sábado, 28 de novembro de 2015
A sala
de recepção do centro Pokémon estava cheia, mas ainda assim, um silêncio frio e
tenso pairava sobre os quatro jovens ali sentados. Ainda não haviam recebido
notícias sobre a Pokémon que salvaram, apesar de questionarem a cada
funcionário que surgia porta afora se os mesmos sabiam sobre algo. Por fim,
acabaram por acalmar os ânimos sentando-se nos sofás da recepção.
Encontravam-se próximos fisicamente, porém, cada um preso em seus próprios
pensamentos de modo que nenhuma conversa havia sido estabelecida.
Brendan
parecia chateado consigo mesmo. Não lhe agradava a idéia de ficar preocupado e
tenso por um Pokémon, muito menos uma Pokémon que nem conhecia e ainda assim,
não conseguia deixar de pensar na criatura. Talvez o fato de estar ali em meio
àquela atmosfera doentia carregada de dores de criaturas feridas e sentimentos
intensos de seus treinadores o fazia-no ter aqueles pensamentos estúpidos.
Queria sugerir aos outros que prosseguissem viajem e que Wallance fosse para
casa, mas tinha consciência de que com sua fala acabaria gerando mais discussão
do que soluções.
Por
fim, não mais suportando a tensão do local, ajeitou a toca sobre sua cabeça e
levantou-se e se dirigiu a saída do prédio, sem anunciar aos outros aonde ia. O
ar fresco da noite atingiu-lhe dando um sopro de vida e, ao mesmo tempo,
despertou-lhe o ar melancólico que vinha tentando ocultar até então.
Não
queria estar ali e sim em sua casa, de preferência trancado no quarto. Se
houvera um tempo em que desejara ser treinador, este há muito havia sido
deixado para trás, juntamente com a maioria dos pensamentos infantis. Há muito tempo criara aversão por jornadas e
principalmente por pokémons e ainda assim as pessoas insistiam que ele devia ser
algo que não queria. Não bastava não gostar de pokémons, ainda tinha que
conviver com pessoas que eram aficionadas pelos mesmos. Seu pai era pesquisador
e o avô era líder de ginásio, e se não bastasse, ainda tinha tido a
infelicidade de seu primo ter ganhado a liga de Kanto 2 anos atrás, não que não
ficasse feliz por Red, mas o fato pareceu obcecar ainda mais o homem a torná-lo
treinador.
Devido
a seus pensamentos aéreos, não percebeu aonde seus pés levavam-lhe e, assim que
percebeu onde estava, sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Estava na
beira do acostamento de uma avenida, ao seu lado, haviam grades pintadas de cor
verde para proteger as pessoas que por ali passavam do grande lago da cidade
que passava logo abaixo. Sem conseguir se mover mais, o garoto sentou-se
voltado para o lago, com os pés balançados sobre as calmas e escuras águas, e a
cabeça apoiada sobre os braços. Simplesmente olhava para um ponto indeterminado
a sua frente.
Se
houvesse parado para admirar a paisagem ao seu redor, perceberia que se
encontrava em um dos pontos mais bonitos da cidade. A lua brilhava com sua luz
misteriosa e ao mesmo tempo encantadora, sendo refletida com perfeição pela
água abaixo de si. Havia muitas outras luzes e muitos outros prédios, que
também refletiam sobre as águas, que naquela noite pintava em si mesmo um
cenário digno de Van Gogh. No entanto, sua mente juvenil estava longe, preso a
alguma lembrança que lhe atormentava o pensamento.
Fazia
tanto tempo... E ainda assim as imagens continuavam vívidas em sua mente, como
um filme trágico que se repetia diversas vezes para tortura de seu expectador.
Prometera a si mesmo tentar apagar aquilo de sua mente e às vezes conseguia,
mas hora ou outra as mesmas voltavam tão fortes e tão pesadas que levavam-lhe
lágrimas aos olhos vermelhos. Não queria chorar, não podia, já estava cansado
disso.
“Não tem problema o homenzinho chorar se ele
estiver triste”. Uma voz suave sussurrou em seu ouvido e, quando olhou para
o lago, o mesmo parecia emitir de suas profundezas a imagem de um lindo rosto
ao qual doía tanto ao menino se lembrar. Aquela bela mulher de cabelos negros e
pele pálida, já um pouco debilitada pelo mal que a acometia, sorria ternamente
para ele. Dali em diante, foi impossível conter as lágrimas, que logo escorriam
pelo rosto.
As
pessoas que por ali passavam pareciam não enxergar ou fingiam não ver o menino
mergulhado em sua própria dor, e nenhuma delas se interessou por perguntar
sobre seu estado, o que o mesmo agradeceu profundamente, visto que não queria
conversar com ninguém naquele momento. Pouco reparou que alguém havia parado ao
seu lado e que essa pessoa não se mexia.
-
Brendan! Ainda bem que te achei! – Reconheceu logo a voz de Juliana. Ela
parecia ofegante e sua voz demonstrava alívio – Estávamos preocupados. Você
saiu sem dizer nada a ninguém, pensamos que talvez houvesse acontecido algo.
- Você
já me encontrou, agora vá! Quero ficar sozinho – Resmungou em tom baixo e
agressivo, sem levantar o olhar para ela para que não percebesse que andara
chorando. Desejava claramente que a negra estivesse a quilômetros daqui.
- E
como você não manda em mim e eu não quero deixá-lo sozinho, não vou sair daqui
– Respondeu ela em desafio, pelo movimento de seus pés, ele concluiu que ela
encarava o lago a sua frente.
- Mas
que inferno! Pouco me interessa aquela Pokémon maldita e o que vai acontecer
com ela. Suma daqui e me deixe sozinho, porra! – Gritou Brendan, naquele
momento estava realmente irritado.
- Olha
a boca suja... Já disse que ficarei aqui e que você não manda em mim. Que eu
saiba aqui é um espaço público! – O rapaz sentiu vontade de continuar a
discussão até conseguir expulsá-la aos gritos ou simplesmente sair dali
correndo, mas não o fez. Sabia que não adiantaria e nem tinha animo para isso. Apenas
se conteve em continuar a olhar para onde olhava antes e murmurou uma resposta
seca.
- Faça
o que quiser.
Alguns
minutos de silêncio seguiram-se, sem nenhuma das partes expressarem algum
desejo de se manifestar. Brendan imaginou até quando a morena agüentaria ficar
em pé sem reclamar nada até que a mesma se moveu, abaixando-se para sentar ao
seu lado. Em nenhum momento ela encarava o rosto do mais novo, talvez
entendesse que era algo que ele também não possuía desejo de falar sobre.
- Que
parte do “eu quero ficar sozinho” você não entendeu?
- Você disse que queria ficar
sozinho e eu também quero. Então acho que poderíamos ficar sozinhos juntos. O
que acha?
Por algum motivo, a fala da
garota o fez soltar uma pequena risada. Talvez a maneira gentil e doce com que
ela havia dito, ele não sabia. Somente sentiu que naquele momento não detestava
tanto a negra e que talvez, apenas talvez, ela poderia ser uma companhia
agradável. Quando não estava cantando, é claro.
- Como você consegue ser tão
irritante? – Perguntou o menino e pelo tom de sua voz, ela pode perceber que
parte da tensão anterior havia se quebrado.
- É um dom, poucos têm esse
talento – Respondeu rindo e ele apenas balançou a cabeça negativamente, um
pequeno sorriso torto brincava em seus lábios. No entanto, algo lhe ocorreu na
mente, ela com certeza havia percebido que ele chorara.
- Será que você poderia...
- Não se preocupe, eu não vi nada
– Respondeu com voz misteriosa e distante – Mas ainda precisamos voltar, está
ficando tarde...
- Só me dê um tempo – Cortou-a
bruscamente. Nenhum dos dois disse mais nada, apenas puseram-se a olhar um
pequeno Volbeat bater suas asas apressadamente iluminando as águas sobre as
quais passava.
***
No
Centro Pokémon, nada havia se modificado para os dois jovens que ainda
esperavam impacientes. May já havia se levantado, dado voltas na recepção e
sentado três vezes, sem que nenhuma notícia houvesse surgido, parecia
impossível que até agora não tenham podido dar-lhes notícia nenhuma. Depois de
muito tempo, uma enfermeira surgiu e fez sinal para que ambos se aproximassem.
Sua cara não lhe dava um aspecto de portadora de boas notícias.
- Por
favor, enfermeira, nós não agüentamos mais. Dê-nos uma notícia, em nome de
Arceus! – Implorou May já segurando a mão da mulher entre as suas. Wally ficou
ao seu lado, mas não disse nada, pelo seu olhar dava para ver que seu desespero
era semelhante ou até maior que o da amiga.
- Eu
lamento não ter uma boa notícia para dar-lhes garoto, mas o estado da Kirlia é
muito grave e creio que ela não sobreviverá. Fizemos tudo o quanto foi possível
e agora só depende dela, as próximas horas serão decisivas. Pelo menos
conseguimos salvar os filhotes, eram dois e bem pequenos.
-
Podemos vê-la? – A pergunta de Wally soou tão abalada que a enfermeira não pode
deixar de sentir uma onda de compaixão.
-
Podem, mas é necessário que seja um de cada vez. Estressá-la não seria nada bom
na situação atual. Ela é um pokémon psíquico então pode sentir suas emoções e
espírito inquieto.
- Vá
vê-la Wally – Disse a garota antes do amigo se manifestar. A personalidade altruísta
dele provavelmente tentaria ceder-lhe a vez, mas ela sabia que ele, dentro
todos ali, era o que mais merecia e o que mais se dedicara ao resgate da
pokémon.
- Mas
May... – Ele começou a refutar, porém foi logo cortado pela morena.
- Vá
logo! Quando mais tempo perder aqui, pior poderá ser a situação dela.
Ansioso
por ver a criatura logo, apenas assentiu a cabeça, agradecendo internamente a
May por aquele momento concedido. Guiado pela enfermeira, passou por uma das
portas ao lado do balcão com os dizeres “Acesso somente para pessoal autorizado”
e seguiu por um corredor largo de paredes claras. O cheiro de produtos de
limpeza pairava no ar e fazia seu nariz coçar, mas nada muito intenso.
Chanseys, homens e mulheres passavam hora ou outra de uma porta para outra, sem
prestar muita atenção no visitante, que olhava curiosamente para tudo.
- Essa
porta dá em uma sala que leva a UTI. Preciso que retire sua roupa e a deixe em
um canto assim que entrar. No armário branco ao lado do box do chuveiro estão
as roupas que deve vestir. Assim que terminar, me espere na frente da porta do
lado oposto.
O
garoto fez assim como lhe foi indicado, apesar da vergonha de se despir e ter
de usar roupas muito maiores do que ele que praticamente arrastavam no chão. A
mulher de cabelos róseos chegou até ele pouco tempo depois, com sua roupa já
trocada e entregou-lhe coisas para cobrir-lhe os cabelos e os pés.
Foi
guiado pelas salas da UTI a seugir. A medida que andava, podia ver os pokémons
que ocupavam os leitos, a maioria era da região, mas havia um ou outro
desconhecido. O estado de alguns era lastimável, seja pela aparência cadavérica
ou por ferimentos de aspecto grave. Houve uma parte que lhe pareceu reservada à
pokémons idosos, a maioria imóvel sobre a cama. Quando finalmente chegou até
onde estava Kirlia, soltou um suspiro de angustia.
- Vou
deixá-lo sozinho por alguns minutos. Não a toque! Infecções nesse estado podem
ser fatais – Instruiu a mulher e o garoto fez um aceno indicando que havia
entendido.
A visão
de Kirlia naquele estado foi, de longe, a coisa mais triste que já havia
chegado a seus olhos. A maior parte de seu tórax e abdome estava coberta de
atadura. A pele ainda mais sem cor, adquirindo um branco doentio. Havia
diversas agulhas em seu braço, todas ligadas a cateteres que levam-lhe sangue,
medicamento e alimentação endovenosa. Em seu rosto havia uma máscara conectada
a um tudo que lhe fornecia oxigênio. O menino temeu ficar até mesmo alguns
passos de distância, parecia que qualquer ação que fizesse poderia, de algum
modo, afetá-la.
No
entanto, como se pressentisse sua aproximação, a pokémon abriu os olhos
lentamente. Havia tanta tranqüilidade contida neles que Wally questionou-se se
ela tinha alguma consciência da situação em que estava. Não havia dor, medo,
insegurança em seus olhos, apenas uma misteriosa sabedoria, além de, bem no
fundo, uma tristeza profunda.
“Pode
chegar mais perto, Wally” Disse uma voz em sua mente, e o garoto reconheceu-a
imediatamente.
- Eu
posso fazer algo errado e... Acabar te machucando... – Disse com voz baixa, no
entanto, sabia que ela ouviria.
“Você
não vai fazer isso. Por favor, chegue mais perto” A voz parecia ficar mais
fraca a cada palavra, mas não falhou em nenhum momento.
- Por
favor, não se esforce muito. Precisa descansar para ficar boa e ver seus
bebês...
“Eu já
estou tão bem quanto posso ficar. Não se preocupe comigo...”
- Não
diga esse tipo de coisa! – Murmurou ele, os olhos enchendo-se de lágrimas. Não
queria chorar na frente dela, mas não conseguia se conter. Podia ver na face da
pokémon, ela sabia que iria morrer.
“Você é
um garoto tão gentil” Parou alguns segundos. “Sabe, a vida de todos os seres
que habitam nesse planeta é como um ciclo: ela tem início, meio e fim, para então
se renovar com todo seu esplendor. O medo de encarar a morte não passa de uma
bobagem, pois ela é natural e, como todas as fases da vida, tem sua beleza. O
meu renascimento com esplendor está naquelas pequenas criaturas que carreguei o
ventre por meses, e que você ajudou a vir ao mundo. Agora já chega minha hora
de partir”
“Antes
que não me deixe concluir minha fala, gostaria de dizer... Os nomes são Apolo e
Artemis... Cuide deles...” Sua respiração acelerou assim como sua frequência
cardíaca, ela começou a tremer e seus olhos saíram de foco, iluminados por um
brilho róseo. Wally se desesperou e quebrando as regras que lhe foram ditas e
tocando a pokémon.
Como se
um raio, tivesse atingido-o, o garoto recuou. Diversas cenas se passaram por
seus olhos, cenas aterrorizantes, medonhas. Ele estava lá, mas havia outras
pessoas, muito mais e o garoto não pode deixar de soltar um grito diante do que
viu. Afastou-se bruscamente topando na parede atrás de si e deixando-se cair no
chão suando frio e com tremores percorrendo-lhe o corpo.
Imediatamente o som de um bipe preencheu ecoou
em seus ouvidos, mas ele não conseguia se mexer, vidrado em algum ponto
desconhecido em sua frente. Mãos tentaram erguê-lo e por um instante ele
deixou-as fazê-lo, até que voltou a si e desvencilhou-se das mesmas. Disparou
para fora da sala até o banheiro mais próximo que havia visto, se pondo a
vomitar tudo que havia tomado de café. Duas únicas palavras ecoavam por sua
mente, ele não soube dizer se fora Kirlia ou seus próprios pensamentos.
“Obrigada” e “Prepare-se” Era
tudo o que se lembrava.
***
May
ainda estava à beira do balcão esperando pelo retorno do garoto quando ouviu as
portas do centro se abrirem e alguém chamar seu nome. Virou-se e viu que os
dois colegas de viagem se aproximarem, Brendan com sua cara mal-humorada típica
e Juliana com uma expressão preocupada.
- Alguma notícia? – Perguntou a
negra e a mais nova suspirou.
- Os filhotes nasceram, mas a
Kirlia provavelmente não sobreviverá. Wally está com ela na UTI, creio que se
alguém tenha o direito de passar com ela seus últimos minutos, esse alguém é
ele – Disse com o olhar cabisbaixo e em seguida dirigiu-o para Brendan – Onde
você esteve?
Ele abriu a boca para responder,
provavelmente uma resposta mal-educada, mas duas figuras resfolegantes entrando
no centro pokémon captaram a atenção do grupo.
- Finalmente... – Disse a mulher após ter respirado profundamente por
alguns segundos, May imediatamente se lembrou daquele rosto, era a mãe de Wally
– Você! – Gritou a senhora apontando para Juliana - Onde está meu filho? O que
fez com ele? – A negra se assustou e se escondeu atrás dos outros dois.
- E-eu não sei do que a senhora
está falando – Gemeu assustada.
- Você sabe muito bem! Ligou para
minha casa tentando atrair meu filho para problemas e agora conseguiu. Onde ele
está?
- Nós não... – Começou May, mas
Brendan a interrompeu.
- Ele está aqui senhora. Wally
veio ver a Kirlia e acho não irá demorar- O tédio que sentia era explícito em
sua voz. Provavelmente Charlotte também percebeu, pois parecia ainda mais
furiosa.
- Tragam-no aqui imediatamente! E
da próxima vez que eu os vir junto de vocês irei chamar a polícia! Onde é que
já se viu raptarem um garoto doente e levar para onde bem entenderem? – Aquela fala
por algum motivo irritou profundamente a garota. Wally era pouco confiante e se
achava inferior aos outros, como poderia ser diferente se era tratado apenas
como um garoto doente pela família?
- Como pode falar isso? Wally é
um garoto normal! E tem sonhos! Como podem enxergá-lo apenas como uma pessoa
doente? – Disse ela, exaltando-se também.
- Quem é você garota? O que você
acha que sabe sobre o Wallance?
- Eu sei que...
- Fique quieta, May! – Disse Brendan
entre dentes, após dar lhe um cutucão.
- De que lado você está?
Uma campainha soou atrás do grupo
fazendo-os se calarem e voltarem-se para a origem do som onde viram a feição de
uma enfermeira furiosa.
- Onde vocês pensam que estão?
Isso é um hospital, deve-se fazer silêncio!
- Desculpe senhorita enfermeira.
Estávamos procurando nosso filho e achávamos que o mesmo havia fugido para cá.
Não foi nossa intenção causar tumulto, minha esposa acabou se exaltando por
estar muito nervosa com toda essa história – O homem, que deveria ser o pai de
Wally se manifestou pela primeira vez após sua chegada. Era um pouco gordo e embora
estivesse um pouco calvo, possuía os mesmos cabelos verdes do filho.
- Eu estou aqui pai – Uma voz
fez-se ouvir na direção em que estava a enfermeira e viram Wally surgir pela
porta. Ainda estava o mesmo garoto magrelo, mas May notou nele algo diferente,
talvez em seu olhar ou sua postura e no fundo, soube o que significava, em
algum momento, dentro de uma daquelas salas, o garoto de cabelos verdes havia
crescido. Sua mãe correu até ele e abraçou-o fortemente, a segunda vez naquele
dia.
- Meu filho, esta tão preocupada
com você. Está de castigo pelos próximos 30 anos! – Disse em tom choroso. O
menino nada respondeu, apenas dirigiu seu olhar para May e proferiu suas
próximas palavras.
- Ela morreu – Uma dor incontida
estava presente em suas palavras, não havia brilho nos olhos azuis. Em seguida,
atirou algo que ela pegou por instinto e assim que o fez, notou que era uma
pokeball.
- Essa é a pokeball de um dos
Ralts, seu nome é Apolo. Ele ainda precisa ficar sob observação, pois nasceu
menor e mais debilitado do que a irmã, mas quero que fique com ele – O menino
falava com uma voz firme.
- W-Wally, v-você quem deve ficar
com eles.
- Não, não posso cuidar dos dois.
Você fará isso melhor do que eu. Estamos viajando amanhã mesmo para Verdantur.
Preciso de você para isso! – Ela confirmou com a cabeça, daria o melhor de si
para o pequeno pokémon.
- Wally, sobre essa história de
pokémon... – Começou a Sra. Young, mas o garoto a interrompeu educadamente.
- Desculpe mamãe, mas podemos
conversar isso em casa? – Ela parecia um pouco contrariada, mas acabou
aceitando. Em seguida o garoto se despediu de seus amigos e seguiu para casa com
os pais, ainda sob ameaça de ficar de castigo até que tivesse seus próprios
filhos. O trio ficou apenas observando-os sair em silêncio, sendo o mesmo
quebrado apenas alguns minutos depois por Juliana.
- Ufa, já estava vendo a hora de
apanhar – Suspirou de alívio e olhou para May - Porque não vamos ver seu novo
pokémon?
- Eu vou dormir... Já tive demais
de pokémons por hoje – Anunciou o rapaz e se dirigiu às escadas. As outras não
lhe deram importância.
- Eu não sei se podemos, vamos
pedir para a enfermeira e ouvir o que ela diz.
A enfermeira estava relutante com
o pedido das meninas, mas no fim, acabou por aceitar sob a promessa das garotas
de que não iriam demorar. Elas entraram pela mesma porta que Wally, porém tomaram um caminho
diferente, subindo uma escada no final do corredor para chegar a maternidade.
Assim que entraram, puderam ver quão frágeis eram as criaturas que ali ficavam,
muitos deles pareciam somente estar vivos graças aos aparelhos ligados a ele. A
mulher guiou-as até um dos últimos, onde uma pequena criatura ligada a diversos
fios e tubos lutava para se manter nesse mundo.
Era uma criatura pequena, bem
pequena, sendo pouco maior que o palmo da garota. Possuía uma pele clara,
recoberta por longos e finos pelos brancos. Sua cabeça era quase totalmente
coberta por algo que se assemelhava a um capacete verde, mas que sabiam ser
parte do pokémon. Dois chifres vermelhos saiam do mesmo adornando sua testa e
nuca. Sem dúvidas, aquele era um Ralts lindo.
- Ele é tão fofo – Comentou a
mais nova, olhando encantada para o bebê. Juliana falou algo em seguida, mas
ela não escutou, pois uma voz diferente entrara em sua cabeça.
“Quem sou eu?” May ouviu uma voz
infantil e suave como uma brisa em sua cabeça. Assustou-se por um instante, mas
logo entendeu de onde vinha.
- Seu nome é Apolo. Você nos deu
um trabalhão pra chegar até aqui, sabia? – Comentou sentindo um aperto no
coração ao se lembrar da Kirlia, era difícil acreditar que haviam perdido-a,
ela nunca vira um pokémon morrer.
“Você é minha mamãe?”
- Não, não sou sua mãe, mas
prometo cuidar de você de agora em diante. Você nunca ficará sozinho – O pokémon
não respondeu, mas May pode ver um breve sorriso através da máquina de
oxigênio.
- Meninas, temos que ir –
Anunciou a enfermeira.
- Sim senhora – Respondeu a mais
nova sorrindo -Até logo, Apolo! Eu prometo que você será o pokémon psíquico
mais forte de toda Hoenn!
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Uoooohoooo!Finalmente salve,salve!Finalmente um novo cáp!Ficou muito bom,mas deu dó da Kirlia ter morrido.E bem,por que os nomes dos deuses Apolo e Artemis?Não fez muito sentido pra mim,pois são deuses que em minha opinião não combinam com Raltz e sua linha evolutiva.
ResponderExcluirMas espero que continue postando e melhorando a cada dia,então té mais!
Oiiiiiii! Sabia que você seria o primeiro a vir comentar rsrsrs
ExcluirTbm me deu dó a Kirlia ter morrido, as vezes quando assistia o desenho ou jogava os games ficava imaginando como seria se mostrassem a verdadeira história de tudo e, na vida real, isso acabaria acontecendo. Ainda acho que no pokémon fire red/leaf green que a gente mata o Raticate do Gary.
Cara, culpe Percy Jackson kkkkkkkk Eu escolhi os nomes que eu pelas personalidades que combinavas com os gêmeos deuses dos livros. Você verá adiante, principalmente pelo Apolo, que tudo fará sentido.
Obrigada por comentar e até a próxima :D
Vou ter de ler Percy Jakson pra fazer a comparação,ao que parece.
ExcluirNão precisa não hahaha. Foi só uma referência para escolha dos nomes mesmo, mas nada influenciará na história se vc não tiver lido. ^^
ExcluirAcho que temos o nosso melhor capítulo até aqui!
ResponderExcluirEu não sou muito fã dos dramas, mas toda a história foi bem trabalhado nessas linhas. Desde o dilema do Brendan de não estar mais satisfeito com a jornada, o que é um lado bem interessante a se discutir já que sempre pensamos nessas jornadas pokemon como as mil maravilhas, realizações de sonhos e conquista de glória, e acabamos esquecendo o quanto deve ser difícil deixar toda a mordomia e conforto de casa e a saudade dos parentes queridos.
Não sei o porque, mas não fiquei triste com a morte da Kirlia. Ela tratou isso com tanta naturalidade e normalidade que simplesmente não fiquei triste, a missão dela nessa terra já estava cumprida. E esses filhotes!!! Adorei os nomes e espero que role muita treta e rivalidade assim como acontece com os verdadeiros deuses arqueiros.
Pra terminar... QUE DIABOS DE SPOILER SOBRE KANTO É ESSE? Gente, isso não é crime? Nunca leu que nos 10 mandamento dizia "Não spoilerarás"? Vou contatar meus advogados.
Oi Gaaaahhh. Sério que você achou que foi o melhor capítulo? XD Não sei porque, mas considerei um dos piores, talvez pela dificuldade que tive em escrevê-lo, sei lá.
ExcluirPois é Gah, nem todo mundo gosta de pokémons ou quer sair em jornada no mundo, isso seria meio impossível e Brendan talvez seja uma dessas pessoas. Pouco a pouco acabarei revelando mais sobre a personalidade dele e seu passado.
Nãããão me processe, foi sem querer. Sorry! (Vamos concordar que não é segredo de ninguém, pois Red é considerado o melhor treinador de todos os tempos da história de Pokémon).
Obrigada pelo comentário, Gah! Nos vemos na próxima!
Nossa, que capitulo triste :'(
ResponderExcluirOi Carol o/ Acho que nunca devo ter comentado aqui, mas sempre leio os capitulos (quando chegam), acho que sou um leitor fantasma, mas pretendo mudar isso.
Esse capitulo foi um tiro, tivemos Brendan quase se abrindo, e morte da pobrezinha da Kirlia :/
Eu gostei dos gêmeos, e a referencia à Apolo e Artemis (E pelos comentários anteriores, semideusa?) Bom, espero ver Mega Gallade e uma Mega Gardevoir já -q
Bem, até mais o/ aguardando o proximo capitulo :3
PS: E que spoiler é esse de kanto? :o
PS 2: "Gente, isso não é crime? Nunca leu que nos 10 mandamento dizia "Não spoilerarás"? Vou contatar meus advogados."//RT por que me definiu >.<
Fico feliz que você veio aqui comentar, Alexander ^^. É sempre muito bom quando conseguimos novos leitores ou quando os que nos acompanham anonimamente decidem comentar.
ExcluirFico feliz que você tenha gostado dos nomes e do capítulo. Espero que continue a acompanhar e que os próximos lhe agradem tanto quanto esse.
Bjossss. Até a próxima!
Obs: O spoiler foi sem querer querendo T-T
Eai Carol, tudo bem?
ResponderExcluirAchei bem legal o capitulo, achei triste pela Kirlia ter morrido, mas gostei do fato de Apolo estar no time de May (E Artemis no time Wally, que espero que volte logo.).
E esse spoiler ali sobre kanto? Vou finjir que não vi u.u
Sobre essa visão de Kyogre: Quero mais!
Enfim, não sou muito bom em escrever comentários, mas espero nos vermos novamente no proximo capitulo.
Até o/
kkkkkkkk Que bom que você gostou do capítulo e dos novos pokémons! Eles ainda darão o que falar nessa fanfic. Sobre o spoiler: Prometo que não farei mais rs.
ExcluirMuito obrigada pelo comentário ;)
Espero que continue a acompanhar o blog. Bjos!
Muito bom capitulo Carol!
ResponderExcluirDesculpe a demora para comentar, já tinha lido o cap segunda mas acabei dormindo :P
Esses Ralts davam um trabalho para achar na Emerald... Mas eu sempre os cassava, adorava ter o gardevoir no meu time :D
Nem demorou, eu levei séculos para ler os seus T-T
ExcluirEu tinha ódio do Wally pq ele achava os Ralts rápido e eu não, mas de ignorância eu sempre procurava, mesmo se não fosse usar rs
Bjosss
Alô, alô, advinha quem chegou para chorar nos comentários? Eu mesmo.
ResponderExcluirCara, esse capítulo é tão triste, a Kirlia não aguentando, mas podendo ter seus filhos Apolo e Ártemis, o Brendan deprimido a beira do lago, os pais abusivos do Wally (odeio eles), ai Carol esse capítulo me deixou pra baixo. Mas foi um capítulo muito bom.
Um fato interessante (eu sou um nerd de mitologia, releve isso), você sabia que os deuses Apolo e Ártemis também nasceram de uma gravidez difícil? A mãe deles, a deusa Leto, não podia dar a luz a nenhuma terra fixa devido a uma maldição de Hera, a esposa de Zeus, e Leto se viu obrigada a percorrer o mundo grávida por 7 meses (muito tempo para uma deusa) até poder dar a luz na ilha flutuante de Delos que se fixou assim que Apolo e Ártemis nasceram no sétimo dia do sétimo mês aos sete meses de gestação (Falei que eu era um nerd de mitologia). É um paralelo interessante esse de ambos os gêmeos da Kirlia terem nascido de uma gravidez difícil igual os deuses gêmeos Ártemis e Apolo.
Enfim, foi um capítulo lindo e já vou para o próximo.
Nossa, fico feliz que esse capítulo tenha provocado sentimentos nas pessoas, me lembro de na época ter tido algumas dificuldades para escrevê-lo na época. Saber que tempos depois ele provoca esse tipo de sentimento nas pessoas me deixa satisfeita (embora eu não queria de deixar pra baixo XD).
ExcluirNossa, eu realmente não sabia dessa história, mas vou fingir que sabia para poder dizer que meus movimentos foram friamente calculados kkk. Realmente, ela é muito interessante.
Ficou feliz que tenha gostado do capítulo, Leucro e obrigada pelo comentário!
Como que eu comento com os olhos embaçados? ;-;
ResponderExcluirCaraca mano, o Brendan tem um lado sensível e isso torna ele meu personagem favorito até agora. Gosto como no grupinho da May todo mundo tem algum problema com a mãe, não sei se foi uma coincidência ou se foi planejado, mas isso torna eles cada vez mais unidos.
Deveria eu shippar Juliana e Brendan?
E CARA, QUE TRISTEZA VER A MORTE DAR KIRLIA, foi realmente comovente esse discurso final dela, e tão fofo ela pensar nos filhos dela, acho que é isso que mães fazem <3
Capítulo excelente e muy triste. Vou ali chorar, muito obrigada haushuashuas
See ya
Brendan é uma boa alma mal compreendida e ao mesmo tempo insuportável. No futuro ele terá seu momento de brilho, mas já deixo vocês gostarem um tiquinho dele com essa pequena cena. Sim, todos tem problemas com os pais em casa, seja com a mãe, pai ou os dois. O engraçado é que nenhum deles sabe sobre o passado um do outro, será que descobrir vai aumentar ou diminuir o que sentem um pelo outro?
ExcluirTodos os shipps são possíveis até que não sejam mais possíveis. Primeiro ditado de Neo Hoenn
Não sei se fico feliz ou triste por ter te deixado triste, mas pelo menos tenho a satisfação de tocar seus sentimentos de alguma forma, o que é bom.
Obrigada pelo comentário, Star! Até os próximos!
Esse foi um capítulo extremamente denso, muita coisa rolou. Admito revirar os olhos na primeira cena, achei que você ia me arrastar prum flashback, mas tudo foi feito muito bem, fui positivamente surpreendido. Trazer ecos do passado pro presente é sempre excelente, ainda mais se não precisa de uma digressão, e senti uma química boa entre a Juliana e o Brendan. Name Drop do Red também, veio súbito, ter um desses na família estraga pra qualquer um, quero nem imaginar as tias comparando ele com o primo que ganhou a liga de Kanto, rs.
ResponderExcluirA saída de cena do Wally foi inesperada, achei que ele ia se arrastar junto do grupo, mas gostei da separação. É bom ter momentos pros personagens, dar esse alternar de protagonismo, deixar ele crescer antes de voltar pros amigos. Teve momentos fortes (um em específico que quero me aprofundar daqui a pouco), fez sua presença valer, já pode vazar, rs.
A morte foi esperada, melancólica conforme você descreveu nas notas me parece correto. Só me senti um pouquinho querendo mais com a premonição durante o toque. É algo bem Lovecraftiano descrever algo como "indescritível" e acabar por aí, e senti que meio que se aproximou disso, kkkkk. Fiquei salivando por um pouco mais de uma prosa críptica, principalmente com aquele olhão de kyogre lá embaixo, kkkkk. A imagem disse mais que a prosa, e fiquei só na vontade, rs.
Gostei do capítulo, os acontecimentos fluíram bem, e me pareceu um fechamento bem enrolado desse momento da história. Tenho meus receios com pokémons de inteligência humana, ou quase-humana, mas é parte do universo de vocês, então vou me forçar a me acostumar com isso kkkkkkkkkk
Até o próximo!
Huehuehue eu não sou especialmente fã de flashbacks, a não ser que o foco do capítulo seja essencialmente isso e eles sejam extremamente necessários para o entendimento da história. Ainda vai acontecer isso, afinal, Neo Hoenn é uma história muito dependente de eventos do passado, mas quando for o momento, tentarei trazer da melhor maneira possível. Seriam a Ju e o Brendan um possível shipp? :gugu: Pobre Brendan, tem aquele primo que ngm quer ter, imagina como deve ser nas reuniões de Natal e ano novo.
ExcluirEu gosto muito do personagem do Wally, mas decidi dar a ele um desenvolvimento a parte. Acho que ele cresceria sim viajando com o grupo, mas antes disso o garoto ainda precisa descobrir seu lugar no mundo. Ainda haverão futuros capítulos para ele, mas por enquanto vamos nos separar do jovenzinho por aqui mesmo.
Haha, não conheço Lovecraft, mas adorei deixar esse gostinho para vocês, tudo vai acontecer bem aos poucos por aqui. Tudo será explicado a seu tempo haha.
Trazer pokémons com inteligência evoluída é uma coisa que gosto de fazer, apesar de alguns se destacarem bem mais do que outros. Quanto ao Apolo, não haverá taaanto diálogo ainda entre e sua treinadora, principalmente porque para ele entrar em batalhas ainda vai demorar um pouco.
Obrigada pelo comentário e por ler até aqui!
Abraços!