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domingo, 2 de dezembro de 2018

Fazia
um clima ameno naquela tarde de verão, diferente do que tinha sido em todos os
outros dias nas últimas semanas. O sol lançava seus raios por entre a folhagem
das árvores fazendo formas abstratas na vegetação rasteira, que agradecia por
ter a oportunidade de receber a tão desejada luz do sol para crescer de maneira
adequada. Não se via muito por aquela parte da floresta, poucos pokémons
passavam por ali e os que passavam, geralmente estavam perdidos, pois aquela
não era a estrada principal. Ainda sim, quem se atrevesse a por ali ficava
surpreso, pois a ultima coisa que esperavam era encontrar uma pequena cabana de
madeira de aspecto bastante humilde, porém com certo ar acolhedor. Poucos
poderiam imaginar que aquela era a sede de uma pequena guilda que estava
começando a se formar.
O lugar
realmente não era grande coisa, fora construído todo em madeira por um grupo de
pokémons ainda muito jovens, com pouco dinheiro e que de nada tinham de
conhecimento sobre construção civil. A
única coisa que havia em seu interior era a buscar por lar, por um abrigo, além
de uma sede de um dia poder alcançar a grandeza de serem mundialmente conhecidos.
Ainda havia mais um sentimento, ainda não conhecido por eles e nem
compartilhado pela maioria, porém estava presente e vivo, que era a necessidade
de construir família e de criar laços. O lugar havia sido escolhido, foram
retiradas as pedras e derrubadas algumas árvores, tudo feito com um trabalho e
sofrimento bem maior do que poderiam esperar, mas agora, ao olhar a pequena
cabana terminada, o grupo sentia orgulho de si mesmo.

Penélope,
Náutilos e Shino, apenas três foram responsáveis por aquele trabalho. Pouco se
via do pequeno Nigel que geralmente estava escondido em algum canto, medroso e
tímido demais para estar no meio do grupo. Além disso, de pouca importância
teria sua ajuda, achavam-no pequeno e novo demais até mesmo para participar de
uma guilda. Rubi ou Miss Areia, como chamava Penélope, também não residia ali e
eles muito pouco a viam, sabiam que morava em uma cabana construída na praia
por Náutilus, por isso a gata lhe dera esse “apelido carinhoso”. Aparentemente
a raposa era boa demais para trabalho braçal ou mesmo para estar entre eles e
estava pouco acostumada a falta de luxo, embora Penélope achasse que o local
oferecido por eles fosse capaz de dar mais conforto do que um pequeno abrigo
sujeito às intempéries da natureza.
Naquela
tarde, apenas a gata e a mariposa ali estavam, aproveitando o clima agradável
para ficarem no lado de fora da cabana, sentindo o doce cheiro da vegetação
úmida acompanhado do leve odor de maresia que não estava muito longe dali.
Shino, como de costume, estava lendo um de seus livros sobre plantas enquanto
escorava no tronco repleto de líquen de uma árvore, protegido do sol ao qual
odiava se expor. A menina, por outro lado, andada de um lado para o outro,
ansiosa pelo evento pelo qual aguardaram durante dias.
- Será
que ele irá gostar daqui? – Perguntou ela à Shino. Este levantou os olhos do
livro que lia enquanto dava-lhe um sorriso tranquilizador.
- Bem,
por que não gostaria? – Deu de ombros, voltando a leitura.
- Ah,
sei lá – Ela suspirou enquanto se sentava num velho toco de árvore – Eu
realmente não esperava por essa notícia. Não tinha como deixarmos ele lá, já
basta a solidão e o peso de viver sem a irmã – Disse enquanto torcia
nervosamente as mãos enquanto observava um arbusto de jasmins azuis ser tocado
pelo sol.
A
notícia da qual a gata se referia os pegara de surpresa no dia anterior. Há
alguns dias haviam acolhido uma Kirlia cujo nome era Lettis, ela estava grávida
e em situação de risco por ter sido agredida por um humano maldoso. Com a ajuda
de seus mestres, conseguiram lavá-la a um local seguro onde receberia
tratamento adequando, no entanto, o quadro dela ainda era grave. Todos tinham
medo de seu estado, porém a esperança de que tudo estivesse bem ainda vivia em
seus corações, principalmente por não terem mais recebido notícias da pokémon.
No dia anterior, foram pegos de surpresa com a carta trazida por um Wingull
cujo conteúdo dizia que a criança estava no hospital e seria levado para um
orfanato caso ninguém se dispusesse a cuidar dele. Nenhum dos três ali
residentes pensou em recusar, eram jovens e imaturos, porém não desprovidos de
sentimento. Se fosse para crescer, cresceriam juntos e o pequeno Ralts
receberia a melhor criação que poderiam dar.
O som
de pegadas se aproximando se tornou audível, retirando a pokémon de seus
pensamentos e fazendo-a voltar os olhos para a estrada, onde já distante duas
figuras podiam ser vistas. Uma era uma bela moça de vestido rosa, com um chapéu
que informava que ela era enfermeira e, ao seu lado, uma pequena criança de
cabelos verdes e vermelhos que cobriam-lhe grande parte do rosto. A criança
segurava-lhe a mão e andava de cabeça baixa, como se tudo ao seu redor o
deixasse inseguro. Vestia uma roupa cinzenta e já bem gasta e não trazia nada
consigo a não ser ela. Por um instante, o nervosismo da gata se tornou emoção e
ela quase se pôs a correr até eles, porém refletiu que a ideia poderia assustar
o garoto. Um pequeno movimento a fez notar que Shino agora estava ao seu lado.
Demorou
alguns minutos para que a dupla chegasse até eles. A Chansey, que provavelmente
era mesmo enfermeira, avaliou a construção demoradamente enquanto avaliava se
aquele era um local adequado e salubre o suficiente para se criar uma criança.
O pequeno, por outro lado, após uma olhada rápida e atenta, abaixara a cabeça e
não produziu nenhum ruído sequer
- É
aqui que reside a Skitty Penélope Bastet? – Perguntou a Chansey ainda com o
olhar avaliador – Meu nome é Angeline e sou do Centro de Apoio e Proteção
Pokémon.
- Sim,
sou eu e essa é nossa casa. Estamos tentando formar uma guilda - A Skitty ficou
novamente insegura, a casa era suficientemente boa para eles, mas seria
suficiente para criar um Ralts.
- É
claro que estão – Falou a mais velha num tom de desagrado – Muitas guildas vem
sido formadas ultimamente, espero que a de vocês consiga prosperar.
-
Estamos criando um bom planejamento e hoje mesmo nosso vice-líder foi até a
Central de Registros para torná-la oficial – Dessa vez foi Shino que falou –
Estamos muito felizes em receber Apolo como residente e honrados que a mãe dele
tenha nos deixado como indicação de possíveis responsáveis.
- Sim,
eu creio que estão mesmo – Disse em um tom um pouco mais animador – Ele é uma
criança muito inteligente e bondosa, porém fala pouco. Não creio que dará
trabalho para vocês. Crescer em contato com um grupo, mesmo que pequeno é o
mais saudável para qualquer filhote.
-
Faremos de tudo para que ele se sinta acolhido aqui – A gata completou
Todos
os papéis foram assinados e os acordos estabelecidos, Angeline disse que os
visitaria vez ou outra para saber como andaria o garoto e recomendou alguns
cuidado de que ele necessitaria. O pequeno Apolo nada disse, na verdade, o
tempo inteiro praticamente não se moveu, de maneira que se não estivesse de pé,
os outros teriam achado que estaria dormindo. Apenas a Chansey não estranhou
seu comportamento, apenas abaixando na altura do garoto e dando-lhe um abraço.
Palavras não foram necessárias, Ralts era um pokémon psíquico e tinha grande
sensibilidade para sentimentos, ele sabia o que ela queria dizer.
Penélope
chamou-os para dentro para preparar-lhes algo para comer no pequeno fogão do
lugar. Ali dentro não haviam mesas ou cadeiras, apenas dois colchões e uma rede
amontoados num canto. Shino saiu em busca de Nigel para que conhecesse o novo
membro, na esperança de que o mesmo socializasse com alguém diferente e apenas
restaram ela e o psíquico no lugar. Estranhamente, houve um longo momento de
silêncio na cabana, pois a gata pela primeira vez da qual se lembrava, não
soube o que dizer. E por mais que vez ou outra ela pensasse no que deveria
perguntar, não sabia como expressar em voz alta, como se ainda não fosse o
momento. Sentia-se constantemente observado pelo pokémon, mas tinha ciência de
que desde que o mesmo se sentara encolhido no chão, ainda não havia mudado de
posição era como se fosse uma estátua ali.
Poucos
minutos antes do ensopado de berries ficar pronto, Shino e Nigel chegaram ali.
O inseto parecia mais animado agora e que a lua havia chegado e trazia o
pequeno azul atrás de si. Por algum motivo, talvez por seu carisma e paciência
naturais, ele fora o único que conseguira se aproximar do Azurill e aos poucos
o trazia para a convivência do grupo. Uma vez até conseguira fazê-lo treinar
com ele e nos últimos dias, o ouvira falar algumas vezes. Náutilus na maioria
das vezes o assustava e o fazia fugir, talvez a imponência e a que o pokémon
exibia o assustassem, mas nunca chegariama a saber.
- O-olá
– Cumprimentou Nigel, olhando receoso para Apolo. O pokémon não deu sinais de
ter ouvido, mantendo a mesma posição de braços e cabeça sobre os joelhos. O
azurill questionou Shino com o olhar, mas o mesmo apenas deu de ombros.
- É o
primeiro dia dele aqui. É normal ficar inibido – Explicou pacientemente. Tentou
conversar mais algumas vezes com o pequeno, mas em nenhuma delas obteve
sucesso.
A sopa
foi servida a todos, mas antes de começarem a comer a porta abriu de supetão e
uma figura carismática e desleixada passou por ela. Gotas de suor escorriam por
seu pescoço, mostrando que correra bastante para chegar até ali. Seu rosto
exibia um belo sorriso de dentes brancos e, juntamente com os olhos brilhantes,
anunciava que traziam uma boa notícia.
- Boa
notícia, galera! Fomos aprovados como guilda dessa vez! – Anunciou ele, quase
com um grito.
Já era a terceira vez que
tentavam, mas como não possuíam sede estabelecida, ainda não haviam sido
aprovados. A notícia deixou o grupo paralisado por alguns instantes, até Shino
e Penélope explodirem de alegria e correrem até o aquático para darem-lhe um
abraço. Até mesmo Nigel apresentava estar feliz, embora sua cara dissesse mais
que queria fugir correndo dali. Ralts continuava sem se expressar, apenas havia
mudado de posição e cruzado as pernas para apoiar a tigela de sopa sobre as
mesmas.
- Finalmente! Que notícia boa! –
Os olhos de Penélope brilhavam e ela quase pulava de excitação.
- Não é? Eu sou demais – Brincou
o aquático.
- Eu estou bem surpreso por terem
aprovado você com esse trajar. Provavelmente mandaram conferir pra ver se a
sede não era embaixo de alguma ponte – Provocou Shino rindo, também não
escondendo sua felicidade.
- Haha, piadista... Agora, eu
estou morrendo de fome. O que... – Pela primeira vez ele notou a presença de um
pokémon diferente no ambiente – Então esse é o nosso novo amigo Apolo. E ai
carinha, tudo beleza?
Diante da falta de resposta do
garoto, ele olhou para os outros que apenas deram de ombros como se dissessem
que ele também não os havia respondido. Náutilus não questionou, apenas passou
a mão pelos cabelos levemente sem graça.
- Bem, eu estou doido para encher
minha pança. Depois do jantar eu e o Shino vamos tentar arrumar umas roupas que
te servem, ao menos por enquanto, acho que você não vai querer ficar usando essas
ai pra sempre – Continuou ele, sem esperar resposta dessa vez.
Após todos comerem, cada um se
dirigiu a seu canto enquanto os mais velhos procuraram roupas que pudessem
servir no mais novo, que se trocou atrás da única porta do lado de dentro da
casa, que dava em um banheiro. Por fim, uma camisa de mangas longas e Náutilos
e uma calça velha de Shino foram as únicas coisas que acabaram por “servir”,
entre aspas, pois ambas ficaram grandes demais. Penélope o olhou demoradamente
quando saiu já vestido, era uma das coisas mais fofas que ela já havia visto.
Antes que o garoto se encolhesse
novamente em seu canto, ela o chamou, fazendo sinal para que o acompanhasse.
- Vamos dar uma volta – Disse
apenas e ele a seguiu em silencio. Ainda sem olh-a-la.
A noite apresentava um leve ar
frio e o ar trazia a umidade de uma chuva que estava por chegar. Mesmo sendo o
começo da noite, ainda se ouvia a melodia produzida pelos grilos entremeada com
a canção que o vento produzia na noite das árvores. Diziam que as manhãs eram propícias
aos começos, mas o que poucos sabia era que as grandes histórias também
começavam a noite, pois era durante a noite em que as importantes decisões eram
tomadas. Decisões muitas vezes significavam mudanças e mudanças significavam
recomeços.
Eles
caminharam lado a lado por um tempo na estrada, até chegarem a uma rocha e
sobre essa rocha, Penélope se sentou e fez sinal para que Apolo sentasse ao seu
lado. Durante algum tempo ela não disse nada, ambos desfrutando do silêncio e
da quietude da escuridão.
- A
maioria dos pokémons gosta do dia. Eu também gosto muito, mas meu momento
preferido é o por do sol. É quando os dois momentos se unem e por mais que o
dia tenha sido ruim, sabemos que sempre podemos começar de novo. Por isso nossa
guilda se chama Alfa Sunset – Ela começou a falar, mas parecia simplesmente
divagar, como se não esperasse resposta de ninguém.
- Eu sei que as coisas são difíceis, a vida é
muito difícil no geral, pois acontecem coisas ruins. Ás vezes a única coisa que
nos prende aqui são os laços que criamos e as pessoas por quem nos afeiçoamos.
Talvez seja por isso que formamos guildas, eles se tornam nossos laços e nossa
família – Suspirou, olhando para os próprios pés antes de prosseguir.
- Você
acabou de chegar, mas já pode perceber que não somos adultos, nem temos um
grande lugar para morar, mas cuidamos um do outro. Você agora faz parte da
nossa família, ok? E mesmo que ainda não esteja pronto pra falar, mesmo que
demore muito tempo pra confiar, estamos aqui por você. Eu estou feliz que
esteja aqui.
Quando
concluiu sua fala percebeu uma movimentação do pequeno ao seu lado e se virou e
o encontrou encarando-a. Teve um leve vislumbre de seus olhos por entre os
cabelos. Eles eram vermelhos e olhavam-na como se a tivessem visto pela
primeira vez, durante todo o dia. Eram
olhos maduros, maduros demais para alguém tão jovem. Ele não pronunciou palavra
alguma, mas ela viu um pequeno sorriso em seus lábios e naquele momento nada
mais precisava ser dito.
***
Essa é a primeira história da
qual me recordo da guilda e é a mais marcante até então, sei que talvez achem
estranho estar contando ela na terceira pessoa, ao invés da primeira, mas para
mim é mais fácil narrar dessa forma, pois será dessa maneira que contarei as
próximas histórias, que não serão apenas minhas. Ainda hoje me vem uma confusão
na cabeça do dia em que conheci meu Apolo, é como se as emoções oscilassem em
minha mente. Hoje percebo que talvez esse mistura de emoções viesse dele
também, da falta de controle de seu poder que já era grande nessa idade.
De qualquer forma, se alguém, em algum dia ler esse diário, saberá
quando a guilda foi formada e por quem. Sei que não estarei presente para ver
meus companheiros virarem lendas, mas eternizarei seus feitos nessas páginas, é
a minha forma de estar com eles para sempre.
Com amor.
Penélope Bastet.
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Carol, você é uma filha da mãe. Amei, sério. Eu vi aqui muita coisa, sinceramente. Eu, pessoalmente, amei esse começo de guilda, porque foi simples, sem grandes coisas, foram como o dia a dia.
ResponderExcluirDepois só recomendo uma revisada em umas partes do capítulo, porque algumas letras sumiram. Mas é só.
Muito bom, Carol, muito bom.
Meu notebook ta meio bugado, então as vezes aperto a tecla mas não vai. Vou dar uma olhada aqui. Fico feliz que tenha gostado e obrigada por comentar!
ExcluirHello Carol!
ResponderExcluirHum agora entendi o que se trata a guilda.
Parece uma boa ideia mostrar um pouco do relacionamento dos pokémon dessa forma mais descontraída, acho que vou tentar fazer algo do gênero em Neo Sinnoh.
Até mais my laid!
Oii Anan! Que bom que você gostou, vou trazer vários capítulos assim.
ExcluirAnsiosa para ver o que você fará com os pokémons do seu time. Já temos um grupo bem diversificado por ali.
MEU DEUS CAROL QUE CAPÍTULO DE INTRODUÇÃO MAIS BOMNITO AFF QUE COISA MAIS LINDA A CHEGADA DO APOLO NA GUILDA E TODO MUNDO RECEBENDO ELE EU FICO TODO MOLE IGUAL GELATINA E O BABY NIGEL, AFF, EU NÃO AGUENTO A FOFURA EU AMEI DEMAIS ESSE CAPÍTULO, DEVERIA TER LIDO A MAIS TEMPO, JÁ VOU ATÉ LER O PRÓXIMO
ResponderExcluirAAAAA ESSE CAPÍTULO É MUITO PRECIOSO. Preciso escrever mais caps da guilda. Faz um tempinho já que não publico nada.
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