• sexta-feira, 10 de abril de 2020




                    Dewford era uma ilha localizada no sul do continente de Hoenn e mesmo não sendo uma das maiores, era visível sua importância para a economia local quando se tratava do turismo da região. Era uma ilha de tamanho considerável de praias limpas e claras e, para quem gostasse do contato direto com a natureza, guias turísticos ofereciam passeios pelas florestas naturais e montanhas locais. E ainda, para aqueles que fossem mais corajosos, havia a Granite Cave ao norte, embora não fosse um local muito visitado devido à grande quantidade de pokémons selvagens e perigosos que a habitava.


                    May, Brendan, Juliana e Briney estavam hospedados no Centro Pokémon local, um belo prédio circular de três andares e estrutura elegante. Este era muito menor do que o de Rustboro em dimensões, tendo o segundo andar apenas alguns poucos quartos e o último apenas uma cobertura onde eram feitas as refeições. A enfermeira local era uma mulher de longos cabelos negros ondulados e pele morena e atendia pelo nome de Srta. Sierra.
                    O grupo havia chegado à cidade ainda na manhã, todos exaustos e trêmulos de frio e permaneceram hospitalizados por dois dias a pedido da enfermeira que queria avaliar melhor o estado de saúde de cada um. Apenas Briney fora liberado por alguns momentos para contatar alguns amigos que ajudariam a consertar os danos provocados pela tempestade ao seu barco. Apenas no terceiro dia da chegada dos mesmos à cidade é que foram liberados pela enfermeira, após um checkup rigoroso, para saírem do centro.
                    Naquela manhã, o trio estava sentado ao redor uma mesa redonda de metal à beira de uma das grandes janelas que davam para a praia. Uma brisa suave passava por esta refrescando a manhã de um dia que prometia ser quente. Conversavam sobre o que fariam naquele dia agora que finalmente poderiam desfrutar da cidade. May queria ir imediatamente ao ginásio, o fato de ter crescido próxima à praia, por mais que aquele fosse um lugar novo, não fazia aquelas lhe chamarem tanto a atenção. Juliana vivera nas regiões centrais e frias de Sinnoh e pouco vira das praias, no entanto não parecia se importar de realizar a vontade da amiga antes de fazê-lo.
                    – Onde será que ele fica? – a mais nova perguntou para os amigos enquanto pegava um pedaço melancia com o garfo e levava à boca.
                    – A gente pode perguntar para a enfermeira depois do café – respondeu Juliana tomando um gole do seu suco de laranja – A cidade não é tão grande, aposto que não fica longe.
                    – Você ao menos sabe qual o tipo que o líder usa? – questionou Brendan com uma sobrancelha erguida.
                    – Ahn... Não – a animação da menina desvaneceu um pouco.
                    Olhando rapidamente de um para o outro, a negra sorriu e tocou no braço da garota.
                    – Mesmo não sabendo o tipo não acho que fará mal irmos até lá apenas para conhecer o ginásio. A May pode até mesmo conseguir algumas dicas sobre o método de batalha do líder.
                    – Hum – foi a única coisa que saiu dos lábios do garoto.
                    Terminado o café da manhã, eles se levantaram e seguiram rumo ao piso térreo para pegar seus Pokémons com a enfermeira. Por sorte, havia poucas pessoas ali e eles não demoraram a ser atendidos pela mulher. Com esta, também conseguiram informações sobre como chegar ao ginásio, estando esse ao sul da cidade.
                    – Onde vocês acham que está o Sr. Briney? – perguntou May enquanto saiam pelas portas de vidro automáticas do prédio – Não o vejo desde ontem no almoço.
                    – Eu o encontrei enquanto estava a caminho do refeitório – respondeu Brendan – Mencionou algo sobre terminar os reparos no barco. Presumo que quando ele acabar deva deixar a ilha.
                    – Espero que ele se despeça da gente – comentou a negra – Apesar de não termos convivido por muito tempo juntos tenho um enorme carinho por ele.
                    Eles caminhavam pelas ruas ensolaradas da cidade. O centro comercial era bem movimentado, porém, diferente das grandes metrópoles, não se viam muitos prédios, deixando bastante espaço para as ruas largas repletas de árvores serem amplamente iluminadas pela luz do sol. Não havia grandes lojas com artigos para treinadores ali, apenas pequenos supermercados que vendiam poucos artefatos isolados. Além disso, a quantidade de restaurantes, sorveterias e hotéis era impressionante. Por todos os lados, clientes vestidos com suas camisas havaianas, chinelos e enormes óculos de sol passavam conversando entre si entusiasmadamente. Alguns até mesmo pareciam falar outras línguas.
                    Como não viram sinal do ginásio em parte alguma, caminharam até um guarda local que caminhava pela calçada acompanhado de um pokémon quadrúpede cujo corpo era coberto de placas metálicas. Ao perceber os adolescentes se aproximarem, a criatura parou seu caminhar observando-os com seus grandes olhos azuis. Isso acabou por chamar atenção de seu treinador que também interrompeu a caminhada.

                    – Bom dia, senhor guarda – cumprimentou May educadamente – O senhor poderia me informar a localização do ginásio da cidade?
                    O guarda os encarou tranquilamente, como se já esperasse que aquele fosse o conteúdo da pergunta. Sorriu para os garotos e apontou para o final da alameda onde havia um grande muro de tijolos marrons cortado por uma escada de concreto.
    – Subam pela escada, continuem andando pelo mesmo caminho e chegarão até ele.
    Os adolescentes agradeceram educadamente ao policial e seguiram pelo caminho indicado por este, o topo da escada dava para uma estrada que apontava ainda mais para o sul. Seguiram por poucas ruas residenciais até a cidade ser deixada para trás e o solo pavimentado ser substituído pelo chão de terra. Eles agora estavam caminhando por uma vereda rodeada por uma mata verdejante que tremulava vagarosamente quando tocada pelo vento.


                    – Será que nós realmente estamos no caminho certo? – o garoto parou abruptamente observando ao seu redor – Não faz sentido esse ginásio ser por aqui, não tem nem estrada.
                    As duas garotas também interromperam seu caminhar para encará-lo.
                    – O policial nos disse para continuar andando. Será que ele se confundiu? – indagou a mais nova segurando o outro braço nervosamente.
                    – Vamos andar mais um pouco e ver o que encontramos depois da próxima curva. Se não houver nada podemos voltar à cidade e pedir informação a outra pessoa – sugeriu Juliana.
                    – Eu não quero ficar dando voltas por aí igual a um tolo– reclamou o garoto cruzando os braços.
                    – Então volte e espere a gente no centro – May respondeu enquanto retomava a caminhada.
                    – Não seja preguiçoso, você já ficou parado por dois dias inteirinhos no Centro Pokémon – disse a negra seguindo a amiga. O moreno acabou por revirar os olhos e seguí-las.
                    Eles caminharam por mais alguns minutos sem nenhuma modificação na paisagem ao seu redor, até finalmente adentrarem novamente em um trecho pavimentado ladeado em sua entrada por duas grandes colunas de pedra sobre as quais haviam sido esculpidos dois Meditites em posição de meditação.  Dali em diante, o caminho era rodeado por grandes árvores de tronco cinzento retorcido. Taillows e Natus empoleirados no alto de seus ninhos observavam-nos passar com olhos atentos e desconfiados. Após algumas centenas de metros, desceram uma escadaria de pedra que se abriu em uma área ampla.
                    Eles agora andavam sobre uma estrada de tijolos marrons cuidadosamente encaixados que atravessava um vale amplo entre as grandes montanhas da ilha de Dewford. O mato da estrada que os adolescentes haviam percorrido agora fora substituído por um grande gramado verdejante cuidadosamente aparado. O cheiro de flores silvestres vindos dos arbustos que rodeavam o campo atraia uma grande quantidade de lindas Beautiflys que dançavam uma melodia desconhecida no céu enquanto voavam de flor em flor para provar do doce néctar produzido por estas.
                    Pelo campo, crianças de diversas idades se ajuntavam em pequenos grupos de acordo ao seu tamanho e praticavam as atividades que lhes eram passadas por seus mestres. Algumas delas usavam quimonos, as que praticavam imobilizações do jiu-jitsu, mas a maioria vestia roupas simples que não pareciam ter sido especialmente selecionadas para aquela função, e sim meramente escolhidas ao acaso. Algumas eram até bem gastas. No fundo do campo havia um grande prédio de aspecto antigo, porém conservado. Este possuía três andares e era pintado de cor amarelo claro com grandes janelas de madeira de cor branca. Não parecia nem de perto ser um ginásio, May se perguntava se, assim como Roxanne, alguma entrada naquele prédio abria caminho para uma arena escondida.
                    Um dos instrutores, uma mulher que lidava com um grupo de alunos menores, percebeu a chegada do trio e deu algum comando aos seus alunos que fizeram uma reverência educada e correram alegremente em direção ao prédio. Ela então caminhou tranquilamente na direção do grupo com um sorriso simpático no rosto. Portava longos e brilhantes cabelos de cor azul-metálico presos em um rabo de cavalo, cabelos estes que combinava com os olhos cinzentos e decididos e ao mesmo tempo contrastavam com a pele clara levemente bronzeada pelo sol. Seu corpo era magro com músculos definidos e usava apenas um conjunto de poliéster de cor laranja com azul, nos pés calçava um parte de tênis brancos já um pouco gastos pelo uso.


                    – Olá! Sejam bem-vindos ao ginásio e academia de Dewford. Meu nome é Reina e sou uma das instrutoras que trabalha aqui – apresentou-se educadamente, seu tom de voz era levemente rouco.
                    – Ahn, é... Bom dia, senhorita Reina – começou May levemente nervosa – Nós estamos procurando o líder do ginásio, eu gostaria de desafiá-lo pela insígnia.
                    Após pronunciar as palavras, ela sentiu o olhar da lutadora analisando-a e em seguida abrindo um sorriso torto.
                    – Sinto muito, mas o líder do ginásio não se encontra no momento – anunciou, May sentiu seu ânimo diminuir um pouco.
                    – Mas eu... Pelo menos poderia agendar uma batalha contra ele? – A mais velha deu de ombros.
    – Eu não tenho autorização para agendar batalhas – respondeu, mas ao ver o desânimo da mais nova deu um sorriso gentil e completou – Não precisa fazer essa carinha, nesse horário ele provavelmente está surfando na praia. Se vocês voltarem por onde vieram, com certeza esbarrarão com ele pelo caminho.
    – Certo. Muito obrigada, Srta. Reina – agradeceu fazendo uma reverência semelhante à feita pelos alunos da mulher. Reina deu uma pequena risada em resposta.
    – Por favor, me chame apenas de Reina – deu uma pequena piscada para May que sentiu seu rosto corar – Não precisa me agradecer, nós iremos nos reencontrar em breve.
    Dizendo isso, a lutadora deu as costas para os garotos e seguiu na mesma direção na qual foram seus alunos. Ao redor deles, um grupo de jovens que devia ter entre dezesseis e dezoito anos começou a correr ao redor do campo.
    – Eu sabia que era perda de tempo vir para cá. No fim, voltamos a estaca zero – reclamou o garoto.
    – Ah, fique quieto. Não estou mais satisfeita do que você – respondeu May rispidamente.
    – Ok, é melhor vocês dois nem começarem – Juliana cortou a discussão – E Brendan, não teria como a gente saber que o Brawly não está aqui se não houvéssemos vindo aqui.
    – Pra isso que existe o telefone – resmungou o moreno baixinho, mas as duas ignoraram-no.
    May virou-se de lado e observou o mar na linha do horizonte, seus movimentos eram praticamente imperceptíveis aos olhos humanos.
    – Eu sei que já fiz vocês andarem bastante, mas ao menos podemos dar uma passada na praia pra ver se o líder está lá? – pediu a menina, levemente sem jeito.
    – Claro que sim, sua boba! – a negra passou o braço pelo ombro da amiga – De qualquer forma, precisaremos passar por lá para encontrar algum lugar para almoçarmos. Eu vi um lugar com uma promoção de salada de frutas tropicais que parece ser maravilhosa.
    – Fazer o que, né... – foi o que respondeu Brendan, mas era o suficiente para deixar a garota feliz.
    O caminho de volta pareceu mais curto do que o de ida, embora o sol já estivesse mais alto naquela manhã e os três começassem a suar devido ao calor provocado por ele. Logo eles estavam novamente à beira mar, o barulho deste somado ao dia quente os fazia ter vontade de se refrescarem.
    – Eu acho que vou derreter nesse sol – reclamou May tirando o lenço verde dos cabelos assim que desceram a última escadaria. Na testa ainda era possível ver os pontos dados por Juliana alguns dias antes.
                    – Então vem aqui – Juliana de repente tirou os tênis dos pés e puxou a amiga pelo braço em direção ao mar.
                    – Espera! – a mais nova também tirou seus calçados e deixou-se ser arrastada pela outra.
                    A areia daquela praia era tão fina que quase fazia cócegas e quando água gelada tocou os pés de ambas, seus corpos automaticamente se arrepiaram. Era incrível a maneira como nos acostumávamos com algo a ponto de quase nos tornarmos cegos para o quando aquilo era especial, isso era o que pensava May enquanto corria de Juliana que tentava molhá-la a todo custo com a água salgada. Brendan se aproximou da linha da água com as mãos no bolso, tentava ser indiferente, mas a verdade é que seu rosto carregava um pequeno sorriso.
    As adolescentes pararam e se encararam, como se o mesmo pensamento tivesse passado pela cabeça de ambas. Brendan ergueu uma sobrancelha em questionamento, mas ao observá-las pegarem boas quantidades de areia encharcada, recuou alguns passos.
    – Nem pensem nisso – disse em tom de advertência, mas seu olhar rapidamente desviou das garotas para algo que se encontrava atrás destas.
    Elas se viraram e viram uma enorme onda se avolumar e vir em direção à praia. O que mais chamava atenção, no entanto, não era a onda e sim um jovem em cima de uma prancha de cor alaranjada que parecia minúscula perto do tamanho do colosso que avançava sob ela. O surfista, no entanto, não se intimidou pelo que enfrentava, pelo contrário, seus movimentos eram precisos e ele cortava as águas oceânicas com tamanha elegância e precisão que parecia fazer parte daquele fenômeno, quase como se ele e a onda fossem um só corpo. Por alguns momentos ele desapareceu sob as águas, para logo resurgir alguns metros adiante com um sorriso vitorioso em sua postura altiva.
    – Bem, nós... Não tratamos de nos informar quem era o líder, mas... – começou May, admirada pelo talento do jovem.
    – Eu acho que deve ser, não é... – a mais velha concordou, também estava abismada.
    – Qual o problema com vocês duas? – questionou Brendan.
    – Nada – as duas falaram simultaneamente.
    Após conquistar a onda, o surfista se deitou sobre a prancha e começou a remar com os braços para chegar novamente à terra. Assim que atingiu uma profundidade considerável, desceu da mesma e a carregou com seu braço esquerdo. Por acaso do destino, ele vinha em direção ao trio que pode observá-lo melhor. Era um líder de ginásio jovem, sem dúvidas; devia ter poucos anos a mais do que Roxanne. Possua pele bronzeada e cabelos azul acinzentados, mesma cor dos olhos que pareciam carregar dentro de si uma tempestade. Vestia uma camisa preta com detalhes em laranja colada ao corpo, deixando perceptível o peitoral largo de músculos definidos. Usava também uma bermuda cinzenta e tênis pretos com laranja de material impermeável. Por fim, o visual era completado por óculos esportivos que carregava no topo da cabeça.
    Ele já passava pelo trio cumprimentando-os rapidamente quando May reencontrou sua coragem de se pronunciar.
    – Com licença, senhor! – chamou ela, ganhando a atenção do rapaz – Você é o líder de ginásio de Dewford?
    O treinador abriu um grande sorriso ao ouvir essas palavras e apontou com o polegar para sim mesmo.
    – Sim, meu nome é Brawly Weigel. Surfista profissional, mestre nas artes marciais e líder do ginásio há cerca de três anos. Você por acaso é uma desafiante?
    – Sou sim, eu gostaria de marcar uma batalha pela sua insígnia – Brawly mudou o sorriso para um desafiador ao ouvir as palavras da garota.
    – Certo! Eu aceito seu desafio. Vamos batalhar agora – respondeu enquanto levava os dedos indicador e médio de cada mão à boca e dava um longo e alto assobio.
    – A-agora? Mas eu... Eu não... – A morena recuou um passo e levou as mãos em frente ao peito como um sinal de autodefesa.
    – Qual é o problema? Não acha que está no nível de enfrentar um líder de ginásio? Por que me desafiou então? – questionou o líder com tom de voz provocativo e a garota fechou a cara.
    O céu pareceu escurecer por alguns instantes e logo em seguida uma criatura humanoide atingiu o solo em frente à Brawly. Possuía a maior parte de seu corpo da cor amarela, exceto pela marca negra que ia do tórax até ao redor do pescoço e pelas mãos e punhos que também eram da cor negra e se assemelhavam às luvas de boxeadores. Havia duas marcas vermelhas em forma de anel em suas bochechas e seus olhos eram puxados, de modo que a íris destes eram praticamente invisíveis. May pegou sua Pokédex e apontou para o pokémon.

    “Makuhita, um pokémon de espírito incansável. Continuará levantando e atacando seu inimigo por mais que seja derrubado. Come muita comida, dorme bastante e treina com muito rigor. Se você ouvir ruídos estrondosos em uma caverna, é o som de Makuhita realizando um treinamento árduo.”
     – Não há nenhum problema. Vamos batalhar – Ela assumiu uma expressão corajosa.
    – Hum... May, não acha que... – começou Juliana, mas foi cortada pela amiga.
    – Está tudo bem, Ju. Eu vou vencer.
    A negra apenas olhou para o garoto que apenas deu de ombros.
    – Ela que lute.
    – Então nossa batalha será de dois contra dois. Você pode substituir seus pokémons na hora que quiser – O líder ditou as regras e a mais nova assentiu em resposta.
    May mordeu o lábio inferior em nervosismo, Makuhita era do tipo lutador e o único de seus pokémons que era capaz de lutar contra ela era Dustox. Skiity estaria em desvantagem, Apolo era muito jovem e Theo ainda não havia recebido nenhum tipo de treinamento, talvez a última pudesse ser de algum auxílio em caso de extrema necessidade, mas a garota sequer conhecia as técnicas de sua pokémon.
                    Brawly se afastou para que houvesse espaço suficiente para a batalha e cruzou os braços, fazendo com a cabeça um sinal para indicar a adolescente que lançasse seu Pokémon. May respirou fundo e pegou a pokeball.
                    – Saia Dustox!
                    A mariposa ganhou os céus e esticou as próprias asas animadamente. Já fazia alguns dias que sua treinadora não a chamava para alguma batalha e o inseto estava ansioso por um pouco de agitação. Ao ver a Makuhita em sua frente, se posicionou em frente à sua treinadora confiante, tinha noção de sua vantagem de tipo.
                    – O primeiro movimento é seu, May.
                    – Dustox, ataque com Gust! – disse a garota rapidamente e a mariposa obedeceu, balançando as asas e produzindo uma enorme quantidade de vento.
                    – Responderemos com Rock Slide, Makuhita – o líder foi rápido e direto.
                    Makuhita recebeu o impacto da onda de vento, porém permaneceu firme e deu um soco no chão de areia. Sabe se lá como, levantaram-se uma grande quantidade de pedras do chão de areia que flutuaram em torno do humanoide e foram lançadas na direção da mariposa que, surpresa pelo move, não teve tempo de reagir e foi atingida diretamente pelo golpe superefetivo.
                    – Dustox! – gritou a garota ao ver seu pokémon ser atingido, mas logo a mariposa alcançou novamente os céus – Use o Confusion!
                    Makuhita de repente é erguido do ar e lançado repetidas vezes para o chão pelo inseto que parecia querer se vingar do golpe recebido anteriormente.
                    – Foque energia, Makuhita – disse Brawly tranquilamente.
                    O pokémon lutador a partir dali pareceu alheio aos golpes levados e levou os braços para frente em posição de defesa, como se tentasse proteger o alto de seu tórax e sua cabeça. A expressão de seu rosto se tornou imediatamente mais séria, como se tudo ao redor não passasse de uma distração criada por sua própria mente para deixá-lo vulnerável.
                    – Lance-o e use o Venoshock – Makuhita foi lançado para trás e o inseto lançou uma grande quantidade um líquido venenoso de coloração arroxeada, porém antes que este atingisse seu alvo, a voz de Brawly foi ouvia dando o comando à criatura.
                    – Evasiva e em seguida Rock Slide! – seu pokémon obedeceu tão rápido que foi como se houvesse lido os pensamentos de seu treinador.
                    Makuhita deu um elegante salto para o lado e instantaneamente ergueu novamente as pedras que foram ao encontro de Dustox. O golpe mais uma vez fora superefetivo, porém dessa vez havia sido um golpe crítico, cujas chances foram devido ao Focus Energy de seu adversário; fora o suficiente para derrubar o Pokémon de May que caíra no chão com seu pequeno corpo esmagado por diversas rochas.
                    – Volte, Dustox! Muito obrigada, meu amigo – agradeceu olhando para a pokeball. Respirou fundo e retirou sua Premier ball da bolsa – Eu escolho você, Skitty!
                    A batalha do líder e da desafiante já havia atraído alguns turistas que se aproximaram curiosos, a maioria deles era de outras regiões e não tinham o hábito de ver os representantes dos ginásios batalharem tão perto. Um murmúrio de decepção e deboche foi ouvido por parte de boa parte deles ao perceberem o pokémon lançado pela garota. May não se importava, sabia do potencial da gata e que ela daria tudo de si contra qualquer oponente que enfrentassem.
                    – Force Palm – comandou Brawly rapidamente, a palma de seu pokémon brilhou e ele saltou para acertar a gata.
                    Skitty, no entanto, possuía quase o dobro da velocidade de seu adversário e desviou do golpe aplicado com maestria.
                    – Use o Copycat!
    A cauda de Skitty brilhou e ela saltou, acertando Makuhita no rosto, no entanto, a resistência era uma marca daquele Pokémon. Sem esperar por comando de seu treinador, ele segurou o rabo da gata e a lançou contra o chão. A palma de Makuhita tornou a brilhar e ele golpeou sua adversária, que, apesar de ter a potencia amenizada pela presença do chão de areia, ainda sentiu a imensa força do golpe super-efetivo. Um miado de dor saiu dos lábios do felino, fazendo sua treinadora gritar preocupada.
    – Afaste-o de você! – a ponta da cauda da gata brilhou novamente, porém Makuhita foi mais esperto, saltando para longe antes que pudesse ser atingido.
    Os dois pokémons pareciam estar mais cansados, contudo a situação da Skitty era claramente pior. O pokémon de Brawly mal parecia ter sentido os golpes que levara, exibindo um sorriso irônico, enquanto a gata de May respirava com dificuldades e suas pequenas pernas tremiam levemente. A força do golpe anterior causara grande dano em seu corpo pequeno.
    – Prepare-se para o ultimo golpe! – disse o líder e seu Pokémon assentiu com a cabeça, levantando os punhos e se colocando em posição de luta.
    – Skitty, ataque com o Icy Wind! – O felino de May respirou fundo abriu a boca e desta saiu uma rajada de vento gelado.
    O lutador não se mexeu do lugar de onde se encontrava, recebendo o golpe diretamente. Pequenos cristais de gelo se formaram em seus pelos produzindo uma camada fina deste na superfície de seu corpo.
    – Finalize com o Vital Throw!
    May arregalou os olhos e tentou comandar à Skitty que desviasse, porém o Vital Throw era um golpe que nunca errava depois que o usuário adquirisse concentração o suficiente para usá-lo.  Makuhita atravessou o campo de batalha em questão de instantes e segurou a gata, em seguida saltou para cima e lançou-a contra o solo. O pequeno corpo bateu no chão e rolou até os pés da garota, fora de combate.
    A treinadora pegou sua pokémon em seus braços, sussurrou um “desculpe” em seu ouvido e a retornou para sua pokeball. Os expectadores que haviam se agrupado ao redor da área de batalha se dispersaram conversando entre si e os outros dois adolescentes se aproximaram da menina. Ela porém, não os olhava, e sim a esfera branca que sua mão apertava com força. Mal percebeu quando Brawly andou até ela e colocou a mão em seu ombro.
    – Você é uma boa treinadora – elogiou – Pode me desafiar de novo quando achar que estiver pronta.
    Ela não respondeu a princípio, não compreendia a mistura de sentimentos que foi ter sido derrotada daquela maneira. Quando encontrou sua própria voz, disse em tom tão baixo que o líder quase não pode ouvir.
    – Obrigada...
    – Ei May! – Juliana tocou o braço da amiga – Você foi bem, não precisa ficar triste. Tenho certeza que ganhará na próxima batalha.
    – Eu avisei... – o adolescente começou, mas levou uma cotovelada da negra antes que pudesse continuar.
    – Sua amiga tem razão – reforçou o líder tentando animar a jovem – Venham, vamos vocês três almoçar comigo no ginásio – ele se afastou e fez sinal para que os três o seguissem. Os outros dois olharam para a treinadora.
    – Vocês podem ir... – respondeu guardando a premier ball de Skitty – Eu quero ficar sozinha por um tempo.
    – Mas May... – começo a coordenadora, mas a mais nova fez sinal para que esta parasse.
    – Vou levar meus pokémons ao Centro e depois dar uma volta por aí. Não precisam se preocupar, não vou me meter em problemas.
    A negra cerrou os lábios fortemente, não queria deixar a amiga sozinha, mas já passara por uma situação parecida ha poucos dias e  sabia que para o que May estava sentindo,  para o peso da derrota, o isolamento da própria mente as vezes era necessário para que a pessoa pudesse se encontrar. Acabou por concordar com a cabeça e viu a adolescente se afastar deles com um “até mais tarde” enquanto seguia com o garoto e o líder de volta ao ginásio.
    A menina de olhos azuis pegou os tênis que ainda estavam jogados sobre a areia e calçou-os. Agora o sol estava a pino, mas ela não parecia ter notado. Os pensamentos da derrota humilhante eram a única coisa que rondava por sua cabeça. Deixara Skitty e Dustox apanharem a toa, passara vergonha na frente de todas àquelas pessoas e de seus amigos. Foi numa árvore já perto do Centro pokémon que ela deixou-se sentar e escorar-se, deixando finalmente as lágrimas escorrerem pelo rosto alvo.



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    { 8 comentários... read them below or Comment }

    1. Carol, onde estão as notas?

      Ilha tropical paradisíaca, melhor lugar para ter um arco de história, bora fazer os 5 caps do desafio 5em20 em dewford! (esquece slateport).

      Gostei muito da caminhada deles até o ginasio, deu vida para a ilha, mesmo que num tiveram nada para fazer por lá, foi muito massa valorizar esse processo de chegar no lugar e as reações dos personagens ao não encontrarem o líder por lá

      To de olho nessa Reina subestimando a May, pena que esteve certa, mas na próxima a May vai mostrar como se... e ela perde de novo...
      Porra May, me ajuda a te ajudar!

      kkkkk
      brincadeiras a parte, eu curti muito o capítulo e estou esperando para ver como a May vai lidar agora que teve sua primeira derrota em batalha de ginásio.
      até o próximo Carol.

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      1. A preguiça de fazer as notas é maior do que qualquer coisa existente nesse planeja.
        Ilha paradisíaca da pra fazer vários capítulos de batalha e até um arco de romance que ainda não teve pontadas nessa história kkk.
        Essa ilha não tinha basicamente nada. Quando eu tava escrevendo ao mesmo tempo pensava, tenho que torna esse lugar bonito ou um pouquinho mais convidativo aos leitores de modo que sintam sensações agradáveis por estar aqui.
        Reina já predizendo o futuro, pobre May, nunca teve chances. Nem o poder da amizade foi o suficiente para salvá-la da derrota.
        Fico feliz que tenha gostado, Anan. Vamos ver em que essa derrota irá ajudar a May e como ela conseguirá dar a volta por cima (se conseguir, claro).

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    2. Yooo Carol

      Eu acho que depois de tanta água, eu to aliviada em ver eles em terra firme haushuaushahus
      Dewford é aquela ilha no jogo que a gente luta com o Brawly, vê o Steven e vaza, então o legal da fanfic é poder trazer mais vida a ela. E isso você consegue perfeitamente <3

      Brawly é o muso do verão, calor no coração <3 Achei legal ele ser um cara surfista ao invés do carinha típico de academia que a gente tem inveja do insta dele haushaushuashu

      Eu não vou julgar a May por perder pq eu já levei um cacete do Brawly por causa desse maldito saco de pancada amarelo ahsuahushuashahus
      Espero que a May fique bem e faça a Skitty dar um cacete nesse Makuhita só pra humilar o Brawly hasuahusuahsuhahu

      FORÇAS MAY!

      see ya

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      1. Oiii Star. Acho que todo mundo já tava enjoado de água também (até eu). Então foi bom estar novamente em solo firme.
        Dewford acaba sendo uma ilha um pouco sem graça nos jogos, bastante areia, uma caverna e um ginásio, então senti necessidade de fazer algo que pudesse dar valor a ela, trazer toda essa sensação de tranquilidade de uma ilha tropical.
        Brawly deuso do verão, muso da praia, super simpático e carismático e mostrou logo sua personalidade decidida.
        Pobre Skitty, nunca teve chance, Makuhita desceu o cacete na pobrezinha, assou e comeu com farofa. Tudo que resta agora são lembranças nossos corações até que ela se reerga e possa enfrentá-lo de novo rs.
        Até a próxima, Star-chan! Obrigada por comentar!

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    3. Oie Carol, tudo bom?

      Que capítulo gostosinho pra se acompanhar depois de toda a tensão ocorrida nos últimos caps, um momento pra relaxar em terra firme, ou relaxar pelo menos até a aparição do Brawly.

      É interessante ver que eles ficaram três dias se recuperando dos últimos eventos e a citação que a May ainda tem as marcas dos pontos feitos pela Ju, além de relembrar de maneira prática dá uma sensação de consequência dos atos deles.

      E a May corando com a Reina....e se....zueira haushsuahaushs, EM VEZ DISSO VAMOS SHIPPAR MALIANA, PQ ELAS SÃO MUITO FOFAS BRINCANDO NA PRAIA E JOGANDO ÁGUA, EU NÃO AGUENTO TANTA FOFURA

      A caminhada até o ginásio foi legal, é interessante ver eles caminhando e tendo um momento mais simples onde eles só conversam, mesmo que tenha o Brendan reclamando de tudo nós sabemos que no fundo ele adora elas.

      E o Brawly fechou a May na porrada usando só um pokemon, já era bem esperado isso, ela nem sabia qual o tipo que ele usava, ainda me lança a Skitty contra uma Makuhita, compensava mais jogar a Theo e arriscar a sorte haushsuahaushs

      Mas será que teremos uma revanche da Skitty? Dessa vez evoluída como uma Delcatty? Ela ainda teria desvantagem, mas poderia aprender algum golpe novo, ou será que está cedo demais pra uma evolução dela...Ou a May decide deixar a coitada da Skitty descansar e vai treinar com a Theo.

      E esse final da May chorando sozinha é triste, ainda que seja por escolha própria, MAS ESSES SÃO OS DIAS DE LUTA, OS DIAS DE GLÓRIA VIRÃO MAY.

      No mais é isto, curti mt o cap e a vibe mais tranquila da ilha de Dewford, adoro ilhazinhas :3

      See Ya

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      1. Como vocês podem bem ver, eu sei dar um dia de paz aos meus protagonistas... Ou quase. Pelo menos eu tentei huehuehue. Apesar de tudo, eles tiveram dois dias para se recuperarem e descansarem então ainda está de boa.
        A policia federal foi acionada imediatamente quando li sobre esse shipp... huehuehue. Mas bem, em Neo Hoenn, TUDO É POSSÍVEL, menos se for impossível. A May tem só 14 anos e ainda é muito tímida diante de outras pessoas que ela ainda não conhece.
        O Breno se não reclamar com certeza não é o Breno, estranho seria se ele ficasse calado, possivelmente estaria doente ou alguém teria sequestrado ele e mandado uma cópia no lugar.
        Pobre May, pobre Skitty... Nunca tiveram chance. E ainda sofrem nas mãos de uma autora de coração cruel. Evolução? Bem, precisariamos de uma pedra... Mas nada é impossível, vai que ela ganha uma por ai. De toda forma, todo treinador tem que apanhar um pouquinho nos ginásios para aprender a ser humilde.
        VAMOS LÁ, MAY! TODOS ACREDITAMOS EM VOCÊ!
        Obrigada pelo comentário, Grovy!
        Até o próximo capítulo!

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    4. Gente, que foi isso?

      Meu pai do céu, minha nossa senhora da bicicleta de rodinhas, eu amei esse capítulo demais, o clima agradável e praiano de Dewford, uma ilha que é facilmente negligenciada no jogo e que em suas mãos foi finalmente exaltada. Amo????
      Amei eles caminhando pela cidade, indo até o ginásio que funciona como academia para treinar pessoas também, amei a Reina, ela é uma fofa, ai gente, amei ela desde já e quero mais dela, não me faça criar esperanças sobre uma personagem que você pode acabar esquecendo no churrasco, Carola.
      O Brawly, meu pai, amo ele, todo surfista e malhado, um deuso desses meu pai, só em Hoenn mesmo. E esse cara ainda conseguiu acabar com a May só com o Makuhita, meu deus, isso mostra muito como a May tem que se preparar mais para as batalhas de ginásio e descobrir sobre seus oponentes e mesmo que ela não saiba com que tipo ela está lidando ela tem que saber ler seu adversário e rápido, coisa que não senti quando ela ficou lá pensativa sobre que Pokémon mandaria para peitar o Makuhita do Brawly. Eu quero ver a revanche, mas no momento quero confortar a May, deve ter sido difícil a primeira derrota dela, tadinha.

      Bem, é isso, ansioso pelo próximo capítulo.
      Abraços, Carol

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      1. Finalmente uma prainha digna para eles curtirem ne? Rs Ainda bem que segui essa linha, deixou o capítulo e a cidade bem mais agradáveis.
        Reina é uma gracinha, adorei escrever sobre ela, você sabe que amo criar personagens secundários fofos e como você pediu, ela foi muito bem lembrada por euzinha.
        Brawly gostoso reizinho de Hoenn só não aceita quem não quer. Humilhou a pobre da May pra mostrar que não estava aqui pra brincadeiras e que ela ainda tem que crescer muito durante sua jornada para aguentar os capítulos que estão por vir. Fiquei com dó de fazê-la perder assim, mas quando ela alcançar a vitória, com certeza será muito mais saborosa.
        Obrigada pelo comentário, Leucro! Até o próximo capítulo!

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