. É como dizem, as pessoas mais felizes são as que mais sofreram e vemos outro ser que sofreu, o Azurill, é interessante ver o laço inicial dos dois, mostrando que nem todos conhecem seu primeiro Pokémon de forma bonita. Eu confesso que odiei o marinheiro e o dono do circo que abusava dos pobres Azurill, ainda bem que Ju e o Nigel conseguiram escapar dessa situação difícil.
Enfim, eu gostei deste capítulo, Carol, foi de longe um dos mais intensos, você sente tudo o que se passa e faz você ter mais empatia pela protagonista do que nunca, mostrou outro lado da Ju que não conhecíamos e que realmente precisava ser explorado, mostrando seu backstory e um claro desenvolvimento dela.
Até o próximo capítulo.
Sempre conectados hahaha esses capítulos foram cuidadosamente trabalhados pelos autores por isso levaram séculos para serem escritos (mentira, era por preguiça mesmo).
ExcluirA Ju teve um passado muito difícil e muitos poucos que a conhecem sabem dele, na verdade, quase ninguém, nem seus amigos, mas as vezes precisamos voltar para o passado para compreender o presente e melhorar o futuro. Ela ter se tornado essa pessoa que é hoje é exclusivamente mérito dela, embora tudo o que ela tenha vivido tenha acabado por deixar algumas marcas nela e muitas em seu pokémon.
Fico feliz que você tenha gostado, Leucro. Para mim esse capítulo foi um dos melhores que já fiz e também um dos mais difíceis de se escrever. Espero conseguir manter o nível nos próximos e conseguir passar tantas sensações para vocês.
Abraços! Até o próximo caítulo!
Mds Carol
ResponderExcluirQue capítulo pesado, durante todo o decorrer você passou essa sensação agoniante de que a qualquer momento algo ruim pode acontecer com a Ju, de certa maneira esse medo toma forma naquele velho bêbado representando os perigos que aquele lugar abriga, mesmo sabendo que ela vai sobreviver e de alguma forma chegar até as terras de Hoenn a tensão se mantém pelo capítulo inteiro.
Conhecemos um pouco mais sobre o passado da Ju, pais provavelmente mortos pela peste e sozinha no mundo em meio a uma Sinnoh em ruínas.
E agora sabemos como ela conheceu o Nigel, que também sofreu mt nesse "circo dos horrores" do qual ele participava, mas é interessante esse lado do passado dele pq aumenta ainda mais os motivos pro que rolou no último capítulo no contest, colocar ele numa apresentação é basicamente reviver os traumas que teve no passado.
No mais é isto, gostei muito do capítulo mesmo deixando meu coraçãozinho apertado vendo a Ju sofrendo ;-;
See Ya
Esse foi um dos capítulos que mais gostei de escrever embora também tenha me deixado mta sensação de dúvida pois é a primeira vez que mudava o clima da história. Fico feliz que essa sensação de angústia tenha se mantido por que era assim mesmo que eu queria que os leitor se sentisse, meio incomodado.
ExcluirVAMOS TODOS PROTEGER O NIGEL! Esse capítulo foi um pontapé importante para explicar um pouco sobre quem é a nossa protagonista, afinal, ela basicamente surgiu do nada. No futuro haverão mais caps sobre ela especificamente e espero que vocês continuem curtindo, ainda há muita coisa a se ver.
Obrigada pelo comentário e até a próxima, Grovy!
Yoo Carol
ResponderExcluirE você mais uma vez surpreendendo com um novo clima de capítulo, e esse se passa na minha região favorita, Sinnoh <3 É legal ver como Sinnoh é real oposto de Hoenn kk
Finalmente conhecendo mais sobre o passado de Juliana, e eu podia jurar que não achava que era tão triste, vê-la com um sorriso no rosto todo dia engana real. JU, VOCÊ PODE CHORAR, NÃO PRECISA FORÇAR UM SORRISO O TEMPO TODO. Nossa guerreirinha <3
O capítulo foi bem tenso com situações que traziam desconforto, tristeza e raiva. Ver a origem do pequeno Nigel é mais triste ainda, malditos treinadores irresponsáveis, é nessa hora que entendem a Team Plasma haushushuahusahu
Me pergunto como a Juliana chegou nessa situação, o que teria acontecido com o Day Care? O tempo dirá, por enquanto, desejo que a Ju de oito meses atrás encontre logo a May e o Brendan <3
Capítulo fantástico, flor <3
See ya
Construir esses capítulos me permite dar mais profundidade a personagens que antes pareciam superficiais. A Ju até então permanecia uma personagem misteriosa e aos poucos vocês irão conhecer mais sobre o passado dela. O SORRISO DA JU É NOSSO MAIOR TESOURO.
ExcluirA Team Plasma estava certa o tempo todo, só n viu quem não quer. Pobre Nigel sofreu nas mãos de uma pessoa ruim e isso deve acontecer aos montes no mundo pokémon. Sobre o Day Care, bem, ainda não vou revelar mtas informações, mas em Neo Sinnoh há um relato inespecífico sobre o que aconteceu.
Muito obrigada pelo elogio, Star! Até logo!