• sexta-feira, 24 de janeiro de 2020




                    O sol estava a pino quando o trio deixava a cidade de Rustboro, pouco a pouco a rica metrópole de pedra era deixada para trás, restando dela apenas um punhado de lembranças para os garotos, um pokémon para Juliana e uma insígnia para May, sendo que esta agora reluzia sob luz do sol na mão da garota.
                    — Minha insígnia não é linda? – perguntou animadamente aos demais.
                    — Seria mais se você não a tivesse mostrado três vezes desde que deixamos o centro pokémon. – comentou Brendan em tom de deboche. May fechou a cara para ele, porém guardou novamente o precioso objeto.
                    — Não ligue para ele, May. Sua insígnia é linda e se torna ainda mais valiosa pelo trabalho duro que você fez para obtê-la – disse Juliana, rindo dos amigos.
                    Naquele momento entravam na grande ponte de madeira que atravessava o rio. Colado no primeiro poste do mesmo material, havia uma placa que dizia que ali eram proibidas as batalhas pokémon, provavelmente para não prejudicar a estrutura de madeira e colocar outros treinadores em risco. Apesar de ter sido construída em uma parte mais estreita do rio, a mesma se estendia por dezenas de metros, sendo sustentada na água por grossos pilares de pedra. No céu, Wingulls voavam de um lado para o outro fazendo algazarra enquanto disputavam um Magikarp pequeno pescado por um deles.
                    — Para onde vamos agora? – questionou Brendan, parando antes de seus pés tocarem o piso de madeira.
                    — O que você quer dizer? – A negra indagou.
                    — Bem, por aqui voltamos para Petalburg – ele apontou para o caminho que seguiam.
                    May retirou da mochila a pokenav recém-adquirida e ligou sua função de mapa.
                    — De Rustboro podemos voltar e ir para o norte para Falabor, mas teríamos de atravessar o terreno montanhoso até chegarmos à Meteor Falls. À leste há Verdanturf porém o túnel de Rustboro ainda está em construção, então teríamos que atravessar pelas montanhas. E no sudeste temos Petalburg, porém há uma ilha chamada Dewford onde, se não me engano, há um ginásio.
                    — Acho que prefiro não passar por terreno montanhoso ainda – sorriu Juliana e se aproximou de May para poder ver a tela do pokenav – E olha, Dewford me parece ser o caminho mais próximo. De qualquer jeito, teremos de passar por lá para você conseguir sua segunda insígnia.
                    — Você está certa – A garota desligou e guardou o objeto – Está decidido então.
                    — E a minha opinião não conta? – o garoto perguntou com cara emburrada.
                    — Você tem alguma opinião contrária? – perguntou em tom inocente.
                    — Não, também não estou a fim de escalar montanhas – ele deu de ombros e saiu andando.
                    May revirou os olhos após ver as ações do rapaz, o que fez com que Juliana soltasse uma risada mal contida e então ambas seguiram o garoto pela ponte. Os passos dos garotos eram ouvidos ritmicamente acompanhando o suave som da melodia das águas que faziam um leve ruído borbulhante ao tocar nas colunas de pedra. Vez ou outra cruzavam com algum treinador que caminhava rumo a Rustboro ou pescador que tentava ganhar a sorte disputando suas conquistas com os pokémons pássaros.
                    Não demorou muito para chegarem ao fim da ponte, deixando oficialmente o território de Rustboro para trás. O fim do dia chegava aos poucos tons de abóbora e a medida que andavam, as sombras da floresta que lhe causaram tantos transtornos se alongava. Infelizmente, outra travessia pela Floresta de Petalburg seria necessária.
                    — A gente tem mesmo que passar por aqui? – perguntou Brendan com uma cara levemente receosa.
                    — Essa floresta se estende por quilômetros. Dar a volta nela seria impossível – respondeu May olhando mais uma vez para o Pokenav. Aos poucos pegava o jeito de como usar o objeto adequadamente.
                    — Acho que a gente não precisa ir hoje – os outros dois a encararam a negra – Bem, considerando a distância que percorremos aquela noite, se tentássemos atravessá-la hoje passaríamos duas noites na floresta. Do contrário, se a gente partisse amanhã pela manhã só seria necessária uma noite.
                    Brendan balançou os ombros.
                    — Faz sentido. Odeio mato alto e insetos, sou uma criatura urbana.
                    — Você é moleque de apartamento, isso sim! – Juliana riu do garoto – Aproveite para respirar esse ar fresco e contemplar a luz das estrelas.
                    — Desde quando floresta tem estrelas?
                    — Em todo lugar tem estrelas, elas são nossas fiéis companheiras da noite.
                    — Vocês dois podiam discutir sobre o brilho das estrelas enquanto arrumamos o acampamento – foi a vez de May interromper a ambos enquanto coletava alguns galhos para fazer uma fogueira.
                    Escolheram um local razoavelmente longe da rota, rodeado por árvores ainda esparsas e com o mato baixo para deixarem suas coisas. Limparam a área retirando todas as folhas secas e galhos, cavaram um pequeno buraco e circundaram-no com pedras. Com a ajuda de Vulpix, logo os troncos secos recolhidos crepitavam formando brasas incandescentes.


                    O grupo liberou os pokémons para poderem desfrutar do ambiente agradável da noite. Todo o grupo parecia alegre de estar reunido junto a seus treinadores, porém, essa paz durou apenas um instante. Whismur saltou para cima de Nigel acertando-lhe um forte Stomp que lançou o roedor com força para trás e teria atacado-o mais se sua treinadora, vendo que ela partiria em um novo ataque, não a tivesse contido com seu braços.
                    — Whismur, pare! Por que está atacando o Nigel?  – questionava a negra enquanto lutava para mantê-la presa entre seus braços. Os outros dois treinadores levantaram-se, e May segurou o Azurill em seus braços enquanto Brendan ajudava Juliana a segurar seu pokémon.
                    — O que diabos há com ela? – o garoto perguntou enquanto continha a pokémon.
                    — Não faço a mínima ideia.
                    A pokémon rosada parecia furiosa, soltada diversos grunhidos contra o roedor de cor azul em linguagem incompreensível para os humanos. Os demais pokémons também ficaram assustados com a reação da criatura, observando a cena estáticos. Foi Skitty a primeira a se levantar e ir até a pokémon, tentando estabelecer algum tipo de diálogo. Dustox e Mudkip também se aproximaram, entrando os quatro numa conversa confusa que fez seus treinadores apenas se entreolharem. Por fim, Skitty tocou suavemente a pata no rosto da pokémon musical que finalmente pareceu se acalmar e parar de fazer força contra os braços dos treinadores.
                    — Acha que é seguro? – sua treinadora olhou para os outros dois que deram de ombros. Lentamente ela soltou Whismur, junto com Brendan e vendo que ela não apresentara nenhuma ação agressiva, se afastaram dela. A rosada olhou com uma cara irritada para o pokémon que ainda estava nos braços de May, porém se afastou, sentando isolada num canto.
                    — Por que você acha que ela reagiu desse modo? – questionou May após deixar Nigel de volta no chão e sentar sobre a pedra que havia colocado próxima à fogueira.
                    — Não sei exatamente. Eu iria usá-la na fase de batalhas do concurso, ela estava bem empolgada para isso. Talvez tenha se chateado com o Nigel por causa do que aconteceu.
                    Aproveitando do calor da fogueira, aproveitaram para assar algumas salsichas feitas de proteína de soja juntamente com alguns legumes, e de sobremesa comeram maçãs suculentas. Os pokémons foram servidos com rações acrescidas de pequenas porções de Orans Berry. Quando terminaram a refeição, todos se sentiam cheios e satisfeitos.
                    — Querem saber de uma coisa engraçada? – perguntou Juliana enquanto arrumavam as coisas do jantar. Os pokémos a essa altura já haviam se dispersado e faziam algumas brincadeiras entre si, exceto por Vulpix que mantinha-se deitada aos pés de seu treinador, sem dar importância aos demais e Nigel, que se escondia atrás de sua treinadora a cada vez que a Whismur se aproximava ou olhava-o com cara feia.
                    — Provavelmente não será engraçada, mas o que? – respondeu Brendan.
                    — Chato. Até você vai me achar boba! – uma pequena risada saiu de seus lábios – Quando eu era pequena eu amava as estrelas... Ainda amo, por sinal. Contudo, Sinnoh é uma região fria, e muitas vezes o céu estava carregado de nuvens. Meus pais sempre diziam que quando dava para ver as estrelas no céu, era sinal de tempo bom. Então eu acreditava que as estrelas estavam lá no céu para tampar os buraquinhos para impedir que a chuva caísse.
                    — Caramba, que fofinha. – falou a mais nova enquanto riscava a terra no chão com um graveto que havia encontrado – Quando eu era criança o máximo em que eu acreditava era que meu intestino ia colar se engolisse chiclete e que se você ficasse muito tempo na água você derretia, mas essa última eu tenho certeza que era invenção do meu pai porque quando eu era pequena só queria ficar na praia que havia perto de casa.
                    As garotas continuaram a conversa animadamente, Brendan nada dizia. Aliás, não parecia sequer estar ouvindo o que era dito. Seu olhar fixava-se nas estrelas distantes que haviam sido o motivo do diálogo ter se iniciado.
                    — Ei, Brendan! – chamou a mais velha, fazendo um aceno diante dos olhos do garoto – Terra para Brendan, você está aí?
                    O adolescente então parou suas divagações, levemente constrangido ao vê-las encarando-o com feições divertidas.
                    — Tudo bem? – perguntam.
                    Ele deu de ombros.
                    — Está sim. Apenas estou com sono, acho que vou me aprontar para dormir – e dizendo isso, o mesmo se levantou para pegar seu saco de dormir.
                    — Acho que todos deveríamos ir então, afinal, quanto mais cedo atravessarmos essa floresta, melhor. – disse a mais velha enquanto colocava mais uns pedaços de madeira seca no fogo para que a fogueira pudesse resistir ao período da noite.
                    Os três então escovaram os dentes com a água dos cantis e entraram em seus sacos de dormir. Os pokémons naquela noite foram deixados pra descansar livremente fora das pokebolas. Roselia e Dustox preferiram a proteção das árvores enquanto os demais se espalharam ao redor da fogueira. Skitty e Apolo se enfiaram no saco de dormir de sua treinadora enquanto Vulpix se enrolou confortavelmente junto à cabeça de seu treinador.
    Apesar de estarem significativamente perto da floresta, naquela noite, junto àqueles que aprenderam a chamar de amigos, os treinadores e seus pokémons dormiram tranquilamente.
    ***
    May foi a primeira a acordar pela manhã. Abriu os olhos lentamente e piscou várias vezes para se acostumar com a claridade da luz do dia. Ainda não amanhecera completamente e aquela leve brisa fria da madrugada fazia as folhas das árvores e das gramíneas dançarem. Ela tentou movimentar cuidadosamente para não despertar os companheiros com quem dividira o saco de dormir. Seu corpo se encontrava levemente dolorido pela noite dormida no chão duro, a quantidade de dias que haviam passado em Rustboro a fizeram se acostumar com a presença das camas macias e confortáveis. Apesar disso, ela se sentia desperta e completamente viva, o contato com a natureza renovava-lhe o espírito como as grandes cidades talvez nunca o fariam.
    Ela aproximou-se da fogueira quase extinta e colocou madeira e folhas secas, soprando para reativar as chamas da noite anterior. Quando conseguiu um fogo razoável se colocou a preparar um mingau de aveia com leite em pó que serviria para o café da manhã dela e dos amigos. Juliana acordou quando o mesmo já estava levantando fervura.
    — Não acredito que você acordou primeiro! – riu – Acho que vou te colocar pra dormir do lado de fora de todos os centros que a gente se hospedar. – May fechou a cara mostrou a língua pra amiga.
    — Só por isso você está oficialmente sem café da manhã.
    — Lógico que você vai me alimentar. Se eu não comer eu morro e como você irá sobreviver sem mim na sua vida?
                    — Não dá pra negar que seria impossível. – respondeu com um meio sorriso – Pode acordar o Brendan pra mim, por favor?
                    — Claro chuchu!
                    Brendan acordou com seu mal humor de sempre. Assim que o grupo tomou seu café e os pokémons foram alimentados, guardaram todas as coisas e apagaram a fogueira. A floresta de Petalburg estava a menos de uma hora de caminhada, mas seus braços já se estendiam como se quisesse tomá-los para si. Por fim, chegaram à sombra das grandes árvores.
                    — Será que conseguiríamos atravessar em um dia correndo?  – Indagou May para si própria enquanto tocava na árvore mais próxima a entrada.
                    — Não, e você ainda cairia, sairia rolando, se machucaria e teríamos que te arrastar o resto do caminho. – o garoto respondeu sem olhá-la, mas também sem coragem de dar o primeiro passo.
                    — Ah, vamos logo, pessoal! Não vai acontecer nada de errado. Além disso, estamos mais fortes do que estávamos há uns dias e juntos com certeza conseguiremos lidar com qualquer problema! – a negra encerrou o assunto e puxou os dois garotos pelo braço.
                    Estar na floresta de Petalburg de novo não era uma sensação agradável. A lembrança da última noite que passaram ali ainda estava na cabeça dos dois mais jovens e, embora ainda fosse manhã, barulho de gravetos se quebrando ou de pokémons percorrendo a floresta os faziam se assustar e olhar para os lados. Porém, conforme foram avançando os ruídos pareciam diminuir, ou quem sabe incomodá-los menos. De todo modo, a hora do almoço havia chegado e não haviam encontrado nenhum problema até ali.
                    Eles escolheram o espaço entre as raízes de duas grandes árvores para se acomodarem e comerem alguns sanduíches de carne de Tauros seca rapidamente preparados. Parecia haver uma espécie de consenso silencioso entre eles de perturbar a floresta o mínimo possível e não fazer fogueiras durante o dia provavelmente fazia parte do acordo. Após alguns goles de água e um rápido descanso estavam prontos para sair novamente.
                    — Esperem – disse May, parando seu passo abruptamente e olhando ao redor.
                    — O que foi? – questionou Brendan também olhando ao redor nervosamente como se procurasse o que a garota estaria vendo.
                    — Vocês não estão notando nada de errado?
    — Eu não havia notado nada – Juliana se aproximou da menina – Do que você está... É verdade.
    — Do que diabos vocês duas estão falando? Não há nada aqui.
    — Exatamente. Não é extremamente estranho que uma floresta desse porte não tenha sequer um ruído? Insetos rastejando ou sei lá, Taillows piando nas árvores?
    — Isso é bobagem, devemos ter passado por vários Pokémons, apenas não os notamos por estar com pressa.
    Podia ser verdade e era a resposta mais lógica, porém o próprio garoto se contestava. Teria ele realmente avistado ou ouvido alguma criatura? Lembrava-se de que na primeira vez que estivera ali, e, por mais que a mata fosse fechada, a vida era abundante, centenas de Wurmples se escondiam em meio a arbustos. Cascoons e Silcoons no alto das árvores observando-os com um único olho maligno... Viram até mesmo um Slakoth preguiçoso comendo lentamente uma fruta espinhenta que colhera da árvore onde estava! Agora, a floresta estava tão absurdamente quieta que ele acreditava que até mesmo os ruídos que eles achavam ter ouvido era o som deles mesmos percorrendo a trilha.
    – É, você deve estar certo... – concordou May , porém seu rosto e até o próprio tom de voz que usava parecia dizer que não estava tão convicta disso.
    Eles continuaram a caminhar, contudo o clima parecia ter ficado ainda mais pesado do que quando haviam entrado. Toda a segurança que obtiveram durante a caminhada até ali havia se esvaído e se transformado abruptamente numa sensação de desconforto e desconfiança. Além disso, depois de pouco tempo começaram a carregar a terrível sensação de estarem sendo observados.
    — Maldita seja essa sua boca, May! Agora acabei ficando paranoico também.
                    A garota não respondeu. Sua mente estava concentrada no que acontecia ao seu redor e por mais que forçasse seus ouvidos, sequer um ruído era captado por eles. Se não estivesse ouvindo os sons da voz dos amigos e de seus próprios passos, a garota teria acreditado que havia ficado surda.  Um bater de asas rápido e repentino fez o trio saltar de susto, mas tão depressa quanto se iniciou, o mesmo despareceu novamente.
                    — Acho que isso esclarece nossas dúvidas, não é... Afinal, há pokémons da floresta. – disse a negra com um riso nervoso. Os outros dois apenas confirmaram com a cabeça.
                    Os três voltaram a seguir a trilha e mais som de asas em meio a folhagem chegou até eles. Parecia estar cada vez mais próximo, como se seguisse-os.
                    — Vocês se lembram do que o Jonas disse quando o encontramos na floresta? – indagou May depois de um tempo pensativa.
                    — Ele havia se perdido... – disse a mais velha tentando se recordar – Não, ele havia perdido seu pokémon na floresta.
                    — Sim, mas havia um motivo. Ele disse algo sobre um ataque de Taillows...
                    — Não seja tola! Você acha que os Taillows se organizariam para atacar os treinadores? – Brendan parou na frente das garotas encarando-as, porém seu olhar rapidamente se dirigiu em outra direção – Oh, merda!
                    Ambas se viraram para saber do que o garoto falava e imediatamente recuram uns passos para trás. Nos galhos das árvores que margeavam a trilha pelo qual haviam acabado de passar, dezenas de pequenos pássaros semelhantes a andorinhas com penas preto azuladas e peito branco e vermelho com grandes e expressivos olhos de cor castanha. Todas as aves encaravam os treinadores com expressões malignas, alguns em sua raiva até mesmo possuíam as penas do dorso arrepiadas.


                    — Pelo amor de Arceus, vocês dois, não façam movimentos bruscos. Vamos nos afastar lentamente pra mostrar que não somos ameaças. – a negra sussurrou.
                    Com certeza era muito mais fácil dizer do que fazer aquilo. Nenhum dos três estava minimamente disposto a oferecer a nuca para o bico afiado dos Taillow, por isso precisariam se afastar de costas. Sem conseguir enxergar o caminho por onde andavam numa floresta com o solo coberto de raízes, não demorou muito até que um deles tropeçasse. Brendan foi direto ao chão, esfolando o pulso no tronco áspero de uma árvore. Aquilo era o suficiente para que os pássaros levantassem voo e atacassem os treinadores.
                    As meninas ajudaram o garoto a se levantar e o trio partiu pela floresta. Aquilo era como a repetição de um filme já visto, seria quase cômico imaginar que estariam fugindo de algo em plena luz do dia se esse algo não fosse dezenas de pássaros furiosos com bicos afiados. Correndo trilha atrás de trilha, saltando raízes e troncos caídos e atravessando coleções de matas, eles mal perceberam que o trio havia se separado.
                    Juliana e Brendan avançavam rapidamente em meio à trilha, já estavam assim há tempos sem que os pássaros desistissem de sua perseguição. Ambos já possuíam escoriações pelo contato com a mata que parecia tentar impedi-los de fugir. Talvez tenha sido sorte que a garota tenha ido na frente, seu instinto e senso de direção eram apurados, havia crescido em uma casa que praticamente possuía uma floresta como quintal e aprendera a se guiar bem para nunca se perder. Ela guiou-os até o que pareceu ser o fim da floresta. Como havia conseguido achar um caminho tão rápido? Nenhum dos dois saberia dizer futuramente.
                    Os Taillows porém não haviam cancelado seu ataque, perseguindo os garotos pela estrada. Ambos sentiam as pernas tremerem,  além de dores no diafragma devido ao esforço exagerado da respiração. Foi Brendan quem parou primeiro, sacando duas pokeballs.
                    — Cansei desses pássaros do inferno. Mudkip, Vulpix, saiam e acabem com eles!
                    Repetindo o gesto de seu amigo, a negra também liberou seus pokémons.
                    — Whismur, Roselia, deem uma lição nesses pássaros, garotas!
                    Mudkip começou a disparar repetidos Water Guns nos Taillows enquanto Vulpix, diferente do usual, soltou um alto rosnado que fazia vários pokémons fugirem da batalha. Whismur usava o Echoed Voice para expulsar os pássaros com suas ondas sonoras tremendamente agudas e Roselia ora liberava seus espinhos venenosos com o Poison Sting, ora drenava parte da energia dos oponentes com o Giga Drain. No fim, a força conjunta dos pokémons conseguiu assustar os pássaros que fugiram dali apressadamente.
                    — Isso mesmo! Não se metam com a gente! – gritou Juliana, então voltou-se para o amigo – Não sabia que sua Vulpix usava o Roar.
                    — Nem eu – respondeu ele dando de ombros – Espera aí! Onde está aquela maluca?
                    — Ela, ela estava atrás de nós... Eu não acredito que a May se perdeu!

                    May corria por entre as árvores sem ver direito para onde estava indo. Sabia que havia se separado de seus amigos há algum tempo, mas no momento não havia possibilidade dela encontrá-los. Uma multidão de aves voava atrás de si, sendo que ela já possuía diversos arranhões e até mesmo um pequeno corte causado pelas garras afiadas dos pássaros. Naquele momento, uma batalha Pokémon era inútil. Dustox estaria em desvantagem e Apolo ainda não estava pronto para batalhas. Skitty possuía o Icy Wind, mas ela duvidava que a gata conseguisse dar conta de tantos pokémons ao mesmo tempo.
                    De repente, em meio à fuga, ela conseguiu vislumbrar uma área mais iluminada entre as árvores e tomou esta dimensão. Embora longe da sombra das árvores ela estaria mais exposta aos ataques, um terreno aberto lhe daria uma chance melhor de fugir sem correr o risco de tropeçar em alguma raiz e torcer o tornozelo.
                    Porém, a primeira visão da garota, ao invés do terreno plano foi o céu. Diante dela havia um enorme declive que dava para o oceano. Ela tentou frear a si mesma com os pés, contudo, na velocidade em que se encontrava, conseguiu apenas derrapar com os pés no mato curto. Num instante, não havia nada debaixo de seus pés e ela se viu caindo no oceano.
                    A queda parecia ter durado horas, embora não tivesse passado de alguns segundos. Pelo pouco que ela havia visto e calculado, tinha certeza de ter caído pelo menos quinze metros. Seu corpo bateu na água com tamanha força que ela sentiu o ar sair de seus pulmões. Lutou para nadar até a superfície e por um tempo conseguiu, sempre fora excelente nadadora. Mas o mar parecia querer vê-la derrotada, lançado-a com suas poderosas ondas contra o rochedo do qual ela caíra.
                    Seguiu-se uma luta incessante contra a natureza, ela batia seus braços e pernas doloridos com todas as suas forças para manter-se na superfície enquanto as águas empurravam-na para trás e jogavam-na para baixo. Ela começou a desesperar-se, se não conseguisse sair logo daquela situação, sua energia logo se esvairia e ela se afogaria.
                    — Droga – murmurou sentindo o gosto de água salgada entrando na boca.
    Alguns metros adiante havia uma rocha. Não era muito alta, mas serviria para dar-lhe estabilidade enquanto conseguia ajuda, quem sabe liberar Apolo e lhe pedir que usasse o Teleport para tirá-la dali. Com muito esforço, conseguiu progredir vagarosamente em direção da mesma. O sal da água ardia em seus olhos e nos ferimentos obtidos na floresta. A distância diminuía seis metros, cinco, quatro, três, dois, um... Ela esticou a mão para alcançar a superfície irregular da rocha sedimentar, porém não chegou a fazer contato.
    Uma onda imensa e poderosa lançou-a para trás novamente de encontro ao rochedo. A dor aguda no alto da cabeça foi o que a fez sentir o choque, parecia que sua cabeça havia se partido ao meio. Seus sentidos ficaram atordoados e uma letargia começava a se apoderar do seu ser. Ela sabia que estava se afogando. O mar agora fazia o contrário, puxava-a em sua direção, como se para garantir que aquele fosse seu lugar de repouso eterno.
    Abriu os olhos vagarosamente uma última vez, vendo uma sombra enorme de cor azulada vindo em sua direção em grande velocidade. “Se afogar e ser comida por um Gyarados ou um Sharpedo por ter fugido de um bando de Taillows... Que maneira realmente idiota de morrer ”. Foi seu último pensamento antes de cair para a inconsciência. 


    Próximo capítulo >


    { 8 comentários... read them below or Comment }

    1. Oh my lord! Arceus is Lord!

      Devo admitir que não esperava esse final, as coisas pareciam rolar tão calmamente que a última coisa que me passou minha pequena cabeça seria o nosso grupo se fu**** de novo. As vezes esqueço que estou lendo NEO Hoenn e que não existe uma ''jornada normal' para os nossos amigos, tá muito na disney? As coisas estão correndo bem demais? Pois bem meu amigo lo siento informar pero... ~rs

      Apesar do capítulo ser um pequeno mais curto que o normal eu gostei assim, foi rápido e simples de ler e trouxe uma boa sensação. Adorei o acampamento entre o grupo e principalmente a relação dos pokémon, mostrando que a nossa rainha Penelope sabe o que faz e por isso é guildmaster! As histórinhas das garotas também foram muito legais!!! Ainda tenho o Brendan como meu preferido, mas depois dessa cagada desgraçada fica difícil defende-lo, se continuar assim vai ter que ser cancelado em!?!

      Muito bom capítulo, como sempre! Carol seus capítulo são maravilhosos entendaaaaa! Ansioso pelo próximo e curioso para saber com o que aconteceu com a nossa querida May :(

      Yveow

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      1. Bem, eu já tinha mencionado que nossos protagonistas não tem UM dia de paz e realmente não tem. Afinal, qual a graça de ter um dia tranquilo? Quase morrer é mais legal, ao menos você tem história pra contar rs.
        Eu já havia notado que em Neo Hoenn não haviam quase cenas do grupo assim, tranquilo, então quis aproveitar esse capitulo pra trazer um pouco dessa sensação. Mesmo pq eles ainda estão construindo as amizades no grupo.
        Penélope rainha toda gentil e sensata, merecendo o posto com certeza. Os outros q lutem pra um dia serem líderes de algo. Brendan já tá passando de ser cancelado faz tempo, mas devido ao amor do público ele ainda permanece. Veja bem, AINDA.
        Muito obrigado pelos elogios, Yv. Te vejo no próximo cap.!

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    2. Eles realmente tem azar nessa floresta.

      A jornada continua e grazarceus eles saíram de Rustboro.
      Começamos com esse tapa pra ver se acorda do whismur. Eu esqueci, todos os leitores esqueceram, eu acho, mas a Whismur não.

      Taillows raivosos de Giratina (que também nem lembrava se terem sido mencionados kkk) surgem para traumatizar nossos heróis, de novo.

      May, sobreviva!
      Okay, creio que aquilo não seja um Gyarados ou Sharpedo. Na verdade talvez seja, mas o que quero dizer é que talvez seja o Pokémon de alguém venha salvar ela. Talvez venhamos a ver o senhor Briney dando as caras de novo.

      Bom, é isso. Obrigado pela atenção e até mais, minha cara.

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      1. A floresta de Petalburg é o lugar mais perigoso do mundo e posso provar com fatos. O que é o Distortion World perto de um bando de Taillows sanguinários.
        A Whismur nunca esquece, e pode ter certeza que ela vai continuar pistola por muito tempo. O Nigel que lute para fguir dela.
        Eu sempre avisei pra vcs que a May morria, mas vocês não acreditaram, quem sabe agora me escutem (risos sádicos). Quem sabe o que está vindo e se alguém vai salvá-la né? Ainda dá tempo de continuar com dois protagonistas tranquilamente rsrs (okay, parei)
        Obrigada pelo comentário, Alefin! Até a próxima!

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    3. Yoo Carol

      CARA, REALMENTE, PETALBURG FOREST É UM AMULETO DE AZAR, MEU DEUS DO CÉU! Tira essa floresta de Hoenn haushashuahus

      De volta ao pé na estrada, a cena da fogueira foi fofinha. Ver eles conversando sobre a infância torna essa relação tão viva. Achei fofo a Ju falando sobre as estrelas, tem assunto melhor? hasuahusahu
      AGORA, ESSA DO CHICLETE EU DEMOREI HORRORES PRA DESACREDITAR, ATÉ HOJE TENHO MEDO DE ENGOLIR CHICLETE HUASHUAHSUAHUSAUSHUA

      MANO, O BRENDAN CAIU. Eu acharia aplausível a May cair, mas o Brendan fodeu tudo hasuahshuashuahu PORRA BRENDAN!
      Furia dos Taillows fez a May cair na ÁGUA, nunca mais chego perto desses Pokémon!

      Achei desesperador ela cair, e agora to querendo correr pro próximo capítulo para ver a continuação. HELP !

      See ya, Carol <3

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      1. ALGUÉM INTERDITE ESSA FLORESTA, FAÇAM BARQUINHOS, PASSARELAS ALGUMA COISA PQ NÃO DÁ.
        Finalmente saímos de Rustboro e estamos de volta à estrada. Aproveitei esse momento pra fazer uma interação fofa entre os protagonistas porque afinal, amizade deles tem de ser construida.
        EU TBM TENHO MEDO ATÉ HOJE DE ENGOLIR CHICLETE, FORA O MEDO DE TER PEDACINHO DE CASA NO OVO E CORTAR AS TRIPAS.
        Porra, Breno! Fudeu o plano todo. Malditos Taillows devoradores de carne de treinadores. Esperamos que a May sobreviva agora.
        Obrigada pelo comentário, Star! Até o próximo!

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    4. FLORESTA AMALDIÇOADA DA DESGRAÇA, TODA VEZ QUE OS MENINOS ENTRAM NELA ALGUMA COISA ACONTECE, MEU DEUS

      A-MEI a cena da fogueira, das meninas conversando sobre as estrelas, sobre o chiclete que gruda intestinos (quem nunca achou que engolir chiclete gruda as tripas?), ai amo as duas, se shippo? Certeza. Brendan o que tenho haver.
      Mano esses Taillow são do diabo, caralho, esses bicho não poupam ninguém, caralho, mano, que frenético esses passarinhos.
      E A MAY CAIU NA ÁGUA????/
      SOCORRO, HELP, ALGUÉM TIRA ESSA MENINA DA ÁGUA PRA JÁ! SALVA-VIDAS ONDE ESTÃO VOCÊS QUANDO PRECISAMOS?

      AGORA ESTOU MEGA ANSIOSO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO
      E VAMOS DE LER O PRÓXIMO

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      Respostas
      1. FECHEM ESSA FLORESTA, FECHEM IMEDIATAMENTE.
        A cena da fogueira é pra deixar o coração de vocês quentinho assim como o meu ficou ao escrevê-la. Até hoje eu ainda acredito que minhas tripas vão colar se eu engolir chiclete rsrs.
        QUEIMA OS TAILLOW DEMONIACOS, primeiro o coitado do Jonas e agora eles, assim não dá.
        Ainda bem q a May sabe nadar ne, ah não, não adiantou. Seria esse o fim de nossa protagonista. Oh no!
        Obrigada pelo comentário, Leucro.
        Até o próximo capítulo!

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