• terça-feira, 6 de outubro de 2020

     



    Não havia sido uma noite fácil para o grupo. Era o que pensava Penélope ao sair do lado de fora da grande casa que havia se tornado a sede da Alfa Sunset. Sentada no tronco de árvore caído a vários metros da construção, ela observava as belas flores no jardim criado por Ivy, bem, talvez jardim não fosse a definição correta, já que mais parecia um emaranhado de flores e arbustos plantados de maneira desordenada, mas que no fim mantinham sua beleza. 


    A todo momento ela se perguntava como o grupo havia chegado até aquele ponto. Um assunto inocente surgira na mesa: “tipos de pokémons e quais deles vieram primeiro” e acabou por virar uma discussão que quase acabara em troca de socos. Na verdade, quase todos os dias estavam sendo assim, ela não conseguia fazer os membros se tratarem como amigos, sequer agiam como equipe. 

    Quando haviam cinco ou seis deles, apesar das divergências, era fácil dialogar antes de chegar ao atrito, mas agora eles já eram dez e esse número só tenderia a aumentar com o passar das semanas. Parecia impossível que criaturas tão divergentes conseguissem viver em harmonia, eles eram fortes individualmente, mas quando se tratava de trabalho em equipe, tudo era um simples fiasco. 

    Mesmo sem olhar através da janela, ela podia dizer onde cada um estava nesse momento. Nautilus rapidamente esqueceria a tudo aquilo, assistiria televisão ou jogaria cartas na companhia de Alicia e Theo. Nigel estaria escondido. Rubi, Shino e Ivy em seus próprios quartos resolvendo suas respectivas coisas, exatamente onde Apolo estaria se não estivesse esperando-a na porta, visto que mandara-o não vir atrás dela. Quanto a Atom? Bem, ela não sabia, desde que conhecera o garoto ele não falava, praticamente não se alimentava e às vezes, quando se colocava parado em um canto, não se movia por horas.  Ela conhecia os amigos, ou ao menos achava que os conhecia, a convivência e os atritos constantes a fizeram aprender sobre parte de seus hábitos.

    Tudo ao seu redor de repente ficou escuro quando a luz da lua foi bloqueada por uma sombra escura que passou rapidamente pelos céu e pousou a alguns metros da felina. Ela levantou-se levemente assustada, porém logo percebeu se tratar de um jovem Zubat que carregava consigo uma bolsa de carteiro grande demais para seu tamanho. 

    – É aqui a sede da guilda Alfa Sunset?–- perguntou o recém-chegado com a voz levemente esganiçada. 

    A gata apenas assentiu e ele começou a remexer o conteúdo da bolsa. Alguns segundos se passaram até o morcego finalmente encontrar a carta que procurava, entregando-a à Pokémon que agradeceu educadamente. 

    Assim que o carteiro ganhou os céus novamente, ela rapidamente abriu o envelope da carta e leu seu conteúdo, quase dando um salto de felicidade ao constatar que era uma missão. Sim, era noite e de última hora, mas quem se importava? O fato é que realizar missões e se fortalecer era o melhor método daquele pequeno grupo se ver reconhecido no mundo. 

    Correu de encontro a entrada da casa que agora já contava com dois andares. Havia sido necessária muita coordenação e trabalho do grupo para construí-la, mas no fim se tornou um lugar bastante aconchegante e acolhedor. Por que eles não poderiam trabalhar como equipe daquela maneira quando se tratava de outros aspectos. 

    Assim que entrou novamente, viu que o grupo estava exatamente como previra, com exceção de Shino, que também se juntara ao grupo do baralho. Todos os presentes observaram-na entrar, alguns com olhares receosos, outros avaliativos. 

    – Pessoal, recebemos uma missão! – Anunciou animadamente. Shino, Alicia e Nautilus sorriram animados, de todo grupo, eles eram os mais dispostos a participar das missões. Claro que o pokémon aquático nem tanto, mas assim mesmo sempre se dispunha a ajudar os amigos. 

    – Sério? – Perguntou Shino - Quem mandou? E quem vai dessa vez? 

    – Eu ainda não… – a fala da gata morreu enquanto um novo pensamento se formulava em sua mente. 

    Ela era a líder, fora escolhida para tal função pelos amigos desde o fundamento do grupo, quando eles ainda eram poucos. Se queria fazer com que eles agissem como equipe, se queria que um dia fossem respeitados e reconhecidos como os melhores, estava na hora dela começar a agir conforme seu cargo. 

    – Você não… o que? – disse Nautilus para incentivá-la a continuar, porém não deu-lhe atenção.

    Respirou fundo e caminhou com os passos mais decididos que pôde em direção às escadas que levavam ao nível superior. Os demais ficaram se encarando sem entender até ela virar para trás e dar um pequeno sorriso. 

    – Desculpem, essa missão não é para vocês - e continuou subindo a escada. 

    Ia ser difícil e decididamente provocaria mais uma briga naquela noite, mas ela estava decidida a tomar as rédeas e fazer seu papel como guildmaster. O corredor do andar superior era bem iluminado e largo para permitir o trânsito livre de todos os ocupantes. A gata andou até o fim deste onde numa porta a esquerda estava localizada o ser que deflagraria toda a próxima confusão. 

    Ela estendeu a pata e bateu na porta devagar, ainda estava um pouco receosa com o que viria a seguir. 

    – Entre – ela ouviu a voz rouca de Ivy falar do lado de dentro do quarto. 

    – Como você permite a entrada de alguém que nem sabes quem é? - alguém disse em resposta, com certeza era Rubi. 

    Má cherie, eu não tenho nada que deve ser escondido do mundo.

    Penélope decidiu não esperar a resposta da raposa e abriu a porta. A Pokémon planta que estava sentada na varanda ao lado abriu um sorriso sedutor para ela enquanto a outra, deitada de bruços na cama com um livro em mãos, fechou imediatamente a cara.

    – Nossa querida Guildmaster veio nos fazer uma visita noturna - foi a primeira quem disse, as curiosas plantas ao seu lado tremularam como se tocadas por alguma brisa – Venha cá, Penélope. Deixe-me mostrar-lhe minha flor. 

    A gata sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha e balançou a cabeça de um lado para o outro ao ver que inconscientemente havia dado um passo na direção daquela que lhe chamada. Ivy era uma pokémon com o qual qualquer um em seu pleno juízo deveria ter cuidado. 

    – Er… - tossiu - Infelizmente isso vai ter que esperar Ivy. Recebemos uma missão e quero que vocês duas venham comigo. 

    – O que? – a raposa se pronunciou em tom alto – Você só pode estar maluca. É claro que eu nunca vou submeter-me a tal coisa.

    – Não, não estou maluca. E você irá. Já que é membro dessa equipe, deve começar a comportar-se como tal!

    Os olhos da raposa ficaram ainda mais furiosos, se é que era possível. O ar ao seu redor  começou a esquentar devido aos sentimentos exacerbados. 

    – E quem é você para dizer como eu devo ou não comportar? 

    – É simples, eu sou sua líder! Sou líder do grupo, quer você queira ou não - ela mal percebera que havia perdido o controle do tom da voz e já estava gritando junto com a raposa. 

    Rubi revirou os olhos e deu uma risada sarcástica. 

    – Líder? Olha só pra você! Mal tem controle sobre os pokémons da sua própria equipe, aposto que mal sabe nada sobre eles. Você não passa de um felino patético!

    Aquelas palavras acenderam a raiva em Penélope como uma centelha num pasto seco. Pouquíssimas vezes em sua vida se lembrava de ter sentido tanta raiva. 

    – Pelo menos eu faço algo pelos outros. Não me fixo em meus propósitos egoístas e finjo que o mundo gira ao meu redor, como se todos os Pokémon do mundo devessem viver unicamente para me proporcionar bem estar enquanto penteio os cabelos. 

    A fala da gata impactou a outra, por alguns instantes um ligeiro resquício de dor pode ser visto em seus olhos, mas estes rapidamente desapareceu, dando lugar à frieza que acompanhava um sorriso irônico. 

    – A diferença entre nós então é que eu penteio os cabelos. 

    Foi involuntário. Tomada pela raiva, Penélope mal percebeu que concentrara energias para libertar um golpe e antes que o vento gelado escapasse de suas patas, ela já estava arrependida. O Icy Wind atingiu diretamente a raposa, produzindo cristais de gelo por seu corpo. Mesmo provocando pouco efeito em um Pokémon do tipo fogo, levar um daqueles diretamente ainda era extremamente desconfortável. 

    – Rubi… Eu não… Me…

    Não teve tempo de completar sua frase. Antes sequer dos cristais de gelo se derreterem no corpo quente, a ruiva disparou em velocidade contra a gata executando um Quick Attack. Ela não conhecia muito os movimentos da colega e por isso foi pega de surpresa. O golpe fora executado com tanta força que as duas acabaram atravessando a janela de vidro por trás da menor.

    O som de agudo do estraçalhamento do vidro assustou a todos na casa. Ir ao andar superior, porém, era inútil visto que, após serem amparadas pela queda por um dos arbustos enormes de Ivy, as duas pokémons começaram um enfrentamento do lado externo do aposento. 

    Penélolpe tinha vários pequenos cortes no corpo, porém mal sentia durante o conflito com a adversária. Usara o Copycat para replicar o ataque e os minutos seguintes se resumiu a trocar de movimentos das duas usados uma contra a outra. 

    Variando entre Quick Attacks, Embers e Disarming Voices trocados, ambas as Pokémon já apresentava diversas lesões provocadas pelos golpes. 

    – Penélope, Rubi… O que diabos vocês acham que estão fazendo? – foi a voz de Theodora, ela saíra pela porta da frente acompanhada de todo o resto da equipe e encarava a situação perplexa. 

    As outras duas, porém, não lhe deram atenção, mantendo o foco na batalha que se apresentava cada vez mais violenta. Ambas estavam repletas de raiva que cegava quando a qualquer resquício de relações de amizade que existia até aquele momento. Fosse qual fosse o resultado, aquela batalha só iria se finalizar quando uma das duas estivesse inconsciente. 

    Após mais uma sequência de golpes trocados, o clima do local pareceu piorar ainda mais. A gata viu o corpo da adversária ganhar um pequeno brilho enquanto em sua boca ondas de calor de cor laranja vivo se aglomeravam em uma esfera de centro esbranquiçado. O furor da batalha fora o suficiente para que ela despertasse um novo golpe. Penélope sentiu seus pelos se arrepiarem vendo o movimento, sabia que possuía uma força completamente diferente dos anteriores, por isso instintivamente reuniu toda sua energia para formar um Water Pulse, esperava que a vantagem de tipo ajudasse a contornar a diferença de níveis. 

    Os golpes no entanto, nunca chegaram a encontrar seus respectivos alvos. O solo começou a tremer e algumas pedras foram erguidas desequilibrando a ambas as garotas e levando-as ao chão. As esferas de poder se encontraram no céu, causando ondas de energia que lançaram todos para trás, com exceção da baleia que ainda se encontrava agachada segurando o martelo de aço com que golpeara o chão causando o Heavy Slam. 

    As duas se sentaram recuperando-se do golpe, ambas estavam ofegantes e trêmulas, mas antes que pudessem processar o que havia acabado de acontecer, Theodora havia corrido e segurado a ambas pelo pescoço e erguido-as, sua expressão mesclava indignação e raiva. A gata tentou soltar-se, mas sabia que era em vão, no quesito força bruta, a baleia era desproporcionalmente superior ao resto do grupo. 

    – Me… me solte. Ora sua… – começou Rubi, porém a voz forte da outra a fez calar-se imediatamente.

    – O que diabos vocês acham que estão fazendo? – perguntou a baleia olhando com exasperação para as duas, ainda incrédula com a cena que acabara de presenciar. 

    Nenhuma delas duas respondeu, talvez pelo susto pela reação da parceira de guilda ou pelo impacto do golpe que haviam levado, mesmo que indiretamente. 

    – Andem! Me digam o que as duas estão fazendo por que não entendi como duas colegas de guilda, duas amigas brigaram a ponto de acabar nessa situação - gritou enquanto continuava segurando-as.

    – Hum… Talvez se você soltasse… 

    – Cale a boca e saia daqui, Nautilus! – disse com voz ríspida o suficiente para ser imediatamente obedecida pelo anfíbio. Sequer desviara seu olhar antes de tornar a falar - Você tem noção do quanto aquele Water Pulse iria machucá-la? Acha que eu lhe ensinei para isso? 

    Arremessou a gata a alguns metros de distância que caiu na terra levantando uma nuvem de poeira pelo ar. 

    – E você? – Desta vez falava com a raposa - Tem noção no que aquele Incinerate poderia fazer com ela? De quantas queimaduras iria causar? Você sequer tinha controle do que estava fazendo!

    Rubi então também teve seu corpo jogado e indo de encontro ao da ex-adversária que havia se sentado. O corpo de ambas rolou para trás com o impacto. Penélope sentiu-se mais uma vez furiosa, tudo aquilo passara a muito dos limites. 

    – Você não pode intervir assim! Eu sou a líder e essa batalha não é sua! - protestou levantando-se.

    – Ah é? Você é a líder? Então haja como uma, por que até agora tudo que a vi fazer foi brincar de casinha com seus parceiros. 

    A boca da felina que estava pronta pra dar uma resposta, fechou-se imediatamente e seus grandes olhos azulados ficaram marejados com o peso das palavras pronunciadas. 

    – Eu disse que… - a raposa começou, mas foi bruscamente cortada. 

    – E você! O que nós somos pra você? Amigos, colegas ou só pessoas que simplesmente te ajudam a sobreviver? Faça o favor de descobrir, por que ninguém aqui está disposto a dar a vida por alguém com quem não pode contar. 

    Após pronunciar aquelas palavras, Theodora virou as costas para as garotas e de volta rumo à casa. Porém, depois de apenas dois passos interrompeu seu caminhar e disse sem olhar para trás. 

    – Não voltem até resolverem isso. Eu lhes garanto que posso impedi-las se tentarem - A última frase foi dita com a mão segurando o cabo do pesado martelo preso em suas costas. 

    Penélope e Rubi permaneceram caladas, bem como os demais membros da guida. Na verdade, todos pareciam surpresos e assustados demais para se manifestarem, por isso todos seguiram a pokémon quando esta entrara de volta na casa, com exceção de Apolo que usara seu Teleport para se aproximar da rosada. 

    – Volte para a guilda, Apolo - ordenou. O garoto encarou-a com os olhos vermelhos confusos – Está tudo bem, logo estaremos de volta - ela passou a mão carinhosamente pelos cabelos esverdeados e ele concordou com a cabeça, raramente o pequeno falava. 

    – Até parece – A gata ouviu a voz da outra assim que ele desapareceu, tão repentinamente quanto havia se aproximado. Ao olhar, viu que esta já havia se erguido e caminhava cabisbaixa em direção à floresta. 

    – Onde você está indo?

    – Não é da sua conta.

    A gata suspirou e olhou para o chão, indecisa sobre o que fazer a seguir, mas acabou por se levantar e ir atrás da ruiva que não deu sinal de ter notado sua presença. 

    Elas caminharam por vários minutos em silêncio. Os únicos sons audíveis eram dos insetos cricrilando a distância e os estalidos secos dos gravetos se partindo conforme elas passavam. Os resultados da batalha anterior começavam a aparecer: cansaço, membros doloridos e pequenas queimaduras em diversas partes do corpo. Por fim, a raposa parou de caminhar, chegando a beira de um pequeno córrego que corria a algumas dezenas de metros nos fundos da casa. 

    Penélope estava para perguntar o que a colega iria fazer ali, mas viu a mesma sentar-se e colocar os braços sobre os joelhos, apoiando sobre os primeiros a cabeça cujo rosto carregava um semblante de leve tristeza. As palavras fugiram-lhe a boca e ela sentou-se também, sabia que a raposa de fogo provavelmente queria ficar sozinha em seus próprios pensamentos, mas não tinha para onde ir. 

    Nada foi dito entre as duas, o clima pesado se acentuava cada vez mais conforme o tempo corria. Afinal, que palavras poderiam dizer? Perdão era algo que sequer parecia existir no vocabulário.

    – Por que você não gosta de mim? – murmurou a gata antes que pudesse conter seus próprios lábios. 

    – O que?

    – Você… Por que não gosta de mim? – repetiu a pergunta, dessa vez olhando nos olhos da raposa. Rubi bufou e riu ironicamente. 

    – As vezes nem tudo é sobre você mundo – a ruiva respondeu voltando mais uma vez seu olhar para frente. 

    – Então é com a gente? Com o grupo? Você não está feliz em estar conosco?

    Rubi não respondeu, recolheu um dos seixos do chão ao seu redor com a mão direita e lançou no córrego produzindo um ruído gotejante apenas um pouco superior ao da fina correnteza seguindo seu percurso. 

    – Eu não tenho nada contra vocês.

    – E então? – insistiu – O que acontece?

    – Você sabe quem somos nós? O passado daqueles que considera seus amigos? 

    – Eu… – Ela não sabia, na verdade, os poucos de quem conhecia a história eram Apolo e Shino, os demais membros ainda eram uma incógnita para ela.

    – Eu vim de uma lugar muito longe, há milhares de quilômetros daqui. E antes disso, de um lugar mais distante ainda. E para ser sincera, em nenhum dos lugares onde estive até hoje pude chamar de lar.

    – Entendo, mas… Isso não vem com o tempo? Digo com as amiza…

    – Eu imaginava que um lar era onde se encontrava a liberdade - prosseguiu.

    – Mas você tem liberdade aqui… Eu digo, é o que nós queremos te proporcionar, proporcionar a todos. 

    – Com você dando uma de líder para cima e para baixo, dizendo o que devemos ou não devemos fazer e a hora que isso deve ser feito. Dizendo quem merece mais ou menos estar ali? Que eu me recorde, apesar de minha relutância, contribui na construção do lugar.

    Penélope não respondeu de imediato, sentiu os olhos ficarem cheios de água mais uma vez naquela noite com as palavras da raposa ao seu lado. 

    – Me desculpe, Rubi – as palavras saíram mais fracas do que gostaria, levemente afetadas pelo choro que parecia prestes a se formar. Imaginava se um dia se tornaria uma líder boa o suficiente para seus amigos. 

    – Não se desculpe, você é nossa líder e fez o que devia fazer. Não hesite, pois se o fizer, como os demais confiarão em ti? Além do mais, tenho tornado a convivência difícil para nós duas.

    As palavras pegaram-na de surpresa e ela olhou confusa para aquela que as proferiu. Não estava ainda há poucos segundos criticando-a? Rubi porém, havia voltado-se novamente para a água, os olhos nublados e tristes. Penélope respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas a medida que falava. 

    – Eu sei que erro muito, bem mais do que acerto, mas eu prometo que sempre darei o melhor de mim para fazer com que um dia todos possam finalmente chamar essa guilda de lar.

    A raposa confirmou com a cabeça, ainda sem olhá-la. 

    – Eu não sei sua história e nem sei pelo que você passou, mas você faz parte do nosso grupo agora e sei que a maioria do pessoal daria vida por você, inclusive eu. Espero que um dia possa confiar em nós o suficiente para abrir seu coração.

    Um ligeiro sorriso brincou nos lábios da raposa, mas desapareceu tão rápido que Penélope pensou ter imaginado. 

    – Quem sabe um dia…

    A temperatura havia caído muito naquele horário, com certeza a madrugada estava próxima. A menor sentiu o corpo estremecer com o toque da vento gelado que agitara as gramíneas à beira da água. Levantou-se lentamente sentindo a rigidez do corpo por ter passado muito tempo imóvel se somar com a dor dos golpes levados durante a batalha, mas não se importou. 

    – Acho que está na hora de voltar – Anunciou e vendo a raposa fitá-la, estendeu-lhe a mão – Me acompanha de volta até em casa, mademoiselle? 

    Penélope sentiu os dedos quentes da amiga tocarem os seus e viu-a levantar-se e balançar a cabeça negativamente. 

    – Seu Kalosiano é péssimo - comentou, mas seu rosto agora não conseguia esconder o sorriso.

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    1. Eu li. Achou que eu não leria? Pois eu li.

      Seguinte, eu não vou comentar muito, mas aqui a gente tem uma situação mais delicada pra guilda, que é a forma como as relações dela estão ( ou não estão ) estruturadas. Com isso, vamos ser levados a um conflito causado por uma coisa que deveria ser supostamente uma missão qualquer por causa da questão da liderança local. Entre os dois principais envolvidos, Penélope e Rubi, a coisa já fica arrumada ali pro final do capítulo depois de terem sido " induzidas forçadamente " a um breve retiro, mas o evento que ocorreu nesse capítulo é a indicação de uma necessidade de se repensar as relações pessoais e profissionais do ambiente que eles compartilham.

      Valeu e até.

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