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- Capítulo 23
sexta-feira, 10 de abril de 2020

Dewford
era uma ilha localizada no sul do continente de Hoenn e mesmo não sendo uma das
maiores, era visível sua importância para a economia local quando se tratava do
turismo da região. Era uma ilha de tamanho considerável de praias limpas e
claras e, para quem gostasse do contato direto com a natureza, guias turísticos
ofereciam passeios pelas florestas naturais e montanhas locais. E ainda, para
aqueles que fossem mais corajosos, havia a Granite Cave ao norte, embora não
fosse um local muito visitado devido à grande quantidade de pokémons selvagens e
perigosos que a habitava.
May,
Brendan, Juliana e Briney estavam hospedados no Centro Pokémon local, um belo
prédio circular de três andares e estrutura elegante. Este era muito menor do
que o de Rustboro em dimensões, tendo o segundo andar apenas alguns poucos
quartos e o último apenas uma cobertura onde eram feitas as refeições. A
enfermeira local era uma mulher de longos cabelos negros ondulados e pele
morena e atendia pelo nome de Srta. Sierra.
O
grupo havia chegado à cidade ainda na manhã, todos exaustos e trêmulos de frio
e permaneceram hospitalizados por dois dias a pedido da enfermeira que queria
avaliar melhor o estado de saúde de cada um. Apenas Briney fora liberado por
alguns momentos para contatar alguns amigos que ajudariam a consertar os danos
provocados pela tempestade ao seu barco. Apenas no terceiro dia da chegada dos
mesmos à cidade é que foram liberados pela enfermeira, após um checkup
rigoroso, para saírem do centro.
Naquela
manhã, o trio estava sentado ao redor uma mesa redonda de metal à beira de uma
das grandes janelas que davam para a praia. Uma brisa suave passava por esta
refrescando a manhã de um dia que prometia ser quente. Conversavam sobre o que
fariam naquele dia agora que finalmente poderiam desfrutar da cidade. May
queria ir imediatamente ao ginásio, o fato de ter crescido próxima à praia, por
mais que aquele fosse um lugar novo, não fazia aquelas lhe chamarem tanto a
atenção. Juliana vivera nas regiões centrais e frias de Sinnoh e pouco vira das
praias, no entanto não parecia se importar de realizar a vontade da amiga antes
de fazê-lo.
–
Onde será que ele fica? – a mais nova perguntou para os amigos enquanto pegava
um pedaço melancia com o garfo e levava à boca.
–
A gente pode perguntar para a enfermeira depois do café – respondeu Juliana
tomando um gole do seu suco de laranja – A cidade não é tão grande, aposto que
não fica longe.
–
Você ao menos sabe qual o tipo que o líder usa? – questionou Brendan com uma
sobrancelha erguida.
–
Ahn... Não – a animação da menina desvaneceu um pouco.
Olhando
rapidamente de um para o outro, a negra sorriu e tocou no braço da garota.
–
Mesmo não sabendo o tipo não acho que fará mal irmos até lá apenas para
conhecer o ginásio. A May pode até mesmo conseguir algumas dicas sobre o método
de batalha do líder.
–
Hum – foi a única coisa que saiu dos lábios do garoto.
Terminado
o café da manhã, eles se levantaram e seguiram rumo ao piso térreo para pegar
seus Pokémons com a enfermeira. Por sorte, havia poucas pessoas ali e eles não
demoraram a ser atendidos pela mulher. Com esta, também conseguiram informações
sobre como chegar ao ginásio, estando esse ao sul da cidade.
–
Onde vocês acham que está o Sr. Briney? – perguntou May enquanto saiam pelas
portas de vidro automáticas do prédio – Não o vejo desde ontem no almoço.
–
Eu o encontrei enquanto estava a caminho do refeitório – respondeu Brendan –
Mencionou algo sobre terminar os reparos no barco. Presumo que quando ele acabar
deva deixar a ilha.
–
Espero que ele se despeça da gente – comentou a negra – Apesar de não termos
convivido por muito tempo juntos tenho um enorme carinho por ele.
Eles
caminhavam pelas ruas ensolaradas da cidade. O centro comercial era bem
movimentado, porém, diferente das grandes metrópoles, não se viam muitos
prédios, deixando bastante espaço para as ruas largas repletas de árvores serem
amplamente iluminadas pela luz do sol. Não havia grandes lojas com artigos para
treinadores ali, apenas pequenos supermercados que vendiam poucos artefatos
isolados. Além disso, a quantidade de restaurantes, sorveterias e hotéis era
impressionante. Por todos os lados, clientes vestidos com suas camisas
havaianas, chinelos e enormes óculos de sol passavam conversando entre si
entusiasmadamente. Alguns até mesmo pareciam falar outras línguas.
Como
não viram sinal do ginásio em parte alguma, caminharam até um guarda local que
caminhava pela calçada acompanhado de um pokémon quadrúpede cujo corpo era
coberto de placas metálicas. Ao perceber os adolescentes se aproximarem, a
criatura parou seu caminhar observando-os com seus grandes olhos azuis. Isso
acabou por chamar atenção de seu treinador que também interrompeu a caminhada.

–
Bom dia, senhor guarda – cumprimentou May educadamente – O senhor poderia me
informar a localização do ginásio da cidade?
O
guarda os encarou tranquilamente, como se já esperasse que aquele fosse o
conteúdo da pergunta. Sorriu para os garotos e apontou para o final da alameda
onde havia um grande muro de tijolos marrons cortado por uma escada de concreto.
– Subam pela
escada, continuem andando pelo mesmo caminho e chegarão até ele.
Os
adolescentes agradeceram educadamente ao policial e seguiram pelo caminho
indicado por este, o topo da escada dava para uma estrada que apontava ainda
mais para o sul. Seguiram por poucas ruas residenciais até a cidade ser deixada
para trás e o solo pavimentado ser substituído pelo chão de terra. Eles agora
estavam caminhando por uma vereda rodeada por uma mata verdejante que tremulava
vagarosamente quando tocada pelo vento.

–
Será que nós realmente estamos no caminho certo? – o garoto parou abruptamente
observando ao seu redor – Não faz sentido esse ginásio ser por aqui, não tem
nem estrada.
As
duas garotas também interromperam seu caminhar para encará-lo.
–
O policial nos disse para continuar andando. Será que ele se confundiu? –
indagou a mais nova segurando o outro braço nervosamente.
–
Vamos andar mais um pouco e ver o que encontramos depois da próxima curva. Se
não houver nada podemos voltar à cidade e pedir informação a outra pessoa –
sugeriu Juliana.
–
Eu não quero ficar dando voltas por aí igual a um tolo– reclamou o garoto cruzando
os braços.
–
Então volte e espere a gente no centro – May respondeu enquanto retomava a
caminhada.
–
Não seja preguiçoso, você já ficou parado por dois dias inteirinhos no Centro
Pokémon – disse a negra seguindo a amiga. O moreno acabou por revirar os olhos
e seguí-las.
Eles
caminharam por mais alguns minutos sem nenhuma modificação na paisagem ao seu
redor, até finalmente adentrarem novamente em um trecho pavimentado ladeado em
sua entrada por duas grandes colunas de pedra sobre as quais haviam sido
esculpidos dois Meditites em posição de meditação. Dali em diante, o caminho era rodeado por
grandes árvores de tronco cinzento retorcido. Taillows e Natus empoleirados no
alto de seus ninhos observavam-nos passar com olhos atentos e desconfiados.
Após algumas centenas de metros, desceram uma escadaria de pedra que se abriu
em uma área ampla.
Eles
agora andavam sobre uma estrada de tijolos marrons cuidadosamente encaixados
que atravessava um vale amplo entre as grandes montanhas da ilha de Dewford. O
mato da estrada que os adolescentes haviam percorrido agora fora substituído
por um grande gramado verdejante cuidadosamente aparado. O cheiro de flores
silvestres vindos dos arbustos que rodeavam o campo atraia uma grande
quantidade de lindas Beautiflys que dançavam uma melodia desconhecida no céu
enquanto voavam de flor em flor para provar do doce néctar produzido por estas.
Pelo
campo, crianças de diversas idades se ajuntavam em pequenos grupos de acordo ao
seu tamanho e praticavam as atividades que lhes eram passadas por seus mestres.
Algumas delas usavam quimonos, as que praticavam imobilizações do jiu-jitsu,
mas a maioria vestia roupas simples que não pareciam ter sido especialmente
selecionadas para aquela função, e sim meramente escolhidas ao acaso. Algumas
eram até bem gastas. No fundo do campo havia um grande prédio de aspecto
antigo, porém conservado. Este possuía três andares e era pintado de cor
amarelo claro com grandes janelas de madeira de cor branca. Não parecia nem de
perto ser um ginásio, May se perguntava se, assim como Roxanne, alguma entrada
naquele prédio abria caminho para uma arena escondida.
Um
dos instrutores, uma mulher que lidava com um grupo de alunos menores, percebeu
a chegada do trio e deu algum comando aos seus alunos que fizeram uma
reverência educada e correram alegremente em direção ao prédio. Ela então caminhou
tranquilamente na direção do grupo com um sorriso simpático no rosto. Portava
longos e brilhantes cabelos de cor azul-metálico presos em um rabo de cavalo,
cabelos estes que combinava com os olhos cinzentos e decididos e ao mesmo tempo
contrastavam com a pele clara levemente bronzeada pelo sol. Seu corpo era magro
com músculos definidos e usava apenas um conjunto de poliéster de cor laranja
com azul, nos pés calçava um parte de tênis brancos já um pouco gastos pelo
uso.

–
Olá! Sejam bem-vindos ao ginásio e academia de Dewford. Meu nome é Reina e sou
uma das instrutoras que trabalha aqui – apresentou-se educadamente, seu tom de
voz era levemente rouco.
–
Ahn, é... Bom dia, senhorita Reina – começou May levemente nervosa – Nós estamos
procurando o líder do ginásio, eu gostaria de desafiá-lo pela insígnia.
Após
pronunciar as palavras, ela sentiu o olhar da lutadora analisando-a e em
seguida abrindo um sorriso torto.
–
Sinto muito, mas o líder do ginásio não se encontra no momento – anunciou, May
sentiu seu ânimo diminuir um pouco.
–
Mas eu... Pelo menos poderia agendar uma batalha contra ele? – A mais velha deu
de ombros.
– Eu não tenho
autorização para agendar batalhas – respondeu, mas ao ver o desânimo da mais
nova deu um sorriso gentil e completou – Não precisa fazer essa carinha, nesse
horário ele provavelmente está surfando na praia. Se vocês voltarem por onde
vieram, com certeza esbarrarão com ele pelo caminho.
– Certo. Muito
obrigada, Srta. Reina – agradeceu fazendo uma reverência semelhante à feita
pelos alunos da mulher. Reina deu uma pequena risada em resposta.
– Por favor,
me chame apenas de Reina – deu uma pequena piscada para May que sentiu seu
rosto corar – Não precisa me agradecer, nós iremos nos reencontrar em breve.
Dizendo isso,
a lutadora deu as costas para os garotos e seguiu na mesma direção na qual
foram seus alunos. Ao redor deles, um grupo de jovens que devia ter entre
dezesseis e dezoito anos começou a correr ao redor do campo.
– Eu sabia que
era perda de tempo vir para cá. No fim, voltamos a estaca zero – reclamou o
garoto.
– Ah, fique
quieto. Não estou mais satisfeita do que você – respondeu May rispidamente.
– Ok, é melhor
vocês dois nem começarem – Juliana cortou a discussão – E Brendan, não teria
como a gente saber que o Brawly não está aqui se não houvéssemos vindo aqui.
– Pra isso que
existe o telefone – resmungou o moreno baixinho, mas as duas ignoraram-no.
May virou-se
de lado e observou o mar na linha do horizonte, seus movimentos eram
praticamente imperceptíveis aos olhos humanos.
– Eu sei que
já fiz vocês andarem bastante, mas ao menos podemos dar uma passada na praia
pra ver se o líder está lá? – pediu a menina, levemente sem jeito.
– Claro que
sim, sua boba! – a negra passou o braço pelo ombro da amiga – De qualquer
forma, precisaremos passar por lá para encontrar algum lugar para almoçarmos. Eu
vi um lugar com uma promoção de salada de frutas tropicais que parece ser
maravilhosa.
– Fazer o que,
né... – foi o que respondeu Brendan, mas era o suficiente para deixar a garota
feliz.
O caminho de
volta pareceu mais curto do que o de ida, embora o sol já estivesse mais alto
naquela manhã e os três começassem a suar devido ao calor provocado por ele.
Logo eles estavam novamente à beira mar, o barulho deste somado ao dia quente
os fazia ter vontade de se refrescarem.
– Eu acho que
vou derreter nesse sol – reclamou May tirando o lenço verde dos cabelos assim
que desceram a última escadaria. Na testa ainda era possível ver os pontos
dados por Juliana alguns dias antes.
–
Então vem aqui – Juliana de repente tirou os tênis dos pés e puxou a amiga pelo
braço em direção ao mar.
–
Espera! – a mais nova também tirou seus calçados e deixou-se ser arrastada pela
outra.
A
areia daquela praia era tão fina que quase fazia cócegas e quando água gelada
tocou os pés de ambas, seus corpos automaticamente se arrepiaram. Era incrível
a maneira como nos acostumávamos com algo a ponto de quase nos tornarmos cegos
para o quando aquilo era especial, isso era o que pensava May enquanto corria
de Juliana que tentava molhá-la a todo custo com a água salgada. Brendan se
aproximou da linha da água com as mãos no bolso, tentava ser indiferente, mas a
verdade é que seu rosto carregava um pequeno sorriso.
As
adolescentes pararam e se encararam, como se o mesmo pensamento tivesse passado
pela cabeça de ambas. Brendan ergueu uma sobrancelha em questionamento, mas ao
observá-las pegarem boas quantidades de areia encharcada, recuou alguns passos.
– Nem pensem
nisso – disse em tom de advertência, mas seu olhar rapidamente desviou das
garotas para algo que se encontrava atrás destas.
Elas se
viraram e viram uma enorme onda se avolumar e vir em direção à praia. O que
mais chamava atenção, no entanto, não era a onda e sim um jovem em cima de uma
prancha de cor alaranjada que parecia minúscula perto do tamanho do colosso que
avançava sob ela. O surfista, no entanto, não se intimidou pelo que enfrentava,
pelo contrário, seus movimentos eram precisos e ele cortava as águas oceânicas
com tamanha elegância e precisão que parecia fazer parte daquele fenômeno,
quase como se ele e a onda fossem um só corpo. Por alguns momentos ele
desapareceu sob as águas, para logo resurgir alguns metros adiante com um
sorriso vitorioso em sua postura altiva.
– Bem, nós...
Não tratamos de nos informar quem era o líder, mas... – começou May, admirada
pelo talento do jovem.
– Eu acho que
deve ser, não é... – a mais velha concordou, também estava abismada.
– Qual o
problema com vocês duas? – questionou Brendan.
– Nada – as
duas falaram simultaneamente.
Após conquistar
a onda, o surfista se deitou sobre a prancha e começou a remar com os braços
para chegar novamente à terra. Assim que atingiu uma profundidade considerável,
desceu da mesma e a carregou com seu braço esquerdo. Por acaso do destino, ele
vinha em direção ao trio que pode observá-lo melhor. Era um líder de ginásio
jovem, sem dúvidas; devia ter poucos anos a mais do que Roxanne. Possua pele
bronzeada e cabelos azul acinzentados, mesma cor dos olhos que pareciam
carregar dentro de si uma tempestade. Vestia uma camisa preta com detalhes em
laranja colada ao corpo, deixando perceptível o peitoral largo de músculos
definidos. Usava também uma bermuda cinzenta e tênis pretos com laranja de
material impermeável. Por fim, o visual era completado por óculos esportivos
que carregava no topo da cabeça.
Ele já passava
pelo trio cumprimentando-os rapidamente quando May reencontrou sua coragem de se
pronunciar.
– Com licença,
senhor! – chamou ela, ganhando a atenção do rapaz – Você é o líder de ginásio
de Dewford?
O treinador
abriu um grande sorriso ao ouvir essas palavras e apontou com o polegar para
sim mesmo.
– Sim, meu
nome é Brawly Weigel. Surfista profissional, mestre nas artes marciais e líder
do ginásio há cerca de três anos. Você por acaso é uma desafiante?
– Sou sim, eu
gostaria de marcar uma batalha pela sua insígnia – Brawly mudou o sorriso para
um desafiador ao ouvir as palavras da garota.
– Certo! Eu
aceito seu desafio. Vamos batalhar agora – respondeu enquanto levava os dedos
indicador e médio de cada mão à boca e dava um longo e alto assobio.
– A-agora? Mas
eu... Eu não... – A morena recuou um passo e levou as mãos em frente ao peito
como um sinal de autodefesa.
– Qual é o
problema? Não acha que está no nível de enfrentar um líder de ginásio? Por que
me desafiou então? – questionou o líder com tom de voz provocativo e a garota
fechou a cara.
O céu pareceu
escurecer por alguns instantes e logo em seguida uma criatura humanoide atingiu
o solo em frente à Brawly. Possuía a maior parte de seu corpo da cor amarela,
exceto pela marca negra que ia do tórax até ao redor do pescoço e pelas mãos e
punhos que também eram da cor negra e se assemelhavam às luvas de boxeadores.
Havia duas marcas vermelhas em forma de anel em suas bochechas e seus olhos
eram puxados, de modo que a íris destes eram praticamente invisíveis. May pegou
sua Pokédex e apontou para o pokémon.

“Makuhita, um
pokémon de espírito incansável. Continuará levantando e atacando seu inimigo
por mais que seja derrubado. Come muita comida, dorme bastante e treina com
muito rigor. Se você ouvir ruídos estrondosos em uma caverna, é o som de Makuhita
realizando um treinamento árduo.”
– Não há nenhum problema. Vamos batalhar – Ela
assumiu uma expressão corajosa.
– Hum... May,
não acha que... – começou Juliana, mas foi cortada pela amiga.
– Está tudo
bem, Ju. Eu vou vencer.
A negra apenas
olhou para o garoto que apenas deu de ombros.
– Ela que
lute.
– Então nossa
batalha será de dois contra dois. Você pode substituir seus pokémons na hora
que quiser – O líder ditou as regras e a mais nova assentiu em resposta.
May mordeu o
lábio inferior em nervosismo, Makuhita era do tipo lutador e o único de seus
pokémons que era capaz de lutar contra ela era Dustox. Skiity estaria em
desvantagem, Apolo era muito jovem e Theo ainda não havia recebido nenhum tipo
de treinamento, talvez a última pudesse ser de algum auxílio em caso de extrema
necessidade, mas a garota sequer conhecia as técnicas de sua pokémon.
Brawly
se afastou para que houvesse espaço suficiente para a batalha e cruzou os
braços, fazendo com a cabeça um sinal para indicar a adolescente que lançasse
seu Pokémon. May respirou fundo e pegou a pokeball.
–
Saia Dustox!
A
mariposa ganhou os céus e esticou as próprias asas animadamente. Já fazia
alguns dias que sua treinadora não a chamava para alguma batalha e o inseto
estava ansioso por um pouco de agitação. Ao ver a Makuhita em sua frente, se
posicionou em frente à sua treinadora confiante, tinha noção de sua vantagem de
tipo.
–
O primeiro movimento é seu, May.
–
Dustox, ataque com Gust! – disse a garota rapidamente e a mariposa obedeceu,
balançando as asas e produzindo uma enorme quantidade de vento.
–
Responderemos com Rock Slide, Makuhita – o líder foi rápido e direto.
Makuhita
recebeu o impacto da onda de vento, porém permaneceu firme e deu um soco no
chão de areia. Sabe se lá como, levantaram-se uma grande quantidade de pedras
do chão de areia que flutuaram em torno do humanoide e foram lançadas na
direção da mariposa que, surpresa pelo move, não teve tempo de reagir e foi
atingida diretamente pelo golpe superefetivo.
–
Dustox! – gritou a garota ao ver seu pokémon ser atingido, mas logo a mariposa
alcançou novamente os céus – Use o Confusion!
Makuhita
de repente é erguido do ar e lançado repetidas vezes para o chão pelo inseto
que parecia querer se vingar do golpe recebido anteriormente.
–
Foque energia, Makuhita – disse Brawly tranquilamente.
O
pokémon lutador a partir dali pareceu alheio aos golpes levados e levou os
braços para frente em posição de defesa, como se tentasse proteger o alto de
seu tórax e sua cabeça. A expressão de seu rosto se tornou imediatamente mais
séria, como se tudo ao redor não passasse de uma distração criada por sua
própria mente para deixá-lo vulnerável.
–
Lance-o e use o Venoshock – Makuhita foi lançado para trás e o inseto lançou
uma grande quantidade um líquido venenoso de coloração arroxeada, porém antes
que este atingisse seu alvo, a voz de Brawly foi ouvia dando o comando à criatura.
–
Evasiva e em seguida Rock Slide! – seu pokémon obedeceu tão rápido que foi como
se houvesse lido os pensamentos de seu treinador.
Makuhita
deu um elegante salto para o lado e instantaneamente ergueu novamente as pedras
que foram ao encontro de Dustox. O golpe mais uma vez fora superefetivo, porém
dessa vez havia sido um golpe crítico, cujas chances foram devido ao Focus
Energy de seu adversário; fora o suficiente para derrubar o Pokémon de May que
caíra no chão com seu pequeno corpo esmagado por diversas rochas.
–
Volte, Dustox! Muito obrigada, meu amigo – agradeceu olhando para a pokeball.
Respirou fundo e retirou sua Premier ball da bolsa – Eu escolho você, Skitty!
A
batalha do líder e da desafiante já havia atraído alguns turistas que se aproximaram
curiosos, a maioria deles era de outras regiões e não tinham o hábito de ver os
representantes dos ginásios batalharem tão perto. Um murmúrio de decepção e
deboche foi ouvido por parte de boa parte deles ao perceberem o pokémon lançado
pela garota. May não se importava, sabia do potencial da gata e que ela daria
tudo de si contra qualquer oponente que enfrentassem.
–
Force Palm – comandou Brawly rapidamente, a palma de seu pokémon brilhou e ele
saltou para acertar a gata.
Skitty,
no entanto, possuía quase o dobro da velocidade de seu adversário e desviou do
golpe aplicado com maestria.
–
Use o Copycat!
A cauda de
Skitty brilhou e ela saltou, acertando Makuhita no rosto, no entanto, a
resistência era uma marca daquele Pokémon. Sem esperar por comando de seu
treinador, ele segurou o rabo da gata e a lançou contra o chão. A palma de
Makuhita tornou a brilhar e ele golpeou sua adversária, que, apesar de ter a
potencia amenizada pela presença do chão de areia, ainda sentiu a imensa força
do golpe super-efetivo. Um miado de dor saiu dos lábios do felino, fazendo sua
treinadora gritar preocupada.
– Afaste-o de
você! – a ponta da cauda da gata brilhou novamente, porém Makuhita foi mais
esperto, saltando para longe antes que pudesse ser atingido.
Os dois
pokémons pareciam estar mais cansados, contudo a situação da Skitty era
claramente pior. O pokémon de Brawly mal parecia ter sentido os golpes que
levara, exibindo um sorriso irônico, enquanto a gata de May respirava com
dificuldades e suas pequenas pernas tremiam levemente. A força do golpe
anterior causara grande dano em seu corpo pequeno.
– Prepare-se
para o ultimo golpe! – disse o líder e seu Pokémon assentiu com a cabeça,
levantando os punhos e se colocando em posição de luta.
– Skitty,
ataque com o Icy Wind! – O felino de May respirou fundo abriu a boca e desta
saiu uma rajada de vento gelado.
O lutador não
se mexeu do lugar de onde se encontrava, recebendo o golpe diretamente.
Pequenos cristais de gelo se formaram em seus pelos produzindo uma camada fina
deste na superfície de seu corpo.
– Finalize com
o Vital Throw!
May arregalou
os olhos e tentou comandar à Skitty que desviasse, porém o Vital Throw era um
golpe que nunca errava depois que o usuário adquirisse concentração o
suficiente para usá-lo. Makuhita
atravessou o campo de batalha em questão de instantes e segurou a gata, em seguida
saltou para cima e lançou-a contra o solo. O pequeno corpo bateu no chão e
rolou até os pés da garota, fora de combate.
A treinadora
pegou sua pokémon em seus braços, sussurrou um “desculpe” em seu ouvido e a
retornou para sua pokeball. Os expectadores que haviam se agrupado ao redor da
área de batalha se dispersaram conversando entre si e os outros dois
adolescentes se aproximaram da menina. Ela porém, não os olhava, e sim a esfera
branca que sua mão apertava com força. Mal percebeu quando Brawly andou até ela
e colocou a mão em seu ombro.
– Você é uma
boa treinadora – elogiou – Pode me desafiar de novo quando achar que estiver
pronta.
Ela não
respondeu a princípio, não compreendia a mistura de sentimentos que foi ter
sido derrotada daquela maneira. Quando encontrou sua própria voz, disse em tom tão
baixo que o líder quase não pode ouvir.
– Obrigada...
– Ei May! –
Juliana tocou o braço da amiga – Você foi bem, não precisa ficar triste. Tenho
certeza que ganhará na próxima batalha.
– Eu avisei...
– o adolescente começou, mas levou uma cotovelada da negra antes que pudesse
continuar.
– Sua amiga
tem razão – reforçou o líder tentando animar a jovem – Venham, vamos vocês três
almoçar comigo no ginásio – ele se afastou e fez sinal para que os três o
seguissem. Os outros dois olharam para a treinadora.
– Vocês podem
ir... – respondeu guardando a premier ball de Skitty – Eu quero ficar sozinha
por um tempo.
– Mas May... –
começo a coordenadora, mas a mais nova fez sinal para que esta parasse.
– Vou levar
meus pokémons ao Centro e depois dar uma volta por aí. Não precisam se
preocupar, não vou me meter em problemas.
A negra cerrou
os lábios fortemente, não queria deixar a amiga sozinha, mas já passara por uma
situação parecida ha poucos dias e sabia
que para o que May estava sentindo, para
o peso da derrota, o isolamento da própria mente as vezes era necessário para
que a pessoa pudesse se encontrar. Acabou por concordar com a cabeça e viu a
adolescente se afastar deles com um “até mais tarde” enquanto seguia com o
garoto e o líder de volta ao ginásio.
A menina de
olhos azuis pegou os tênis que ainda estavam jogados sobre a areia e calçou-os.
Agora o sol estava a pino, mas ela não parecia ter notado. Os pensamentos da
derrota humilhante eram a única coisa que rondava por sua cabeça. Deixara
Skitty e Dustox apanharem a toa, passara vergonha na frente de todas àquelas
pessoas e de seus amigos. Foi numa árvore já perto do Centro pokémon que ela
deixou-se sentar e escorar-se, deixando finalmente as lágrimas escorrerem pelo
rosto alvo.
Próximo capítulo >
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Carol, onde estão as notas?
ResponderExcluirIlha tropical paradisíaca, melhor lugar para ter um arco de história, bora fazer os 5 caps do desafio 5em20 em dewford! (esquece slateport).
Gostei muito da caminhada deles até o ginasio, deu vida para a ilha, mesmo que num tiveram nada para fazer por lá, foi muito massa valorizar esse processo de chegar no lugar e as reações dos personagens ao não encontrarem o líder por lá
To de olho nessa Reina subestimando a May, pena que esteve certa, mas na próxima a May vai mostrar como se... e ela perde de novo...
Porra May, me ajuda a te ajudar!
kkkkk
brincadeiras a parte, eu curti muito o capítulo e estou esperando para ver como a May vai lidar agora que teve sua primeira derrota em batalha de ginásio.
até o próximo Carol.
A preguiça de fazer as notas é maior do que qualquer coisa existente nesse planeja.
ExcluirIlha paradisíaca da pra fazer vários capítulos de batalha e até um arco de romance que ainda não teve pontadas nessa história kkk.
Essa ilha não tinha basicamente nada. Quando eu tava escrevendo ao mesmo tempo pensava, tenho que torna esse lugar bonito ou um pouquinho mais convidativo aos leitores de modo que sintam sensações agradáveis por estar aqui.
Reina já predizendo o futuro, pobre May, nunca teve chances. Nem o poder da amizade foi o suficiente para salvá-la da derrota.
Fico feliz que tenha gostado, Anan. Vamos ver em que essa derrota irá ajudar a May e como ela conseguirá dar a volta por cima (se conseguir, claro).
Yooo Carol
ResponderExcluirEu acho que depois de tanta água, eu to aliviada em ver eles em terra firme haushuaushahus
Dewford é aquela ilha no jogo que a gente luta com o Brawly, vê o Steven e vaza, então o legal da fanfic é poder trazer mais vida a ela. E isso você consegue perfeitamente <3
Brawly é o muso do verão, calor no coração <3 Achei legal ele ser um cara surfista ao invés do carinha típico de academia que a gente tem inveja do insta dele haushaushuashu
Eu não vou julgar a May por perder pq eu já levei um cacete do Brawly por causa desse maldito saco de pancada amarelo ahsuahushuashahus
Espero que a May fique bem e faça a Skitty dar um cacete nesse Makuhita só pra humilar o Brawly hasuahusuahsuhahu
FORÇAS MAY!
see ya
Oiii Star. Acho que todo mundo já tava enjoado de água também (até eu). Então foi bom estar novamente em solo firme.
ExcluirDewford acaba sendo uma ilha um pouco sem graça nos jogos, bastante areia, uma caverna e um ginásio, então senti necessidade de fazer algo que pudesse dar valor a ela, trazer toda essa sensação de tranquilidade de uma ilha tropical.
Brawly deuso do verão, muso da praia, super simpático e carismático e mostrou logo sua personalidade decidida.
Pobre Skitty, nunca teve chance, Makuhita desceu o cacete na pobrezinha, assou e comeu com farofa. Tudo que resta agora são lembranças nossos corações até que ela se reerga e possa enfrentá-lo de novo rs.
Até a próxima, Star-chan! Obrigada por comentar!
Oie Carol, tudo bom?
ResponderExcluirQue capítulo gostosinho pra se acompanhar depois de toda a tensão ocorrida nos últimos caps, um momento pra relaxar em terra firme, ou relaxar pelo menos até a aparição do Brawly.
É interessante ver que eles ficaram três dias se recuperando dos últimos eventos e a citação que a May ainda tem as marcas dos pontos feitos pela Ju, além de relembrar de maneira prática dá uma sensação de consequência dos atos deles.
E a May corando com a Reina....e se....zueira haushsuahaushs, EM VEZ DISSO VAMOS SHIPPAR MALIANA, PQ ELAS SÃO MUITO FOFAS BRINCANDO NA PRAIA E JOGANDO ÁGUA, EU NÃO AGUENTO TANTA FOFURA
A caminhada até o ginásio foi legal, é interessante ver eles caminhando e tendo um momento mais simples onde eles só conversam, mesmo que tenha o Brendan reclamando de tudo nós sabemos que no fundo ele adora elas.
E o Brawly fechou a May na porrada usando só um pokemon, já era bem esperado isso, ela nem sabia qual o tipo que ele usava, ainda me lança a Skitty contra uma Makuhita, compensava mais jogar a Theo e arriscar a sorte haushsuahaushs
Mas será que teremos uma revanche da Skitty? Dessa vez evoluída como uma Delcatty? Ela ainda teria desvantagem, mas poderia aprender algum golpe novo, ou será que está cedo demais pra uma evolução dela...Ou a May decide deixar a coitada da Skitty descansar e vai treinar com a Theo.
E esse final da May chorando sozinha é triste, ainda que seja por escolha própria, MAS ESSES SÃO OS DIAS DE LUTA, OS DIAS DE GLÓRIA VIRÃO MAY.
No mais é isto, curti mt o cap e a vibe mais tranquila da ilha de Dewford, adoro ilhazinhas :3
See Ya
Como vocês podem bem ver, eu sei dar um dia de paz aos meus protagonistas... Ou quase. Pelo menos eu tentei huehuehue. Apesar de tudo, eles tiveram dois dias para se recuperarem e descansarem então ainda está de boa.
ExcluirA policia federal foi acionada imediatamente quando li sobre esse shipp... huehuehue. Mas bem, em Neo Hoenn, TUDO É POSSÍVEL, menos se for impossível. A May tem só 14 anos e ainda é muito tímida diante de outras pessoas que ela ainda não conhece.
O Breno se não reclamar com certeza não é o Breno, estranho seria se ele ficasse calado, possivelmente estaria doente ou alguém teria sequestrado ele e mandado uma cópia no lugar.
Pobre May, pobre Skitty... Nunca tiveram chance. E ainda sofrem nas mãos de uma autora de coração cruel. Evolução? Bem, precisariamos de uma pedra... Mas nada é impossível, vai que ela ganha uma por ai. De toda forma, todo treinador tem que apanhar um pouquinho nos ginásios para aprender a ser humilde.
VAMOS LÁ, MAY! TODOS ACREDITAMOS EM VOCÊ!
Obrigada pelo comentário, Grovy!
Até o próximo capítulo!
Gente, que foi isso?
ResponderExcluirMeu pai do céu, minha nossa senhora da bicicleta de rodinhas, eu amei esse capítulo demais, o clima agradável e praiano de Dewford, uma ilha que é facilmente negligenciada no jogo e que em suas mãos foi finalmente exaltada. Amo????
Amei eles caminhando pela cidade, indo até o ginásio que funciona como academia para treinar pessoas também, amei a Reina, ela é uma fofa, ai gente, amei ela desde já e quero mais dela, não me faça criar esperanças sobre uma personagem que você pode acabar esquecendo no churrasco, Carola.
O Brawly, meu pai, amo ele, todo surfista e malhado, um deuso desses meu pai, só em Hoenn mesmo. E esse cara ainda conseguiu acabar com a May só com o Makuhita, meu deus, isso mostra muito como a May tem que se preparar mais para as batalhas de ginásio e descobrir sobre seus oponentes e mesmo que ela não saiba com que tipo ela está lidando ela tem que saber ler seu adversário e rápido, coisa que não senti quando ela ficou lá pensativa sobre que Pokémon mandaria para peitar o Makuhita do Brawly. Eu quero ver a revanche, mas no momento quero confortar a May, deve ter sido difícil a primeira derrota dela, tadinha.
Bem, é isso, ansioso pelo próximo capítulo.
Abraços, Carol
Finalmente uma prainha digna para eles curtirem ne? Rs Ainda bem que segui essa linha, deixou o capítulo e a cidade bem mais agradáveis.
ExcluirReina é uma gracinha, adorei escrever sobre ela, você sabe que amo criar personagens secundários fofos e como você pediu, ela foi muito bem lembrada por euzinha.
Brawly gostoso reizinho de Hoenn só não aceita quem não quer. Humilhou a pobre da May pra mostrar que não estava aqui pra brincadeiras e que ela ainda tem que crescer muito durante sua jornada para aguentar os capítulos que estão por vir. Fiquei com dó de fazê-la perder assim, mas quando ela alcançar a vitória, com certeza será muito mais saborosa.
Obrigada pelo comentário, Leucro! Até o próximo capítulo!