- Home>
- capítulo 20 , Capítulos >
- Capítulo 20
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
O
sol estava a pino quando o trio deixava a cidade de Rustboro, pouco a pouco a
rica metrópole de pedra era deixada para trás, restando dela apenas um punhado
de lembranças para os garotos, um pokémon para Juliana e uma insígnia para May,
sendo que esta agora reluzia sob luz do sol na mão da garota.
—
Minha insígnia não é linda? – perguntou animadamente aos demais.
—
Seria mais se você não a tivesse mostrado três vezes desde que deixamos o
centro pokémon. – comentou Brendan em tom de deboche. May fechou a cara para
ele, porém guardou novamente o precioso objeto.
—
Não ligue para ele, May. Sua insígnia é linda e se torna ainda mais valiosa
pelo trabalho duro que você fez para obtê-la – disse Juliana, rindo dos amigos.
Naquele
momento entravam na grande ponte de madeira que atravessava o rio. Colado
no primeiro poste do mesmo material, havia uma placa que dizia que ali eram
proibidas as batalhas pokémon, provavelmente para não prejudicar a estrutura de
madeira e colocar outros treinadores em risco. Apesar de ter sido construída em
uma parte mais estreita do rio, a mesma se estendia por dezenas de metros,
sendo sustentada na água por grossos pilares de pedra. No céu, Wingulls voavam
de um lado para o outro fazendo algazarra enquanto disputavam um Magikarp
pequeno pescado por um deles.
—
Para onde vamos agora? – questionou Brendan, parando antes de seus pés tocarem
o piso de madeira.
—
O que você quer dizer? – A negra indagou.
—
Bem, por aqui voltamos para Petalburg – ele apontou para o caminho que seguiam.
May
retirou da mochila a pokenav recém-adquirida e ligou sua função de mapa.
—
De Rustboro podemos voltar e ir para o norte para Falabor, mas teríamos de
atravessar o terreno montanhoso até chegarmos à Meteor Falls. À leste há
Verdanturf porém o túnel de Rustboro ainda está em construção, então teríamos
que atravessar pelas montanhas. E no sudeste temos Petalburg, porém há uma ilha
chamada Dewford onde, se não me engano, há um ginásio.
—
Acho que prefiro não passar por terreno montanhoso ainda – sorriu Juliana e se
aproximou de May para poder ver a tela do pokenav – E olha, Dewford me parece
ser o caminho mais próximo. De qualquer jeito, teremos de passar por lá para
você conseguir sua segunda insígnia.
—
Você está certa – A garota desligou e guardou o objeto – Está decidido então.
—
E a minha opinião não conta? – o garoto perguntou com cara emburrada.
—
Você tem alguma opinião contrária? – perguntou em tom inocente.
—
Não, também não estou a fim de escalar montanhas – ele deu de ombros e saiu
andando.
May revirou os olhos após ver as ações do rapaz,
o que fez com que Juliana soltasse uma risada mal contida e então ambas
seguiram o garoto pela ponte. Os passos dos garotos eram ouvidos ritmicamente
acompanhando o suave som da melodia das águas que faziam um leve ruído
borbulhante ao tocar nas colunas de pedra. Vez ou outra cruzavam com algum
treinador que caminhava rumo a Rustboro ou pescador que tentava ganhar a sorte
disputando suas conquistas com os pokémons pássaros.
Não
demorou muito para chegarem ao fim da ponte, deixando oficialmente o território
de Rustboro para trás. O fim do dia chegava aos poucos tons de abóbora e a
medida que andavam, as sombras da floresta que lhe causaram tantos transtornos
se alongava. Infelizmente, outra travessia pela Floresta de Petalburg seria
necessária.
—
A gente tem mesmo que passar por aqui? – perguntou Brendan com uma cara
levemente receosa.
—
Essa floresta se estende por quilômetros. Dar a volta nela seria impossível –
respondeu May olhando mais uma vez para o Pokenav. Aos poucos pegava o jeito de
como usar o objeto adequadamente.
—
Acho que a gente não precisa ir hoje – os outros dois a encararam a negra –
Bem, considerando a distância que percorremos aquela noite, se tentássemos
atravessá-la hoje passaríamos duas noites na floresta. Do contrário, se a gente
partisse amanhã pela manhã só seria necessária uma noite.
Brendan
balançou os ombros.
—
Faz sentido. Odeio mato alto e insetos, sou uma criatura urbana.
—
Você é moleque de apartamento, isso sim! – Juliana riu do garoto – Aproveite
para respirar esse ar fresco e contemplar a luz das estrelas.
—
Desde quando floresta tem estrelas?
—
Em todo lugar tem estrelas, elas são nossas fiéis companheiras da noite.
—
Vocês dois podiam discutir sobre o brilho das estrelas enquanto arrumamos o
acampamento – foi a vez de May interromper a ambos enquanto coletava alguns
galhos para fazer uma fogueira.
Escolheram
um local razoavelmente longe da rota, rodeado por árvores ainda esparsas e com
o mato baixo para deixarem suas coisas. Limparam a área retirando todas as
folhas secas e galhos, cavaram um pequeno buraco e circundaram-no com pedras.
Com a ajuda de Vulpix, logo os troncos secos recolhidos crepitavam formando
brasas incandescentes.
O
grupo liberou os pokémons para poderem desfrutar do ambiente agradável da
noite. Todo o grupo parecia alegre de estar reunido junto a seus treinadores,
porém, essa paz durou apenas um instante. Whismur saltou para cima de Nigel
acertando-lhe um forte Stomp que lançou o roedor com força para trás e teria
atacado-o mais se sua treinadora, vendo que ela partiria em um novo ataque, não
a tivesse contido com seu braços.
—
Whismur, pare! Por que está atacando o Nigel?
– questionava a negra enquanto lutava para mantê-la presa entre seus
braços. Os outros dois treinadores levantaram-se, e May segurou o Azurill em
seus braços enquanto Brendan ajudava Juliana a segurar seu pokémon.
—
O que diabos há com ela? – o garoto perguntou enquanto continha a pokémon.
—
Não faço a mínima ideia.
A
pokémon rosada parecia furiosa, soltada diversos grunhidos contra o roedor de
cor azul em linguagem incompreensível para os humanos. Os demais pokémons
também ficaram assustados com a reação da criatura, observando a cena
estáticos. Foi Skitty a primeira a se levantar e ir até a pokémon, tentando
estabelecer algum tipo de diálogo. Dustox e Mudkip também se aproximaram,
entrando os quatro numa conversa confusa que fez seus treinadores apenas se
entreolharem. Por fim, Skitty tocou suavemente a pata no rosto da pokémon
musical que finalmente pareceu se acalmar e parar de fazer força contra os
braços dos treinadores.
—
Acha que é seguro? – sua treinadora olhou para os outros dois que deram de
ombros. Lentamente ela soltou Whismur, junto com Brendan e vendo que ela não
apresentara nenhuma ação agressiva, se afastaram dela. A rosada olhou com uma
cara irritada para o pokémon que ainda estava nos braços de May, porém se
afastou, sentando isolada num canto.
—
Por que você acha que ela reagiu desse modo? – questionou May após deixar Nigel
de volta no chão e sentar sobre a pedra que havia colocado próxima à fogueira.
—
Não sei exatamente. Eu iria usá-la na fase de batalhas do concurso, ela estava
bem empolgada para isso. Talvez tenha se chateado com o Nigel por causa do que
aconteceu.
Aproveitando
do calor da fogueira, aproveitaram para assar algumas salsichas feitas de
proteína de soja juntamente com alguns legumes, e de sobremesa comeram maçãs
suculentas. Os pokémons foram servidos com rações acrescidas de pequenas
porções de Orans Berry. Quando terminaram a refeição, todos se sentiam cheios e
satisfeitos.
—
Querem saber de uma coisa engraçada? – perguntou Juliana enquanto arrumavam as
coisas do jantar. Os pokémos a essa altura já haviam se dispersado e faziam
algumas brincadeiras entre si, exceto por Vulpix que mantinha-se deitada aos
pés de seu treinador, sem dar importância aos demais e Nigel, que se escondia
atrás de sua treinadora a cada vez que a Whismur se aproximava ou olhava-o com
cara feia.
—
Provavelmente não será engraçada, mas o que? – respondeu Brendan.
—
Chato. Até você vai me achar boba! – uma pequena risada saiu de seus lábios –
Quando eu era pequena eu amava as estrelas... Ainda amo, por sinal. Contudo,
Sinnoh é uma região fria, e muitas vezes o céu estava carregado de nuvens. Meus
pais sempre diziam que quando dava para ver as estrelas no céu, era sinal de
tempo bom. Então eu acreditava que as estrelas estavam lá no céu para tampar os
buraquinhos para impedir que a chuva caísse.
—
Caramba, que fofinha. – falou a mais nova enquanto riscava a terra no chão com
um graveto que havia encontrado – Quando eu era criança o máximo em que eu
acreditava era que meu intestino ia colar se engolisse chiclete e que se você
ficasse muito tempo na água você derretia, mas essa última eu tenho certeza que
era invenção do meu pai porque quando eu era pequena só queria ficar na praia
que havia perto de casa.
As
garotas continuaram a conversa animadamente, Brendan nada dizia. Aliás, não
parecia sequer estar ouvindo o que era dito. Seu olhar fixava-se nas estrelas
distantes que haviam sido o motivo do diálogo ter se iniciado.
—
Ei, Brendan! – chamou a mais velha, fazendo um aceno diante dos olhos do garoto
– Terra para Brendan, você está aí?
O
adolescente então parou suas divagações, levemente constrangido ao vê-las
encarando-o com feições divertidas.
—
Tudo bem? – perguntam.
Ele
deu de ombros.
—
Está sim. Apenas estou com sono, acho que vou me aprontar para dormir – e
dizendo isso, o mesmo se levantou para pegar seu saco de dormir.
—
Acho que todos deveríamos ir então, afinal, quanto mais cedo atravessarmos essa
floresta, melhor. – disse a mais velha enquanto
colocava mais uns pedaços de madeira seca no fogo para que a fogueira pudesse
resistir ao período da noite.
Os
três então escovaram os dentes com a água dos cantis e entraram em seus sacos
de dormir. Os pokémons naquela noite foram deixados pra descansar livremente
fora das pokebolas. Roselia e Dustox preferiram a proteção das árvores enquanto
os demais se espalharam ao redor da fogueira. Skitty e Apolo se enfiaram no
saco de dormir de sua treinadora enquanto Vulpix se enrolou confortavelmente
junto à cabeça de seu treinador.
Apesar de
estarem significativamente perto da floresta, naquela noite, junto àqueles que
aprenderam a chamar de amigos, os treinadores e seus pokémons dormiram
tranquilamente.
***
May foi a
primeira a acordar pela manhã. Abriu os olhos lentamente e piscou várias vezes
para se acostumar com a claridade da luz do dia. Ainda não amanhecera
completamente e aquela leve brisa fria da madrugada fazia as folhas das árvores
e das gramíneas dançarem. Ela tentou movimentar cuidadosamente para não
despertar os companheiros com quem dividira o saco de dormir. Seu corpo se
encontrava levemente dolorido pela noite dormida no chão duro, a quantidade de
dias que haviam passado em Rustboro a fizeram se acostumar com a presença das
camas macias e confortáveis. Apesar disso, ela se sentia desperta e
completamente viva, o contato com a natureza renovava-lhe o espírito como as
grandes cidades talvez nunca o fariam.
Ela
aproximou-se da fogueira quase extinta e colocou madeira e folhas secas,
soprando para reativar as chamas da noite anterior. Quando conseguiu um fogo
razoável se colocou a preparar um mingau de aveia com leite em pó que serviria
para o café da manhã dela e dos amigos. Juliana acordou quando o mesmo já
estava levantando fervura.
— Não acredito
que você acordou primeiro! – riu – Acho que vou te colocar pra dormir do lado
de fora de todos os centros que a gente se hospedar. – May fechou a cara
mostrou a língua pra amiga.
— Só por isso
você está oficialmente sem café da manhã.
— Lógico que
você vai me alimentar. Se eu não comer eu morro e como você irá sobreviver sem
mim na sua vida?
—
Não dá pra negar que seria impossível. – respondeu com um meio sorriso – Pode
acordar o Brendan pra mim, por favor?
—
Claro chuchu!
Brendan
acordou com seu mal humor de sempre. Assim que o grupo tomou seu café e os
pokémons foram alimentados, guardaram todas as coisas e apagaram a fogueira. A
floresta de Petalburg estava a menos de uma hora de caminhada, mas seus braços
já se estendiam como se quisesse tomá-los para si. Por fim, chegaram à sombra
das grandes árvores.
—
Será que conseguiríamos atravessar em um dia correndo? – Indagou May para si própria enquanto tocava
na árvore mais próxima a entrada.
—
Não, e você ainda cairia, sairia rolando, se machucaria e teríamos que te
arrastar o resto do caminho. – o garoto respondeu sem olhá-la, mas também sem
coragem de dar o primeiro passo.
—
Ah, vamos logo, pessoal! Não vai acontecer nada de errado. Além disso, estamos
mais fortes do que estávamos há uns dias e juntos com certeza conseguiremos
lidar com qualquer problema! – a negra encerrou o assunto e puxou os dois
garotos pelo braço.
Estar
na floresta de Petalburg de novo não era uma sensação agradável. A lembrança da
última noite que passaram ali ainda estava na cabeça dos dois mais jovens e,
embora ainda fosse manhã, barulho de gravetos se quebrando ou de pokémons
percorrendo a floresta os faziam se assustar e olhar para os lados. Porém,
conforme foram avançando os ruídos pareciam diminuir, ou quem sabe incomodá-los
menos. De todo modo, a hora do almoço havia chegado e não haviam encontrado
nenhum problema até ali.
Eles
escolheram o espaço entre as raízes de duas grandes árvores para se acomodarem
e comerem alguns sanduíches de carne de Tauros seca rapidamente preparados.
Parecia haver uma espécie de consenso silencioso entre eles de perturbar a floresta
o mínimo possível e não fazer fogueiras durante o dia provavelmente fazia parte
do acordo. Após alguns goles de água e um rápido descanso estavam prontos para
sair novamente.
—
Esperem – disse May, parando seu passo abruptamente e olhando ao redor.
—
O que foi? – questionou Brendan também olhando ao redor nervosamente como se
procurasse o que a garota estaria vendo.
—
Vocês não estão notando nada de errado?
— Eu não havia
notado nada – Juliana se aproximou da menina – Do que você está... É verdade.
— Do que
diabos vocês duas estão falando? Não há nada aqui.
— Exatamente.
Não é extremamente estranho que uma floresta desse porte não tenha sequer um
ruído? Insetos rastejando ou sei lá, Taillows piando nas árvores?
— Isso é
bobagem, devemos ter passado por vários Pokémons, apenas não os notamos por
estar com pressa.
Podia ser
verdade e era a resposta mais lógica, porém o próprio garoto se contestava.
Teria ele realmente avistado ou ouvido alguma criatura? Lembrava-se de que na
primeira vez que estivera ali, e, por mais que a mata fosse fechada, a vida era
abundante, centenas de Wurmples se escondiam em meio a arbustos. Cascoons e
Silcoons no alto das árvores observando-os com um único olho maligno... Viram
até mesmo um Slakoth preguiçoso comendo lentamente uma fruta espinhenta que
colhera da árvore onde estava! Agora, a floresta estava tão absurdamente quieta
que ele acreditava que até mesmo os ruídos que eles achavam ter ouvido era o
som deles mesmos percorrendo a trilha.
– É, você deve
estar certo... – concordou May , porém seu rosto e até o próprio tom de voz que
usava parecia dizer que não estava tão convicta disso.
Eles
continuaram a caminhar, contudo o clima parecia ter ficado ainda mais pesado do
que quando haviam entrado. Toda a segurança que obtiveram durante a caminhada
até ali havia se esvaído e se transformado abruptamente numa sensação de
desconforto e desconfiança. Além disso, depois de pouco tempo começaram a
carregar a terrível sensação de estarem sendo observados.
— Maldita seja
essa sua boca, May! Agora acabei ficando paranoico também.
A
garota não respondeu. Sua mente estava concentrada no que acontecia ao seu
redor e por mais que forçasse seus ouvidos, sequer um ruído era captado por
eles. Se não estivesse ouvindo os sons da voz dos amigos e de seus próprios
passos, a garota teria acreditado que havia ficado surda. Um bater de asas rápido e repentino fez o
trio saltar de susto, mas tão depressa quanto se iniciou, o mesmo despareceu
novamente.
—
Acho que isso esclarece nossas dúvidas, não é... Afinal, há pokémons da
floresta. – disse a negra com um riso nervoso. Os outros dois apenas
confirmaram com a cabeça.
Os
três voltaram a seguir a trilha e mais som de asas em meio a folhagem chegou
até eles. Parecia estar cada vez mais próximo, como se seguisse-os.
—
Vocês se lembram do que o Jonas disse quando o encontramos na floresta? –
indagou May depois de um tempo pensativa.
—
Ele havia se perdido... – disse a mais velha tentando se recordar – Não, ele
havia perdido seu pokémon na floresta.
—
Sim, mas havia um motivo. Ele disse algo sobre um ataque de Taillows...
—
Não seja tola! Você acha que os Taillows se organizariam para atacar os
treinadores? – Brendan parou na frente das garotas encarando-as, porém seu
olhar rapidamente se dirigiu em outra direção – Oh, merda!
Ambas
se viraram para saber do que o garoto falava e imediatamente recuram uns passos
para trás. Nos galhos das árvores que margeavam a trilha pelo qual haviam
acabado de passar, dezenas de pequenos pássaros semelhantes a andorinhas com
penas preto azuladas e peito branco e vermelho com grandes e expressivos olhos
de cor castanha. Todas as aves encaravam os treinadores com expressões malignas,
alguns em sua raiva até mesmo possuíam as penas do dorso arrepiadas.
—
Pelo amor de Arceus, vocês dois, não façam movimentos bruscos. Vamos nos
afastar lentamente pra mostrar que não somos ameaças. – a negra sussurrou.
Com
certeza era muito mais fácil dizer do que fazer aquilo. Nenhum dos três estava
minimamente disposto a oferecer a nuca para o bico afiado dos Taillow, por isso
precisariam se afastar de costas. Sem conseguir enxergar o caminho por onde
andavam numa floresta com o solo coberto de raízes, não demorou muito até que
um deles tropeçasse. Brendan foi direto ao chão, esfolando o pulso no tronco
áspero de uma árvore. Aquilo era o suficiente para que os pássaros levantassem
voo e atacassem os treinadores.
As
meninas ajudaram o garoto a se levantar e o trio partiu pela floresta. Aquilo
era como a repetição de um filme já visto, seria quase cômico imaginar que
estariam fugindo de algo em plena luz do dia se esse algo não fosse dezenas de
pássaros furiosos com bicos afiados. Correndo trilha atrás de trilha, saltando
raízes e troncos caídos e atravessando coleções de matas, eles mal perceberam
que o trio havia se separado.
Juliana
e Brendan avançavam rapidamente em meio à trilha, já estavam assim há tempos
sem que os pássaros desistissem de sua perseguição. Ambos já possuíam
escoriações pelo contato com a mata que parecia tentar impedi-los de fugir.
Talvez tenha sido sorte que a garota tenha ido na frente, seu instinto e senso de direção eram
apurados, havia crescido em uma casa que praticamente possuía uma floresta como
quintal e aprendera a se guiar bem para nunca se perder. Ela guiou-os até o que
pareceu ser o fim da floresta. Como havia conseguido achar um caminho tão
rápido? Nenhum dos dois saberia dizer futuramente.
Os
Taillows porém não haviam cancelado seu ataque, perseguindo os garotos pela
estrada. Ambos sentiam as pernas tremerem,
além de dores no diafragma devido ao esforço exagerado da respiração.
Foi Brendan quem parou primeiro, sacando duas pokeballs.
—
Cansei desses pássaros do inferno. Mudkip, Vulpix, saiam e acabem com eles!
Repetindo
o gesto de seu amigo, a negra também liberou seus pokémons.
—
Whismur, Roselia, deem uma lição nesses pássaros, garotas!
Mudkip
começou a disparar repetidos Water Guns nos Taillows enquanto Vulpix, diferente
do usual, soltou um alto rosnado que fazia vários pokémons fugirem da batalha.
Whismur usava o Echoed Voice para expulsar os pássaros com suas ondas sonoras
tremendamente agudas e Roselia ora liberava seus espinhos venenosos com o
Poison Sting, ora drenava parte da energia dos oponentes com o Giga Drain. No
fim, a força conjunta dos pokémons conseguiu assustar os pássaros que fugiram
dali apressadamente.
—
Isso mesmo! Não se metam com a gente! – gritou Juliana, então voltou-se para o
amigo – Não sabia que sua Vulpix usava o Roar.
—
Nem eu – respondeu ele dando de ombros – Espera aí! Onde está aquela maluca?
—
Ela, ela estava atrás de nós... Eu não acredito que a May se perdeu!
May
corria por entre as árvores sem ver direito para onde estava indo. Sabia que
havia se separado de seus amigos há algum tempo, mas no momento não havia
possibilidade dela encontrá-los. Uma multidão de aves voava atrás de si, sendo
que ela já possuía diversos arranhões e até mesmo um pequeno corte causado
pelas garras afiadas dos pássaros. Naquele momento, uma batalha Pokémon era
inútil. Dustox estaria em desvantagem e Apolo ainda não estava pronto para
batalhas. Skitty possuía o Icy Wind, mas ela duvidava que a gata conseguisse
dar conta de tantos pokémons ao mesmo tempo.
De
repente, em meio à fuga, ela conseguiu vislumbrar uma área mais iluminada entre
as árvores e tomou esta dimensão. Embora longe da sombra das árvores ela
estaria mais exposta aos ataques, um terreno aberto lhe daria uma chance melhor
de fugir sem correr o risco de tropeçar em alguma raiz e torcer o tornozelo.
Porém,
a primeira visão da garota, ao invés do terreno plano foi o céu. Diante dela
havia um enorme declive que dava para o oceano. Ela tentou frear a si mesma com
os pés, contudo, na velocidade em que se encontrava, conseguiu apenas derrapar
com os pés no mato curto. Num instante, não havia nada debaixo de seus pés e
ela se viu caindo no oceano.
A
queda parecia ter durado horas, embora não tivesse passado de alguns segundos.
Pelo pouco que ela havia visto e calculado, tinha certeza de ter caído pelo
menos quinze metros. Seu corpo bateu na água com tamanha força que ela sentiu o
ar sair de seus pulmões. Lutou para nadar até a superfície e por um tempo
conseguiu, sempre fora excelente nadadora. Mas o mar parecia querer vê-la
derrotada, lançado-a com suas poderosas ondas contra o rochedo do qual ela
caíra.
Seguiu-se
uma luta incessante contra a natureza, ela batia seus braços e pernas doloridos
com todas as suas forças para manter-se na superfície enquanto as águas
empurravam-na para trás e jogavam-na para baixo. Ela começou a desesperar-se,
se não conseguisse sair logo daquela situação, sua energia logo se esvairia e
ela se afogaria.
—
Droga – murmurou sentindo o gosto de água salgada entrando na boca.
Alguns metros
adiante havia uma rocha. Não era muito alta, mas serviria para dar-lhe
estabilidade enquanto conseguia ajuda, quem sabe liberar Apolo e lhe pedir que
usasse o Teleport para tirá-la dali. Com muito esforço, conseguiu progredir
vagarosamente em direção da mesma. O sal da água ardia em seus olhos e nos
ferimentos obtidos na floresta. A distância diminuía seis metros, cinco,
quatro, três, dois, um... Ela esticou a mão para alcançar a superfície
irregular da rocha sedimentar, porém não chegou a fazer contato.
Uma onda
imensa e poderosa lançou-a para trás novamente de encontro ao rochedo. A dor
aguda no alto da cabeça foi o que a fez sentir o choque, parecia que sua cabeça
havia se partido ao meio. Seus sentidos ficaram atordoados e uma letargia
começava a se apoderar do seu ser. Ela sabia que estava se afogando. O mar
agora fazia o contrário, puxava-a em sua direção, como se para garantir que
aquele fosse seu lugar de repouso eterno.
Abriu os olhos
vagarosamente uma última vez, vendo uma sombra enorme de cor azulada vindo em
sua direção em grande velocidade. “Se afogar e ser comida por um Gyarados ou um
Sharpedo por ter fugido de um bando de Taillows... Que maneira realmente idiota
de morrer ”. Foi seu último pensamento antes de cair para a inconsciência.
Próximo capítulo >
Tag :
capítulo 20
Capítulos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Oh my lord! Arceus is Lord!
ResponderExcluirDevo admitir que não esperava esse final, as coisas pareciam rolar tão calmamente que a última coisa que me passou minha pequena cabeça seria o nosso grupo se fu**** de novo. As vezes esqueço que estou lendo NEO Hoenn e que não existe uma ''jornada normal' para os nossos amigos, tá muito na disney? As coisas estão correndo bem demais? Pois bem meu amigo lo siento informar pero... ~rs
Apesar do capítulo ser um pequeno mais curto que o normal eu gostei assim, foi rápido e simples de ler e trouxe uma boa sensação. Adorei o acampamento entre o grupo e principalmente a relação dos pokémon, mostrando que a nossa rainha Penelope sabe o que faz e por isso é guildmaster! As histórinhas das garotas também foram muito legais!!! Ainda tenho o Brendan como meu preferido, mas depois dessa cagada desgraçada fica difícil defende-lo, se continuar assim vai ter que ser cancelado em!?!
Muito bom capítulo, como sempre! Carol seus capítulo são maravilhosos entendaaaaa! Ansioso pelo próximo e curioso para saber com o que aconteceu com a nossa querida May :(
Yveow
Bem, eu já tinha mencionado que nossos protagonistas não tem UM dia de paz e realmente não tem. Afinal, qual a graça de ter um dia tranquilo? Quase morrer é mais legal, ao menos você tem história pra contar rs.
ExcluirEu já havia notado que em Neo Hoenn não haviam quase cenas do grupo assim, tranquilo, então quis aproveitar esse capitulo pra trazer um pouco dessa sensação. Mesmo pq eles ainda estão construindo as amizades no grupo.
Penélope rainha toda gentil e sensata, merecendo o posto com certeza. Os outros q lutem pra um dia serem líderes de algo. Brendan já tá passando de ser cancelado faz tempo, mas devido ao amor do público ele ainda permanece. Veja bem, AINDA.
Muito obrigado pelos elogios, Yv. Te vejo no próximo cap.!
Eles realmente tem azar nessa floresta.
ResponderExcluirA jornada continua e grazarceus eles saíram de Rustboro.
Começamos com esse tapa pra ver se acorda do whismur. Eu esqueci, todos os leitores esqueceram, eu acho, mas a Whismur não.
Taillows raivosos de Giratina (que também nem lembrava se terem sido mencionados kkk) surgem para traumatizar nossos heróis, de novo.
May, sobreviva!
Okay, creio que aquilo não seja um Gyarados ou Sharpedo. Na verdade talvez seja, mas o que quero dizer é que talvez seja o Pokémon de alguém venha salvar ela. Talvez venhamos a ver o senhor Briney dando as caras de novo.
Bom, é isso. Obrigado pela atenção e até mais, minha cara.
A floresta de Petalburg é o lugar mais perigoso do mundo e posso provar com fatos. O que é o Distortion World perto de um bando de Taillows sanguinários.
ExcluirA Whismur nunca esquece, e pode ter certeza que ela vai continuar pistola por muito tempo. O Nigel que lute para fguir dela.
Eu sempre avisei pra vcs que a May morria, mas vocês não acreditaram, quem sabe agora me escutem (risos sádicos). Quem sabe o que está vindo e se alguém vai salvá-la né? Ainda dá tempo de continuar com dois protagonistas tranquilamente rsrs (okay, parei)
Obrigada pelo comentário, Alefin! Até a próxima!
Yoo Carol
ResponderExcluirCARA, REALMENTE, PETALBURG FOREST É UM AMULETO DE AZAR, MEU DEUS DO CÉU! Tira essa floresta de Hoenn haushashuahus
De volta ao pé na estrada, a cena da fogueira foi fofinha. Ver eles conversando sobre a infância torna essa relação tão viva. Achei fofo a Ju falando sobre as estrelas, tem assunto melhor? hasuahusahu
AGORA, ESSA DO CHICLETE EU DEMOREI HORRORES PRA DESACREDITAR, ATÉ HOJE TENHO MEDO DE ENGOLIR CHICLETE HUASHUAHSUAHUSAUSHUA
MANO, O BRENDAN CAIU. Eu acharia aplausível a May cair, mas o Brendan fodeu tudo hasuahshuashuahu PORRA BRENDAN!
Furia dos Taillows fez a May cair na ÁGUA, nunca mais chego perto desses Pokémon!
Achei desesperador ela cair, e agora to querendo correr pro próximo capítulo para ver a continuação. HELP !
See ya, Carol <3
ALGUÉM INTERDITE ESSA FLORESTA, FAÇAM BARQUINHOS, PASSARELAS ALGUMA COISA PQ NÃO DÁ.
ExcluirFinalmente saímos de Rustboro e estamos de volta à estrada. Aproveitei esse momento pra fazer uma interação fofa entre os protagonistas porque afinal, amizade deles tem de ser construida.
EU TBM TENHO MEDO ATÉ HOJE DE ENGOLIR CHICLETE, FORA O MEDO DE TER PEDACINHO DE CASA NO OVO E CORTAR AS TRIPAS.
Porra, Breno! Fudeu o plano todo. Malditos Taillows devoradores de carne de treinadores. Esperamos que a May sobreviva agora.
Obrigada pelo comentário, Star! Até o próximo!
FLORESTA AMALDIÇOADA DA DESGRAÇA, TODA VEZ QUE OS MENINOS ENTRAM NELA ALGUMA COISA ACONTECE, MEU DEUS
ResponderExcluirA-MEI a cena da fogueira, das meninas conversando sobre as estrelas, sobre o chiclete que gruda intestinos (quem nunca achou que engolir chiclete gruda as tripas?), ai amo as duas, se shippo? Certeza. Brendan o que tenho haver.
Mano esses Taillow são do diabo, caralho, esses bicho não poupam ninguém, caralho, mano, que frenético esses passarinhos.
E A MAY CAIU NA ÁGUA????/
SOCORRO, HELP, ALGUÉM TIRA ESSA MENINA DA ÁGUA PRA JÁ! SALVA-VIDAS ONDE ESTÃO VOCÊS QUANDO PRECISAMOS?
AGORA ESTOU MEGA ANSIOSO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO
E VAMOS DE LER O PRÓXIMO
FECHEM ESSA FLORESTA, FECHEM IMEDIATAMENTE.
ExcluirA cena da fogueira é pra deixar o coração de vocês quentinho assim como o meu ficou ao escrevê-la. Até hoje eu ainda acredito que minhas tripas vão colar se eu engolir chiclete rsrs.
QUEIMA OS TAILLOW DEMONIACOS, primeiro o coitado do Jonas e agora eles, assim não dá.
Ainda bem q a May sabe nadar ne, ah não, não adiantou. Seria esse o fim de nossa protagonista. Oh no!
Obrigada pelo comentário, Leucro.
Até o próximo capítulo!