Hannah Stonehouse Hudson / Stonehouse Photography
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História real recontada por Fabio Lisboa
“Este é Shep de 19 anos, sendo aconchegado nos braços de seu pai no início desta semana no Lago Superior. Shep adormece todas as noites, quando ele é transportado para dentro do lago. Ele está com artrose o que causa uma dor crônica e a dor é amenizada quando John o carrega nos braços desta forma, na água. O Lago Superior está mais quente neste verão, o que torna a temperatura de suas águas perfeita.
Eu fiquei tão feliz em poder guardar este momento para John. Aliás, John salvou Shep ainda filhote com somente 8 meses de idade, e ele tem sido sua companhia, ao seu lado, em muitas aventuras, desde então. Agora John retribui de forma maravilhosa ao seu grande amigo, já idoso e doente!
Texto traduzido do mural do facebook da fotógrafa Hannah Stonehouse Hudson [que em português virou “BELA FOTO, BELA HISTÓRIA!]”.
Em tempos em que a maioria das imagens e ideias repassadas nas redes sociais é descartável e a grande mídia se empenha em retratar a exaustão crimes, tragédias e a degradação humana e ambiental, uma imagem de compaixão de um homem por um animal é vista e compartilhada por milhares de pessoas, e quem sabe, um dia, se tornará uma história ainda mais conhecida.
Mas qual é a história por trás da imagem?
Vinte anos atrás, um homem e sua noiva resgatam um cão bebê. O cachorrinho foi maltratado pelos antigos donos e agora não confia nos homens. O homem, John Unger, já teve várias crises de depressão e sabe bem o que significa não confiar mais na humanidade.
Ele se esforça para conquistar a confiança do bebê canino nas primeiras noites e muitas noites depois, ficando acordado até o pequeno dormir.John conta que às vezes ficava de quatro “para que Shep me visse como outro cachorro, e não como um homem que tentaria machucá-lo de novo”.
Aos poucos o amor entre as duas espécies se fortalece. Ao mesmo tempo, o amor entre o homem e a mulher esvanece. John e sua noiva rompem e Shep fica sendo o único companheiro do homem. Algum tempo depois da separação, John cai em sua mais profunda crise de depressão.
Quando os cães falam a língua da compaixão
Arquivo pessoal John Unger |
Com o coração cansado, John Unger não tem mais vontade nem de levar Shep para seus passeios noturnos. Numa dessas noites sombrias, ele decide ir com o cão até o Lago Michigan, disposto a cometer suicídio: “Eu fiquei uma hora olhando para o lago, pensando na vida e cheguei a um ponto em que pensei: ‘ok, agora é a hora’. E olhei para baixo para o Shep e eu não sei o que era... ele me olhou como nunca tinha me olhado antes. Eu penso nisso agora e sei que ele sabia que algo estava errado.”.
Talvez o homem tenha pensado: o amor não acabou! Ainda existe um ser que me ama incondicionalmente. Por causa das crises, John não conseguia manter-se num emprego ou sequer sair de casa, muitas vezes a comida era rala e os passeios, poucos. Mas nada disso importava para Shep, seu amigo estava sempre ao seu lado, demonstrando companheirismo e afeto.
Mas John estava prestes a abandonar o seu amigo. Se ele se fosse, será que Schoep iria sobreviver? Será que o cão nunca mais iria confiar em outro ser humano? John talvez tenha se lembrado do tempo da compaixão que teve por seu amigo, quando este ainda era filhote e indefeso. Talvez tenha pensado que ao envelhecer o seu parceiro de vida voltaria a ficar indefeso. Precisaria dele de novo.
Em frente ao lago, naquele momento, só com o olhar, era como se o cachorrinho demonstrasse o tanto que um amava o outro. O tanto que um amaria e precisaria do outro, até que a morte os separasse – mas não tão cedo. Os dois não se despediriam ainda...
O pequeno amigo canino trouxe John Unger de volta à vida! Eles andaram a noite toda e viram o sol nascer. No dia seguinte, John agradeceu ao cão por ter salvado a sua vida.
Retribuição
Muitos anos depois, o cão se entrega e deixa o seu corpo e a sua vida nos braços humanos amorosos e espera que os atos de companheirismo e compaixão tornem a dor da partida a menor possível.
John Unger não só resgatou a confiança do seu amigo de quatro patas no homem. Com a divulgação do seu momento de ternura captado pela sua amiga Hannah, John resgata a confiança das pessoas na humanidade.
Nos 32 mil comentários que a foto recebeu até agora há relatos de pessoas que se emocionam ao lembrar-se de cães, gatos, pássaros e tantos outros bichos de estimação queridos, e tantas outras pessoas, pais, mães, filhos, filhas e amores que foram amados durante toda a vida e amados até os últimos momentos, e sempre que possível, confortados para enfrentar a derradeira fronteira da vida.
Que Shep leve com ele todo o amor de John. Que carreguemos conosco todo o amor que nós, homens e mulheres, enquanto estivermos vivos, podemos dar a outros seres vivos.
Hannah Stonehouse Hudson / Stonehouse Photography
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