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- Capítulo 04
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Ela caminhava vagarosamente pelas
ruas enquanto observava calmamente as casa daquela cidade. Já cumprira o que
fora dito ao Prof. Birch, convidara seu filho para viajar com ela e
infelizmente o mesmo havia aceitado. Agora apenas restava-lhe esperar que o
mesmo decidisse quando iriam partir, já que precisava aprontar-se e, por conta
disso, provavelmente não faria mais nada naquele dia. Caminhando sem rumo
finalmente pôde perceber aonde seus pés a haviam levado.
Parada a sombra de uma árvore,
pode observar no outro lado da rua um dos lugares onde passara a maior parte de
sua infância, sua antiga escola. Ainda preservava o mesmo aspecto acolhedor de
alguns anos atrás. Paredes feitas de pequenos tijolinhos marrons com portas
azuis e uma área externa sustentada por pilastras coloridas. Um grande pátio na
frente com diversos brinquedos dava espaço para que as crianças pudessem se
divertir a vontade. Grandes portões de ferro faziam a proteção dos pequenos para
a rua, que geralmente estava repleta de carros, mas que naquele momento estava
aberta devido aos alunos que deixavam a escola naquele momento.
Diversas lembranças se passavam
por sua cabeça naquele momento, algumas boas, outras ruins. Ela escorou-se na grande
árvore que lhe propiciava uma agradável sombra e se recordou de uma cena
distante em seu passado, mas que até hoje passava-se perfeitamente por sua
mente, como se houvesse acontecido há alguns segundos atrás.
“Ela era uma garota pequena para a idade. Tão bonita e delicada quanto
uma boneca de porcelana. Possuía olhos azuis como o céu e voz doce e delicada
com sinos badalando. Adorava colorir, brincar, aprender, mas estava sempre
sozinha. Depois de dois meses de aula, nenhum dos membros daquela sala de aula
de crianças da primeira série havia ouvido ou conversado com aquela nova e
estranha menina que se sentava no fundo da sala, cujos hábitos eram apenas ler,
desenhar e observar o pequeno Golden que nadava despreocupadamente no aquário
da sala.
Pareciam achá-la diferente, tinham medo de se aproximar, ou talvez, ela
tinha medo deles, pois fora criada em uma casa afastada da cidade sem contato
com muitas pessoas até os sete anos. Todas as vez, ela levava seu lanche da
escola em uma quantidade maior, na esperança de que tivesse alguém com quem
dividir, mas ninguém nunca aparecia.
Porém, aquele dia fora diferente. Ela já havia reparado nele, mas nunca
notou que ele a havia notado. Ele vivia sempre rodeado de amigos. Ele estava
sempre sorrindo. Seu sorriso parecia irradiar o sol, irradiava toda a alegria
interior que havia dentro dele. Garotos geralmente não sorriam assim, mas ele
era diferente.
- Oi – Disse numa voz baixa, porém audível, os cabelos negros caindo
sobre os olhos de cor vermelha. Ela sobressaltou-se de surpresa, não notara que
havia se aproximado. Não notara que alguém falara com ela. Ninguém nunca havia
falado com ela.
- O-oi! – Respondeu, gaguejando pelo nervosismo de finalmente conversar
com alguém de sua idade.
- Você é a garota nova, não é? Posso lanchar com você? – Perguntou de
maneira mais natural possível, sorrindo como sempre. Ela olhou ao redor
certificando-se de que o garoto estava falando com ela.
- P-pode – Respondeu simplesmente e ele, sem cerimônias sentou-se ao
seu lado, abrindo sua lancheira.
- Eu trouxe sanduíche de atum, minha mãe que fez – Mostrou-lhe dois
embrulhos bem feitos de papel alumínio. Cada um contendo a metade de um
sanduíche em formato de triângulo.
- E-eu trouxe b-biscoito de chocolate. Eu que fiz – Mostrou-lhe uma
vasilha cheia de biscoitos.
- Sério? – Perguntou ele incrédulo olhando nos olhos da garota. Ela
corou um pouco e confirmou com a cabeça.
- Papai me ajudou, ele pôs no forno.
- Maneiro! Posso comer um? – A garota confirmou com a cabeça. Ele
estendeu a mão e pegou um dos biscoitos, levando-os direto na boca – Nossa! Tá
muito gostoso! Vamos dividir os lanches?
- Sim! – Respondeu ela sorrindo. Naquele dia o lanche foi recheado de
sorrisos, biscoitos e sanduíches.
Alguns minutos depois o sinal toca. Anunciando que todos tem que voltar
para suas salas. O garoto e a garota se levantam da mesa do pátio.
- A professora disse que depois do lanche vamos ter aula de pintura.
Você quer fazer dupla comigo? – Perguntou ele com as mãos no bolso, o sorriso
nunca deixava sua face.
- Quero – Falou a garota que também estava sorrindo. Teria ela feito um
amigo?
- Legal! – Comemorou entusiasmadamente e em seguida parou de andar,
como se algo houvesse passado por sua cabeça – Espere! Seu nome é May, não é?
Meu pai me falou, ele é o Prof. Birch. É seu padrinho não é?
- Sim – Confirmou um pouco envergonhada e estendeu a mão.
- Meu nome é Brendan. Prazer em conhecê-la May! – Disse ele apertando
sua mão e sorrindo. Em seguida, ainda segurando-a, puxou-a para dentro da
sala.”
Ela balançou sua cabeça de um lado para o
outro. Não adiantava ficar remoendo as coisas do passado, tudo aquilo fora há
muitos anos. Não havia motivo para que ela permanecesse ali. Ouviu então um
ronco alto e levou a mão ao estômago, fazia tempo que não comia, desde o café
da manhã. Pensou em almoçar no centro pokémon, não haviam muitos restaurantes
naquela cidade.
Quando
ia saindo ouviu o remexer das folhas sobre sua cabeça e poucos segundos depois
algo caiu em seu ombro, ela deu um gritou e bateu com a mão no que quer que
fosse para expulsá-lo dali, dando um leve tremor ao sentir que se tratava de
uma coisa mole. Virou-se para finalmente ver do que se tratava e, no chão,
notou uma pequena lagarta de pele vermelha e grandes olhos amarelos. Possuía
pequenas patas em forma de garras e três grandes ferrões amarelos. Um em sua
cabeça e dois na traseira. Ela logo lembrou-se que se tratava de um inseto
comum na região, Wurmple era seu nome, se não estava enganada.
A
pequena lagarta se pôs a observá-la por um tempo e May tentou imaginar o que se
passava por seu cérebro de inseto. A lagarta se aproximou um pouco mais e ela deu
um passo para trás, não que não gostasse de insetos, mas ele não estavam entre
seus tipos preferidos, pelo contrário até. Ela então pegou sua Premier Ball e
liberou Skitty na frente da lagarta que se apavorou e encolheu-se no chão
tremendo.
-
Meeeeown – Skitty deu um pequeno miado e se aproximou lentamente da pokémon.
Parecia tranquila e balançava a cauda em sinal de amizade. A lagarta levantou a
cabeça e soltou uma série de pequenas agulhas roxas caracterizando o ataque
Poison Sting, típico de pokémons insetos. Skitty deu uma pulo para trás e olhou
para sua treinadora como se perguntasse o que fazer. May também estava confusa,
mas olhou para a lagarta e perguntou por fim.
- O que
você quer? – O pokémon olhou novamente em seus olhos, e por um instante o que a
lagarta queria passou-se por sua cabeça. “Ela achara a garota bonita e queria
ser capturada por ela, mas estava com medo da Skitty pois sabia que ia se
machucar”. Lembrou-se de algum tempo atrás quando vira seu pai capturando um Pikachu
que tentava invadir sua horta.
“- Todo
Pokémon possui um poder oculto, uma força que nem eles mesmo conhecem e alguns
precisam dos treinadores para isso. No mundo há vários pokémons que vagam
sozinhos procurando aqueles que os façam dar o seu máximo, que os façam por o
seu melhor para fora- Disse enquanto lançava uma pokeball em direção a criatura
fora de combate”
Seria
aquilo mesmo? Ela retirou de dentro de sua pochete uma das pokeballs dadas por
seu pai no dia anterior, expandiu-a e lançou em direção ao pokémon sob o olhar
atento do mesmo. Ela tocou sua cabeça e abriu-se, liberando um raio vermelho e
tremeluzente que rapidamente envolveu o Wurmple e o sugou para dentro da
esfera. Bastou apenas uma balançada para que ela emitisse um pequeno bipe que
anunciava a captura completa.
Ela
ficou parada por alguns instantes sem acreditar no que acabara de ocorrer
quando sua pokémon se aproximou dela rolando a esfera com o rosto para
entregar-lhe. May abaixou-se e segurou o objeto com suas mãos trêmulas. Havia
feito sua primeira captura, de um modo completamente estranho, mas havia feito.
Um sentimento de felicidade apoderou-se dela fazendo-a pegar sua gatinha e
abraça-la com carinho.
- Esse
é o primeiro novo membro de nossa equipe Skitty! Vocês vão ser muito fortes! –
Disse ela recebendo um miado carinhoso em resposta. Mais uma vez sua barriga
roncou e ela finalmente decidiu ir ao Centro Pokémon.
...
-Sim Padrinho, sim ele aceitou – Dizia a
garota ao telefone do Centro Pokémon, poucos minutos depois de ter almoçado.
- Serio?
Eu sabia que você conseguiria querida. Vou ligar pra ele, vocês vão sair hoje
mesmo! – Dizia ele entusiasmado.
- Mas
Padrinho, eu acho que ele...
- Não
se preocupe! Venha para o meu laboratório por volta das duas horas que ele já
estará pronto!
- Tudo
bem então. Até mais tarde! – Disse ela conformada.
- Abraços
May. Até logo! – Despendiu-se desligando o telefone em seguida.
May
suspirou, estava claro que aquilo ia dar em confusão. Como o Prof. Birch ia
convencer a sair de casa um jovem que nem queria ser treinador e que havia
aceitado há menos de uma hora? Nem sequer haveria dado tempo do mesmo se
arrumar, mas se o homem dizia, provavelmente conseguiria de um jeito ou de
outro.
Ela
levantou-se vagarosamente e foi ao banheiro do quarto temporário que lhe fora
cedido pela enfermeira Joy para que ficasse até o dia seguinte, mas que
felizmente não iria ficar nem mesmo uma hora. Tomou um banho rápido e
refrescante, em seguida deitou-se na cama e retirou do criado mudo um livro
sobre Pokémons do tipo inseto que a Enfermeira Joy le emprestara para aprender
a cuidar de seu novo pokémon. Liberou a pequena Skitty de sua Premier Ball para
que a mesma pudesse fazer-lhe companhia. Ela deixara o Wurmple sob os cuidados
da Joy para que a mesma avaliasse seu estado de saúde antes de partirem. O tempo
passou-se depressa e logo faltavam 15 minutos para as duas da tarde e ela já
estava pronta para partir.
Desceu
as escadas do edifício e se dirigiu a recepção com a chave do quarto em mãos,
entregou-a para a Enfermeira e pegou seu pokémon de volta, com a constatação de
que seu estado de saúde era perfeito. Despediu se da mulher, que desejou-lhe
boa viagem e saiu do local, pegando sua bicicleta que estava no estacionamento
e começando a pedalar. Ventava um pouco nas ruas fazendo com que seus cabelos
balançassem de maneira desordenada. Pontualmente às catorze horas estava em
frente ao maior laboratório pokémon da região.
Possuía
três andares e era todo pintado da cor branca com grandes janelas de vidro que
deixavam passar a luz do sol. Nos fundos do local, podia ver-se uma cerca que
delimitava a área em que os pokémons deveriam ficar quando fossem soltos no
laboratório. Dali, a garota podia ver uma série deles, alguns nem mesmo
pertenciam àquela região. Ela passou pelo portão principal, cruzou o jardim bem
cuidado deixando o veículo escorado em uma árvore e parou diante das portas de
vidro, tocando a campainha ao lado.
Identificou-se
interfone e finalmente pode adentar no local. Encontrou-se em uma grande sala
de paredes bege com diversos sofás negros espalhados. Na parede oposta havia um
grande balcão onde uma recepcionista jovem de cabelos ruivos lhe informou que o
Prof. Birch atenderia em breve. Ela sentiu-se e não foi preciso muito tempo
para que o pesquisador aparece-se com seu braço inutilizado. Agora finalmente
estava apresentável com suas roupas e jaleco limpos, o cabelo havia sido lavado
e todos os arranhões cobertos por band-aids.
- Que
bom que chegou May. Venha, me acompanhe. Vamos até minha sala – Chamou ele com
a mão boa. Ela levantou-se e seguiu-o pela porta de vidro por onde havia
entrado. Passaram por um longo corredor com diversas portas diferentes que
davam acesso às mais variadas salas. Algumas estavam abertas e ela podia ver
alguns cientistas e ajudantes mexendo em grandes máquinas complexas ou
escrevendo em pilhas de papeis. Finalmente chegaram a sala que pertencia ao pesquisador.
Não era
muito grande, mas parecia de tamanho suficiente para deixa-lo a vontade.
Possuía algumas máquinas que pareciam ser complexas, várias prateleiras com
livros diversos e uma grande mesa branca com cadeiras de aspecto confortável ao
seu redor. Birch sentou-se em uma e indicou uma a sua frente para que a menina
se sentasse e assim ela o fez.
- Você
não se importa de esperar um pouco, não é May? Brendan já está perto de chegar-
Pediu ele enquanto procurava algo em uma de suas gavetas.
- Não,
não está tudo bem – Ela não poderia partir sem ele, afinal.
Ambos
conversaram sobre assuntos banais enquanto o tempo passava. Passados alguns
minutos em que o homem olhava constantemente para o relógio. Passadas uma hora
ele se levantou, pediu licença e saiu da sala, parecendo irritado. May imaginou
que fosse ligar para o filho e estava certa, pois alguns segundos depois pode
ouvir a voz do pesquisador vinda do corredor.
- Não
importa, você fez um compromisso de estar aqui nesse horário então tem que
aparecer... May está esperando aqui, ela já cancelou sua reserva no Centro
Pokémon... Claro que suas roupas não são ridículas... Brendan, só venha e
pronto. Aliás, seu avô mandou algo para você.
Ele
voltou a sala ainda parecendo irritado, mas não mencionou nada sobre a conversa
com o filho e ela preferiu também não tocar no assunto. May levantou-se e foi
até uma das janelas do laboratório, observando os pokémons brincando ou
simplesmente deitados tomando sol. Uma pergunta então passou-se por sua cabeça.
- Os
Pokémons de meu pai estão aqui?
- Sim,
a maioria deles. Ele os mandou para cá pois disse que seria melhor para eles já
que teriam uma zona maior para ficarem livres e ainda entrariam em contato com
outros pokémons – Explicou ele.
- E os
da minha mãe? – Um minuto de silêncio seguiu-se.
- Eles
não estão aqui. Aliás, não sei onde estão porque há muito tempo ela retirou-os
do laboratório e eu nunca mais soube o que ouve.
De
repente, um ruído estridente preenche a sala vindo do interfone sobre a mesa do
Prof. Birch. Ele rapidamente atende-o e diz para deixa-lo entrar, em poucos
segundos entra um garoto mal humorado de cara fechada na sala. Vestia uma camiseta
de gola polo das cores preta e vermelha, calça preta e tênis modernos das cores
preta, vermelha, verde e branca. Em suas mãos haviam luvas vermelhas cortadas
dos dedos e em sua cabeça, uma touca branca e verde que cobria praticamente
todos os cabelos negros e lisos. Carregava uma mochila verde nas costas que
parecia abarrotada de coisas, assim como a dela.
- Por
que motivo, razão ou circunstância você quer sair em jornada logo hoje? –
Perguntou ele de cara fechada olhando para May.
- Não
foi ela quem decidiu que vocês deveriam sair hoje Brendan, foi eu – Interveio o
Prof. Birch para evitar acusações para a garota ou uma possível briga.
- Posso
saber o motivo de tão sapientíssima decisão?
- Você
já demorou muito tempo para sair de casa. Não faria nenhum mal adiantar algumas
horas, além disso, era melhor que eu o fizesse sair antes que mudasse de ideia
– Explicou o pesquisador de maneira mais natural possível. O garoto bufou.
- Não
está muito difícil isso acontecer – Disse enquanto puxava uma cadeira ao lado
da garota e sentando-se ali, mas sem olhá-la – E então, que vai me dar? E o que
o velho Blaine mandou para cá?
- Mais
respeito com seu avô – Reclamou Birch e o garoto deu de ombros, aquilo já
estava irritando a menina – Primeiramente gostaria de entrega-los um objeto
muito especial de treinadores. Consiste em uma enciclopédia virtual portátil
que vocês poderão utilizar em seus pokémons e nos que encontrarem no caminho. É
chamada de Pokedéx – Disse mostrando um aparelho vermelho de botões que
assemelhava-se muito a um daqueles jogos portáteis.
-
Nossa, ela é incrível! – Disse a garota com os olhos brilhando. Quantas vezes
não sonhara em possuir uma daquela? Ter dezenas de livros sobre pokémons em um
simples aparelho que poderia ser carregado para qualquer lugar.
- Hum,
legal – Disse o menino sem mostrar muito entusiasmo com o aparelho.
- Vou
dar a cada um de vocês uma, ela também servirá como identificação pessoal e
poderão usá-la para inscrever-se em qualquer evento relacionado á pokémons –
Retirou de sua gaveta outro objeto semelhante àquele e entregou uma para cada.
-
Obrigada Padrinho – Agradeceu ela enquanto segurava o objeto com maior cuidado
possível.
-
Valeu, velho – Brendan recebeu a sua, abriu a bolsa e jogou dentro.
- Não
precisam agradecer. Sei que em troca ganharão muitos prêmios e se tornaram treinadores
renomados trazendo reconhecimento a nossa pequena cidade – Disse olhando com
orgulho para os dois jovens. May não pode deixar de sorrir, mas Brendan soltou
uma gargalhada que não se assemelhava em nada com u riso de alegria.
- Haha
- Pôs a mão na boca – Foi mal.
O
professor Birch ficou levemente desconcertado, mas nada falou a respeito da
risada do filho. Apenas levantou-se e dirigiu-se a uma máquina atrás de si onde
apertou um botão e uma pequena luz surgiu e desapareceu rapidamente e, em seu
centro onde estava um espaço circular surgiu uma lustrosa pokeball que
rapidamente foi pega pelo pesquisador que imediatamente voltou-se novamente
para eles.
- Isso
foi o que o seu avô lhe mandou Brendan. É uma Pokémon interessante, creio que
irá gostar dela – Disse lançando a esfera nas mãos do garoto que apenas
observou e ia guarda-la em seu bolso quando o homem o interrompeu – Não vai olhar
para ver qual pokémon é?
O
garoto suspirou e expandiu a esfera, apertando novamente o botão central para
liberar o pokémon contido em seu interior. Parecia uma pequena raposa de pelo
avermelhado. Possuía olhos brilhantes e seis longas caudas vermelhas que
enrolavam na ponta. Além disso, uma grande quantidade de pelos em sua cabeça
formava um topete. Era uma Vulpix, um pokémon de fogo comum na região de Kanto.
Ela levantou a cabeça farejando o ar e em seguida sentou-se maneira elegante e
olhou para seu novo treinador com uma expressão curiosa.
- Ér...
Eu sou Brendan, sou seu novo treinador. Tudo jóia? – Perguntou o garoto, um
pouco inserto do que deveria dizer no início.
-
Vuuuuuulpix – A Pokémon assentiu com a cabeça sorrindo.
- Bem,
eu vou te mandar de volta para a Pokeball porque vamos sair, até logo – Disse recolhendo
a raposa e guardando a esfera no bolso – Quando vamos? – Perguntou para a garota.
- Ah,
bem. Já são quase quatro da tarde. Acho que não seria adequado que saíssemos
hoje, pois teríamos que passar a noite na rota – Respondeu May olhando pela
janela observando a posição do sol.
- Bem,
a May está certa. Acho que vocês podem sair amanhã bem cedo que conseguirão chegar
a Oldale no cair da noite – Concordou Birch.
- O
que?! – O garoto parecia incrédulo – Nem fodendo! Vocês me fizeram arrumar as
coisas e vir até aqui correndo igual a um maluco para não sair hoje? Vamos sim.
Se você não quiser ir garota, problema seu porque eu estou partindo. Tchau
velho! – Disse levantando-se com raiva e andando rumo à porta.
-
Mas... – May tentou argumentar, mas o garoto parecia irredutível e nem lhe deu
atenção. Ela olhou para o Prof. Birch, ele parecia um pouco chateado pela fria
despedida do filho– Vou atrás dele Padrinho. Adeus e que Arceus lhe proteja! –
Seguiu levantando-se. O Prof. Birch fez o mesmo, indo até ela e dando-lhe um
abraço.
- Ele é
um garoto difícil, mas está tudo bem. Tome conta dele e não tome nenhuma
atitude imprudente – Disse o homem relacionando-se ao assunto discutido mais
cedo.
-
Hum... Ok. Vou indo então – Separou-se do abraço e correu atrás do outro que já
saia pelo portão quando conseguiu alcança-lo, estava empurrando a bicicleta
vermelha que ela vira em seu quarto no dia anterior. Ele seguia a passos firmes
olhando diretamente para frente e sua expressão estava séria.
-
Deveria ter se despedido melhor do seu Pai. Ele pareceu um pouco triste –
Comentou a garota, mas o adolescente ignorou-a, continuando a seguir seu trajeto.
- Você
tem bicicleta, não tem? – Perguntou ele por fim.
- Sim,
mas acho que a deixei no laboratório... – Lembrou-se quase dando um tapa na
própria testa.
- Não
vou falar nada a respeito do seu quociente de inteligência. Vá busca-la, pois
não estou a fim de caminhar pelo continente – Disse sentando-se na calçada de
concreto e deixando o veículo deitado no chão ao seu lado – Vá logo! –
Apressou-a. Rapidamente ela voltou correndo ao laboratório e logo ambos já
estavam pedalando. Atravessaram a cidade e em pouco tempo chegaram a rota 101.
Grandes
e verdejantes árvores rodeavam uma larga estrada de terra batida que há muitos
anos é percorrida por viajantes para alcançar a pequena cidade. Ventos
balançavam a folha das árvores fazendo um leve e agradável ruído. O céu ainda estava
nublado carregado de algumas nuvens escuras, dando a impressão que já era
começo da noite. Os jovens respiraram fundo e prepararam-se internamente para
aquele momento que mudaria suas vidas. A partir do momento em que cruzassem a
saída, seriam donos de seus próprios destinos e responsáveis por eles mesmos.
May tomou a dianteira, pedalando a frente do colega sem olhar para trás.
Pedalar
por aquela rota era fácil, pois o terreno era plano e sem muitos buracos. Além
disso, a estrada era larga permitindo com que eles andassem lado a lado, embora
dificilmente isso acontecesse. Cada um parecia focado em seu próprio mundo sem
dar muito espaço para que o outro entrasse. Vez ou outra, sob reclamação de
Brendan, May parava para batalhar com alguns pokémons selvagens que surgiam
pelo caminho.
Quando
anoiteceu e a estrada ficou escura demais para que continuassem seguindo,
decidiram procurar um local para acampar e adentraram entre as árvores que
margeavam a rota e logo encontraram uma pequena clareira que parecia ter sido
usada a algum tempo por viajantes e continha até algumas madeiras jogadas em um
ponto. Ela rapidamente pegou algumas folhas secas e juntou com a lenha que
acederam graças ao Ember de Vulpix. Tudo isso aconteceu sem muitas conversas,
não parecia ser o inicio de viajem esperado pela maioria dos iniciantes.
Liberaram
seu pokémons para alimentá-los e Brendan acabou por revelar que possuía outro
pokémon antes de ganhar a Vulpix. Parecia um pequeno anfíbio quadrúpede. Possuía
pele azulada e uma grande barbatana em sua cabeça que muitas vezes era usada
como sensor pelo mesmo. Havia duas grandes guelras laranja em suas bochechas e
uma cauda em forma de nadadeira que auxiliava na natação do pokémon. Provavelmente
ele havia sido dado ao garoto por seu pai; era um Mudkip, um dos iniciais de
Hoenn.
Rapidamente
os Pokémons socializaram-se entre si, exceto pela pequena Vulpix que ao ver os
Pokémons de May ergueu o nariz e se virou de costas, se movendo para ficar ao
lado se seu treinador. Wurmple também parecia ser um pouco tímido, mas logo
ficou vontade perto dos iniciais.
Tudo
parecia estar na mais perfeita calma exceto pelo silêncio entre os treinadores.
May parecia pronta para falar alguma coisa quando algo a fez parar. Seus
pokémons imediatamente assumiram uma postura ereta e atenta olhando para algum
ponto inexistente a frente. Skitty e Vulpix moviam as orelhas de um lado para o
outro enquanto Mudkip balançava sua barbatana. Wurmple parecia estar na mesma
situação que sua treinadora, pois sua audição não era tão boa quando a dos
outros.
- Ouviu alguma coisa? – Perguntou May a
Brendan que também estava atento ao movimento de seus pokémons e ele negou com
a cabeça. Ela iria continuar sua fala quando aquilo que foi detectado por seus
pokémons chegou a seus ouvidos. Parecia um grito, um grito de uma garota que
estava a dezenas de metros de distância, entretanto, o tom de desespero em sua
voz foi claramente percebido pela menina. Ela logo levantou-se e recolheu
Wurmple.
- Você
não está pensando em... – Começou Brendan, mas não concluiu sua frase, pois a
garota fizeram um pequeno sinal para sua Skitty e juntas, adentraram correndo
por entre as moitas da mata escura.
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Pera que foi muitas coisas nesse episódio e eu não consigo processar muito rápido.
ResponderExcluirDepois daquele pequeno flash back, que reforçou a ideia apresentada antes de que o Brendan e May eram amigos, fiquei muito curioso em saber qual foi o motivo da quebra desse laço entre eles. Só eu percebi que o Brendan era bem gentil antes? Prefiro ele como está hoje,pessoas muito boazinhas acho muito zZzZ
WURMPLE!POKEMON INSETOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! Como assim já captura um Wurmple logo no ínicio? Eu não tenho estruturas pra esse tipo de coisa, vá com calma ai.Eu amo muito pokémons insetos, idolatro pokémons insetos, vivo pelos pokémons insetos. Vou te atazanar pro resto da vida depois disto ( o Canas deve ter se arrependido de ter colocado a Vivian lá por acusa de mim). Eu quero muito uma Dustox ♥ imagina a perfeição que ela e Skitty iriam fazem juntas?
E esses pokémons do Brendan? São muito legais também, principalmente Vulpix que é meu favorito do tipo fogo.Mas eu percebi que esse dai é bem metido, hein? Quero muitas tretas entre eles.
Já começaram a jornada? Nem estou acreditando, já estou imaginando os próximos episódios em que toda coisa que a May fizer de errado o Brendan vai dar uma patada nela kkkkk Não vou suportar.
Acham que deveriam proibir os autores de deixarem esses suspenses para os próximos capítulos? Porque a única coisa que eu faço pelo resto ad semana é imaginar mil e uma possibilidades do que vão acontecer com os personagens.
Esperando pelo próximo cap, Carol! Muito bom trabalho :)
Gostei de um flashback, mesmo não trazendo informações novas, aprofundou a relação entre os dois. Em geral o capítulo foi mais começo de jornada, mover os personagens pra onde eles precisam ir, acho esses muitas vezes difíceis de escrever, a chance deles ficarem chatos é grande, mas você fez um trabalho legal.
ResponderExcluirA conexão com Kanto é legal, mas o mundo parecer realmente um mundo. Mesmo que ele não venha a ser importante, só de dar uma apontada pra presença de coisas fora de Hoenn é legal.
Achei que ia ser só o Vulpix pro Brendan, que ai ser uma escolha diferenciada, mas nunca dá pra dizer não para um mudkip (melhor pokémon, não tem como escolher outro em Hoenn).
E lá vem você com drama antes mesmo de Oldale. Gosto assim, sem medo de fugir do jogo.
Morrendo de curiosidade pra chegar nos seus líderes de ginásio, reimaginações deles são algumas das minhas partes favoritas de histórias pokémon.
Essa relação dos dois ainda vai ser mais aprofundada futuramente, algo aconteceu para que a convivência deles seja tão conturbada. Geralmente esse início de jornada acaba seguindo um padrão de ir ao laboratório pegar os pokémons, pelo menos assim tem uma variada pra dar uma animada na história rs.
ExcluirComo aqui na Neo Aliança todas as histórias são conectadas, você talvez veja diversas ligações no futuro aqui sobre as fics das outras regiões.
Mudkip é um reizinho ne, sempre tem que aparecer de uma forma ou de outra nas fics. Melhor e mais fofo inicial de Hoenn, quem não ama ele tem que ser banido do planeta.
Pode esperar muito grama por aqui, afinal sou a rainha do drama rs.
Logo logo você chega ao ginásio, espero que goste do que irá ler. Foi um dos capítulos que mais gostei de escrever.
Muito obrigada pelo comentário! Abraços e até a próxima!
Enfim eles estão na estrada! Agora temos oficialmente aberta a jornada de May e Brendan, e já começou do jeito mais improvável que eu poderia imaginar!
ResponderExcluirUma coisa que eu achei interessante foi essa pista que você deu do passado dos dois treinadores. Aparentemente eles se davam bem na infância, então o que poderia ter ocorrido para que eles adquirissem essa aversão ao outro?
Ainda sobre o Brendan, pra quem tava na maior má vontade de sair em jornada ele até que deu um sumiço instantâneo do laboratório. Alguma coisa ele tem em mente. Com certeza vai ser um carinha bem problemático.
Pra completar, a May ouve o grito no meio do mato e sai em disparada na direção de onde o suposto problema está acontecendo. Será que esses dois sobrevivem antes de chegarem a Petalburg?
Até a próxima! õ/
Oiii Shadoow! Que bom ver seu comentário por aqui (e finalmente aparecer para responder) rs.
ExcluirSim algo aconteceu que a relação deles seja tão conturbada dessa forma, mas no futuro será revelado mais sobre o que aconteceu entre esses dois minijovenzinhos.
O Brendan é bem ignorantezinho rs Talvez tenha realmente alguma motivação, mas posso dizer que muito disso também foi para implicar com o pai.
Se eles não morrerem nessa rota, vão ter muitas outras pela frente onde eles arrumam problemas, não se preocupe. rs
Obrigada pelo comentário, Shadow!
Abraços e até a próxima!
Eu estou convivendo uma relação de amor e ódio com o Brendan pq pela amor de Deus, que garoto rude.
ResponderExcluirYooo Carol, tudo bem? <3
Cara, eu sou apaixonada por flashback e fiquei chocada quando vi aquele menino doce e descobrir que ele é o Brendan. O QUE CARALHOS ACONTECEU COM ELE?! Curiosidade a mil.
WURMPLE É UM INSETO MUITO FOFO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ESTOU CURIOSA PRA SABER SE ELE VAI VIRAR UM DUSTOX OU UMA BEAUTIFLY <3
Mas agora eu vou pagar pau para o time do Brendan. Mudkip melhor inicial de Hoenn e Vulpix é um amor. E ELA É TODA METIDA, AAAAAA QUE FOFA <3
Curiosa pra saber quem vai ser a garota que gritou. Uma nova companheira?
até mais <3
O Brendan é insuportável as vezes, mas é muito difícil não amar ele porque as vezes ele diz exatamente o que gostaríamos de dizer. Eu amo flashback, gosto ainda mais quando tem esses capítulos que voltam no tempo pra gente ver ainda mais sobre o passado dos personagens.
ExcluirEu amooo Wurmples, eles são fofos e tem evoluções legais. Pena que as pessoas não dão tanto valor quanto deviam aos pokémons insetos.
O time do Brendan é o melhor mesmo. SE ELE GANHOU POKÉMONS BONS DOS PARENTES DELE, FOI PORQUE ELE MERECEU. ELE NÃO TEM CULPA SE OS PARENTES DOS OUTROS NÃO TEM BONS POKÉMONS PARA DAR. Tá, parei. É uma irônica que o time dele até então seja o melhor pq esse infeliz não quer nada da vida rs.
Quem será que gritou? Não percam as cenas não tão inéditas dos próximos capítulos.
Opa, olha quem tá aqui de novo, eu mesmo
ResponderExcluirJá começamos com um flashback fofinho da infância da May e olha só, ela e Brendan já se conheciam, incrível, Brendan era uma gracinha quando criança que aconteceu para ele ficar do jeito que tá hoje?
E uau, mas já a primeira captura de May e Brendan? Meu deus, que rápido, mal começaram a sair em jornada e já capturando Pokémon logo assim de cara, que rápido e o Brendan ainda tem um fucking Vulpix???
Ai Carol, esse capítulo foi maravilhoso, já to partindo para o próximo.
Sim, o Brendan uma criança legal e fofinha que se revoltou contra a humanidade ficando pistola. Eu comecei a revelar um pouco sobre o passado dele nos capítulos mais adiante, porém em breve a história dele será contada e saberão mais sobre quem ele é hoje.
ExcluirSIM, já porque aqui estamos em uma CORRIDA POR HOENN. No capítulo 30 a May já ganha a LIGA (sqn).
Que bom que o capítulo te agradou, Leucro. Espero que continue gostando dos próximos!